Fazer Ondas.

 


Aquilo que me preocupa é, a certa altura, deixarmos as coisas estarem como estão e não fazermos muitas ondas. Não, é preciso fazer ondas, porque senão a realidade toma conta.”

 

O António encontrou um papel colado numa parede em S. Paulo, com esta frase. Fotografou e enviou-me.

Partilho com imenso gosto esta ‘declaração de interesses’ do meu filho do meio. Apraz-me verificar que todos os meus putos têm enorme consciência política, porque sempre atentos à realidade que os cerca. Fazem opções pela sua própria cabeça e, quase nunca concordam com as minhas, o que sempre me deixa sensibilizado, com aquela sensação de quem cumpriu bem o seu papel na arte de os ter sabido educar. Ao menos nisso, estive bem.

O Manel é de direita, mas umas eleições houve em que votou no candidato do PCP a presidente da República. Os outros, como estão muito mais tempo comigo são de esquerda, têm consciência social, mas, por exemplo o António nunca pertenceu a nenhum partido, e, penso mesmo, que nunca pertencerá. É desalinhado. Escolhe o seu caminho e gosta pouco de se confundir com o rebanho. 

Têm, os três, clara noção, tanto da árvore, como da floresta. Tal como todos nós, bem vistas as coisas, deveríamos ter.

Por esta altura vivemos, uma vez mais, em tempos de eleições.

A pré-campanha está ao rubro e, mais uma vez, pelos piores motivos. E, também mais uma vez, com a PGR como protagonista. É o país que temos e que, se Deus nosso Senhor nos der vida e saúde, é o país que continuaremos a ter. É provavelmente esta a nossa sina, de elites medianas e interesseiras, que nunca põem o país à frente dos mesquinhos interesses partidários.

No nosso concelho, avizinham-se tempos muito conturbados, plenos de falácias, mentiras, populismo, demagogia em doses industriais por parte do Mpm que nem a sigla corrige, por manifestos interesses eleitorais.

A CDU vai fazendo paulatinamente o seu caminho e o Partido Socialista, encontra-se numa fase de aquecimento de motores para se fazer à pista.

São umas eleições extraordinariamente importantes para a construção do nosso futuro coletivo.

Sabemos que a Câmara Municipal se encontra totalmente caótica, pelo que irá levar algum tempo a sua reorganização. Sabemos igualmente que este executivo não irá deixar saudades tanto na esmagadora maioria dos funcionários camarários, como na quase totalidade da população.

Se quisermos extrair alguma lição válida dos últimos 4 anos, basta pensar na solução - movimentos independentes -, que nos traria diariamente o maná vindo do céu. Tudo resolveria e tinha um plano inteligente de desenvolvimento.

Tal não aconteceu.

Foi a falência total deste tipo de soluções. Foi o “quero, posso e mando” de um homem compulsivamente mentiroso, limitado, impreparado e demagogo muito para lá do razoável.

Importa, em ambos os contextos eleitorais, tal como diz a frase supra: fazer ondas, agitar consciências, repor exaustivamente a verdade dos factos e devolver a esperança tanto aos portugueses como aos marinhenses.

Como no poema de Bertold Brecht (1898-1956)

É PRECISO AGIR

Primeiro levaram os negros

Mas não me importei com isso

Eu não era negro

Em seguida levaram alguns operários

Mas não me importei com isso

Eu também não era operário

Depois prenderam os miseráveis

Mas não me importei com isso

Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados

Mas como tenho meu emprego

Também não me importei

Agora estão me levando

Mas já é tarde.

Como eu não me importei com ninguém

Ninguém se importa comigo.


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