Um dia terei um barquinho destes.
Depois de certa idade passei a gostar pouco de pedir seja o
que for e a ter quem me responda mal e porcamente. Não gosto. Não tenho qualquer
pachorra para fingir que não entendi estar a pedir um favor a um suposto 'amigo' que se limita a encarar esse pedido como frete.
Existem alguns vieirenses, que por vezes pescam de barco e entram no porto de abrigo da Nazaré!
Soube por acaso, que hoje dois ‘amigos’ meus
deveriam a esta hora estar de cana em punho dentro de um barquinho de um deles.
Pedi licença a semana passada para os acompanhar. Fui muito mal recebido não
pelo dono do barco, mas pelo outro.
Há coisas assim. É como aquelas cenas de putos. Do tipo, os
amigos dos donos da bola que não deixavam ou então escolhiam quem jogava e quem
ficava de fora. As chamadas chico merdices. Ainda há, pelos vistos, adultos com
reminiscências desses estupendos hábitos infantis.
Voltei para casa a semana passada lixado com aquilo. E depois
pensei: “mas o que é que eu não tenho que estes gajos têm, para que um deles me
tenha tratado tão mal?”
Concluí que são apenas duas coisitas. Um barquito até 5,9
metros e a carta de marinheiro.
Depois das aulas de bateria, do começo a sério da
licenciatura em História em Coimbra em outubro próximo, faltava-me tirar a
carta de marinheiro e comprar um barquinho destes, com motor de 90 cv.
Coisa pouca e enquadrada nas minhas possibilidades.
Estimo bem que todos aqueles que podem fazer um gajo feliz
nem que seja por umas horas e prefiram voltar a cara para o lado, se fodam.
Se, por alguma vez, no futuro, houver alguém que me peça para
ir comigo à pesca, alguma vez eu seria capaz de me fazer importante e
inacessível?
Ele há gente que ainda pensa ser-se insubstituível.
A Carta de Marinheiro permite efetuar navegação diurna com
distância máxima de 10 milhas do porto de abrigo e a 3 milhas da costa em
embarcações de recreio até 12m de comprimento.
Será mais um desafio de quem se sente na rota certa.
Há pessoas que por mais coisas boas que lhes aconteçam, nunca
serão capazes de ser minimamente felizes.
Not my problem.
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