À procura de nós mesmos.

 



A inquietação que todas as incertezas provoca é uma constante que nos acompanha desde o dia em que nascemos até ao fim. As eternas perguntas sem resposta, que tantas e tantas vezes vamos evitando, porque quase todas de difícil processamento são; fugindo por vezes, tantas vezes, a esse tão íntimo confronto.

A nossa mais pura essência reside sempre na busca por um sentido para a vida, e reveste-se da mais profunda intimidade. Impartilhável, por vezes.

Existem duas cadeiras optativas no curso de História na FLUC, que sinceramente contribuem para o conhecimento dos alicerces de tudo o que mais interessa. São elas a ‘História das Religiões’ e a ‘Origem do Pensamento Ocidental’.

Por aqui tropeçamos em quase tudo o que nos fez ser como somos e como estamos nos dias de hoje.

As dezenas de rituais religiosos, todos na mesma senda, da procura do divino, do sagrado e do pensamento do Deus vivo.

A origem do Pensamento Ocidental ajuda-nos a tentar entender a evolução da estrutura filosófica do pensamento desde Sócrates, Aristóteles e Platão até aos filósofos da contemporaneidade, onde todos fazem a abordagem ao sentido do sagrado ou do profano que residem em todos nós.

Estas cadeiras, contrariamente ao que se possa pensar, complementam-se e enriquecem profundamente quem as estuda e discute livremente com quem sabe mais que nós.

A tolerância inerente e desejável a toda a discussão de ideias em torno destas problemáticas, ajuda não necessariamente à aproximação de conceitos, mas ao enriquecimento do conhecimento adquirido.

A Fé, a relação com o sagrado, são das coisas mais íntimas que devem caracterizar qualquer pessoa. Ninguém tem, porque não tem, o direito de se achar certo ou dono de qualquer verdade. Aliás, deve ser sempre a incerteza e a dúvida que devem presidir a todos os comportamentos e atitudes, tanto do crente, como do que se sente não crente.

Qualquer tentativa de ridicularizar, diminuir ou destratar, quem esta ou aquela religião abraça, é só própria da intolerância e da soberba. Por isso discordei da postura deste Papa no que respeita à incompatibilidade do ser-se católico e pertencer à Maçonaria. Por isso discordei que as coletividades na vieira transportassem andores nas Festas Religiosas da Vieira.

Bem sei que a coerência é tarefa difícil senão mesmo rara, considerando a esmagadora maioria das pessoas. É assim que penso. É assim que continuarei a pensar. Sou indiferente aos que discordam de mim nestas matérias, porque nunca serão capazes de alterar a minha forma de estar e de ser.

Se é fácil ser-se assim? Sinceramente, até penso que é. Não representa nenhum feito da minha parte.

A minha posição é a que é. Nada mais que isso. Igual a tantas outras de tanta outra gente.

Agora, ter de me justificar, seja a quem for, não muito obrigado.

Sou Maçon, porque sou! Ninguém tem nada com isso!

Antes disso já era católico, porque assim decidi ser há quase 35 anos.

Dizer que penso que as Associações e entidades têm de ser laicas, porque assim são, não deveria representar qualquer originalidade.

Confundir estas posições, com irrelevâncias, tentativas de manifestações de protagonismo ou mesmo necessidades doentias de reconhecimento público, é perverso, primário e completamente ridículo.

No Domingo passado, a comunidade vieirense soube receber com dignidade, simplicidade, sabedoria, força e beleza o seu novo Pároco.

Todos se deveriam sentir orgulhosos com isso.

Mas há sempre quem assim não seja e trunque ou tente truncar a essência de alguns comportamentos.

Isso não deixa de me entristecer.

Profundamente!  

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