55 Mil Euros.
“Quem não tem que fazer, faz colheres.”
Provérbio português bem antigo, como todos os provérbios são. Pretende caricaturar uma possível opção dos ociosos.
Fazer colheres.
Frase engraçada dos portugueses, como felizmente existem outras.
As novas gerações não a devem conhecer, como tantas e tantas outras, típicas da nossa cultura popular.
Adiante!
Vivemos para a imagem, para a forma, para as aparências. Não
é sequer recente esta forma de estar.
Suprimiu-se o conteúdo, a essência, a alma das coisas e das circunstâncias para dar lugar ao efémero e ao imediato.
Vive-se o consumo totalmente
exacerbado, onde, por exemplo, hoje em dia é normalíssimo que como símbolo de ‘status’
uma pessoa possua e exiba abundantemente vários pares de óculos graduados de diversas
cores.
Pouca gente se interessa pelo atual estado do mundo. Por
exemplo, ninguém fala no genocídio de Gaza, mas toda a gente sabe as mais
diversas marcas seja de que bem de consumo for.
Há sondagens para tudo neste país. Não só políticas.
Confunde-se a qualidade e o valor das coisas com os índices de procura de certos bens ou mesmo o número de espetadores de certos programas televisivos. Há audiências boas? Então siga …….. Os anúncios proliferam nesse espaço e são naturalmente mais caros. Assim se justificam todos os “Casados à primeira vista”, “tardes do Goucha”, “Cristinas Ferreiras” e jornais tipo “O Correio da Manhã” e canais televisivos afins.
Embrutece-se o povo alegremente e ninguém faz, por exemplo, uma sondagem com esta pergunta simples: “Já
leu o 'Amor de Perdição'?” Isto no ano das comemorações do bicentenário do
nascimento de Camilo Castelo Branco, provavelmente o maior romancista português
de sempre.
Este relambório vem na sequência da recém-criada “imagem do
Concelho da Marinha Grande.”
Esteticamente, não comento, porque, como também diz o povo, “gostos,
não se discutem”. Agora, com um custo de 55 mil euros, a 4 meses de eleições, após 4 anos de absoluta inércia e, cumpre dizer, sem um único feito próprio em termos de obras públicas, porque
tudo se encontrava projetado pelo executivo anterior, esta alteração na imagem do
município era importante, urgente ou necessária?
Não, não era! E custou o valor de 1/3 da totalidade do orçamento das obras de recuperação de 70 habitações sociais disponíveis. Ou seja, cerca de 23 casas prontas para receber 23 famílias carenciadas e sem habitação!
Necessário, importante e urgente era, por exemplo, ter posto na rua o proprietário do Parque de Campismo da Praia da Vieira, antes do início da época balnear deste ano, que coincidentemente É o mesmo que explorava o parque do Pedrogão e foi legalmente posto a andar pela Câmara Municipal de Leiria, tendo deixado essa infraestrutura em condições calamitosas.
Esse mesmo “agente turístico” que agora ROUBA, à vista de todos, os terrenos
municipais na duna a norte do parque da Vieira perante a total indiferença do
executivo com pelouros.
Era nesta altura, que gostava de assistir aos líderes da ADPV
indignados em reunião de Câmara. Mas, como sempre digo, Deus nosso Senhor
quando distribuiu a capacidade de indignação, esqueceu-se de muita gente.
PS: Bem sei que tinha escrito que não iria escrever sobre política local, mas há coisas como esta que são muito, mas muito mais fortes que eu!
Vergonha.
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