O Bloco de Esquerda e a perversa Lei das Rendas.

 



Acabei de assistir ao debate entre Mariana Mortágua e Pedro Nuno Santos.

Gostei essencialmente de constatar todas as colossais diferenças entre os dois. Confesso que já votei no Bloco, aquando das primeiras eleições legislativas com o António Costa à cabeça do Partido Socialista, porque nunca me revi na forma e no método com que desalojou, faltando à palavra dada, o António José Seguro, legitimo líder do PS que acabara de vencer as eleições europeias.

Provavelmente já ninguém se lembra disso.

Se fosse militante do PS, nas últimas internas teria votado no José Luís Carneiro. Sem sombra de qualquer dúvida.

No entanto, o debate de hoje revelou um Pedro Nuno assertivo, calmo, sereno e honesto. O mesmo não posso dizer de Mariana Mortágua, ainda cheia da ‘esquerda de vão de escada’ por todos os poros. Aquela esquerda falsa, profundamente injusta e acima de tudo, castigadora para todos os que sente serem os privilegiados do sistema.

Detesto essa gente, ou melhor, depois de certa altura, passei a detestar.

Lembram-se do imposto Mortágua?

Limita-se a ser uma punição para quem possui um ou mais bens imobiliários de valor igual ou superior a 1 milhão de euros. Imaginem uma herdade no Alentejo, sem qualquer produção de riqueza, porque os seus proprietários não têm meios financeiros para comprar gado ou plantar o que quer que seja. Mas para os bloquistas da esquerda caviar, terão de pagar ao Estado português uma taxa de 0,5% ao ano.

Isto é justo?

Não, não é. Limita-se a tentar ser uma penalização aos supostos ricos (raça maldita e desprezível).

Sou, por herança, não por mérito próprio, proprietário. Tenho diversos inquilinos. Nenhum deles me falta com o mensal pagamento das respetivas rendas acordadas e em vigor. Há sempre alguns iluminados que sabendo o valor das rendas que pratico me chamam burro, porque entendem serem baixas demais.

Nunca liguei a esse tipo de considerações.

Nunca.

Como dizia o Belmiro de Azevedo, o dinheiro serve apenas para uma de duas coisas: ou para ser gasto ou investido (sendo que a poupança nas suas mais diversas formas é sempre uma forma de investimento).

Herdei muita coisa, tanto dos meus pais como das minhas tias.

Paguei o imposto sucessório nessa altura, porque o Estado português se achava (e em alguns casos, ainda se acha ser, uma espécie de co-proprietário e portanto, também herdeiro).

Pago IMI 3 vezes por ano, só porque sou proprietário daquilo que é meu. Pago 25% do valor de cada renda que usufruo e ainda pago IRS, após contabilizados todos os deves e haveres anuais da minha posição financeira com o Estado português.

A lei das rendas que há mais de cem anos beneficia os inquilinos, porque lá está, os senhorios são uma espécie de ladrões para certa gente, tendo estado por décadas o valor das rendas congelado até atingirem valores perfeitamente ridículos, mas para certa esquerda, condição justa, porque os proprietários (ricos) tinham obrigação de se substituir ao Estado na política de arrendamentos, aos coitaditos dos inquilinos, que pela sua condição de inquilinos mais não eram que gente pobre e a viver em extremas dificuldades.

Nada mais falso!

Ainda hoje há casas na Vieira, cujo valor das rendas mensais não ultrapassa os 40€ /mês, considerando todas as atualizações anuais proporcionais ao valor da inflação.

Hoje, no debate com a doutora Mariana Mortágua voltei a verificar essa mesma lengalenga do costume. “Tetos às rendas” foi o que mais vezes falou como solução para a crise da habitação.

Eu devo ser um senhorio atípico, porque já dei por mim a reduzir rendas quando um inquilino me pediu, porque ‘as coisas do seu negócio’ não estavam bem naquela altura. Já lá vão uns 8 anos e ainda não consegui a mesma renda que auferia nesse tempo.

Tenho todo o meu património quase totalmente rentabilizado. E faltará muito pouco para atingir os 100% de taxa de ocupação.

O Bloco de Esquerda ainda pensa que os senhorios, essa triste e nefasta ‘casta’ são os responsáveis por todos os males do mundo.

Como todos sabem, até alguns militantes desse original partido, não, não é bem assim!

Há no entanto uma nova possibilidade com a atual lei das rendas, que me faz sempre lembrar uma velha frase que a minha mãe me disse durante toda a vida: "nunca te preocupes com o que nada conta, porque tudo o que é teu, um dia te virá parar". 

Já falta pouco. Cinco anos não é nada! Podia ser apenas um, mas lá está, o BE intromete-se sempre nos mais elementares direitos daqueles que julga ricos e por isso, nefastos à sociedade dos pobrezinhos e infelizes inquilinos!


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