Time is running Mr. President.
Quando estava em ‘económicas’, no meu saudoso ISEG, existia
(e ainda existe) um edifício na Rua Miguel Lupi, onde estavam todos os
gabinetes de professores, a Biblioteca de publicações regulares e a Secretaria das
Licenciaturas.
Esse prédio moderno e bonito tinha o nome de um
extraordinário cientista, matemático e antifascista português: “Bento de Jesus
Caraça”. No hall, estava colocado na parede um busto em alto-relevo em bronze com
a seguinte frase: “Se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a
corrigi-lo”. Nos últimos 30 anos, não há nenhum economista oriundo desta escola
que não traga essa frase na cabeça. Para sempre.
Lembrei-me disto, considerando a resposta que obtive do
executivo aquando da minha presença na reunião de Câmara do passado dia 31 de
Janeiro p.p., acerca da Área de Reabilitação Urbana para a Vieira. Hoje, em
sede de reunião de Câmara a posição assumida pelo Exmº Senhor Presidente da Câmara
Municipal foi amplamente diferente.
Só se esqueceu de dizer que a 31 de janeiro estava completamente errado.
Vejamos:
Na primeira reunião:
“nós agora estamos mais centrados em resolver as questões
do PDM, por todas as razões que são conhecidas publicamente. Em relação às
ARU’s, há de facto uma decisão que o Município tem de tomar: se optamos por uma
ARU simples ou por uma ARU Sistemática, em função daquilo que nós pretendemos, e
mesmo porque uma é mais complicada do que outra, porque uma obriga a uma operação
de reabilitação urbana também diferente. Uma coisa é a delimitação da área,
isso digamos que é o mais fácil do processo, outra coisa é uma operação de
reabilitação urbana diferente que fazemos para aquela área. Ela tem duas
vertentes, uma é simples a outra é sistemática em função das áreas de
investimento. Se tivermos a falar de uma área para reabilitar os edifícios, é
uma simples, se incluirmos aqui um programa de investimento nas infraestruturas
ela tem uma tipologia sistemática e é um bocadinho mais complicada do ponto de
vista urbanístico.”
Ana Alves Monteiro
Hoje:
“Relativamente à ARU da Vieira, nós estamos a analisar o
processo, estamos a ver como é que vamos avançar como vamos abordá-lo. Quero
dizer que o processo está em cima da mesa. E que não está perdido.”
Aurélio Ferreira
Sobre isto tenho a dizer 3 coisas distintas:
1ª Não considero nem o Senhor Presidente da Câmara
mentiroso, nem tão pouco a sua Vice-Presidente.
Responderam o que responderam, porque assim lhes foi anteriormente explicado.
2º A elaboração do PDM e a respectiva alocação de técnicos
da Divisão de Urbanismo é falsa como argumento. O processo de alteração do PDM (iniciado em
2014) foi adjudicado a uma empresa, que entretanto faliu e fez um contrato de
concessão de exploração a outra empresa do ramo. NÃO é a Câmara que está a
desenvolver este processo, estando, por decorrência, condicionada ao desenvolvimento de outras tarefas.
3º Pela análise da resposta da Drª Ana Alves Monteiro e pelo
seu cruzamento com a legislação em vigor, temos que:
“Lei nº 32/2012, de 14 de agosto veio estabelecer medidas
que visam agilizar e dinamizar a reabilitação urbana.
…/…
Área de Reabilitação Urbana – ARU (alínea b) do artigo 2º)
A legislação define a ARU como sendo a área territorialmente
delimitada que, em virtude da insuficiência, degradação ou obsolescência dos
edifícios, das infraestruturas, dos equipamentos de utilização coletiva e dos
espaços verdes de utilização coletiva, designadamente no que se refere às suas
condições de uso, solidez, segurança, estética ou salubridade, justifique uma
intervenção integrada, através de uma Operação de Reabilitação Urbana aprovada
em instrumento próprio ou plano de pormenor de reabilitação urbana.
Operação de Reabilitação Urbana – ORU (alínea h) do artigo
2º)
É o conjunto articulado de intervenções, que, de uma forma
integrada, visam a reabilitação urbana de uma determinada área. A cada ARU
corresponde uma ORU (nº 4 do artigo 7º).
Se a ORU se dirige principalmente à reabilitação do
património edificado, é enquadrada por uma ESTRATÉGIA DE REABILITAÇÃO e adota a
designação de ORU SIMPLES.
Quando a ORU envolve, não só a reabilitação do edificado,
mas também a qualificação das infraestruturas, dos equipamentos, dos espaços
verdes e urbanos de utilização coletiva, tem associado um programa de
investimento público, e é enquadrada por um PROGRAMA ESTRATÉGICO DE
REABILITAÇÃO, adotando a designação de ORU SISTEMÁTICA”.
Acontece que, na vila da Vieira, para quem a conhece evidentemente, tirando a construção do Agrupamento Escolar, NÃO existem quaisquer investimentos públicos a fazer. Simplesmente porque se encontram todos feitos.
O saneamento está concluído, a rede de águas está concluída,
os espaços verdes, o centro da freguesia, a requalificação do Largo da
República, a electricidade, as Escolas dos diversos graus de ensino, as
ligações por cabo, as águas pluviais (todas construídas nos locais onde era
possível e justificada a sua construção), a piscina municipal, o Teatro, o
Pavilhão Gimnodesportivo, a Casa Mortuária, a Sede da Junta, passeios,
alcatroamentos de estradas, ciclovias, parque de táxis, etc estão devidamente
edificados. Tudo isto significa que NÃO EXISTE qualquer obstáculo para que seja
feita a delimitação da Área de Reabilitação Urbana.
Quem vos informou, informou-vos mal.
Time is running Mr. President.
Vou começar a contar.
Em meses.
Não em dias.
Fique tranquilo.
É sempre nos detalhes que mostramos quem somos.
Veja se consegue, nesta tarefa tão simples, provar que afinal “Consigo, é diferente”.
Eu conto contigo 💪
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