Panem et Circenses!

 


Com papas e bolos se enganam os tolos.

Há, como sempre houve, frases feitas. Máximas, chamam-lhe alguns. Verdades de La Palice, rotulam outros. Tabus ou verdades 'irrefutáveis e permanentes', dizem outros ainda.

Contudo, muitas frases destas que apesar de ainda existirem, perderam completamente a sua atualidade, apenas porque a realidade e a vida são dinâmicas. Alteram-se com o tempo e a mudança frequente de olhar para as mesmas circunstâncias.

Tenho de admitir, sem dificuldade, que a realização das Festas da cidade da Marinha Grande, desde a sua primeira edição tem vindo constantemente a melhorar. É um facto, e os factos falam por si. Não necessitam de quem os defenda ou conteste.

Neste ano eleitoral o executivo com pelouros apresenta-nos um cartaz imaculado e, pasme-se, com uma antecedência nunca antes vista.

É quase a perfeição. Seria motivo de enorme regozijo para todos os 

marinheneses, não vivêssemos nós num concelho pleno de carências várias e 

chocantes.

A gestão da coisa pública por parte deste curioso executivo ao longo dos últimos quase 4 anos tem evidenciado à saciedade uma total ausência de projetos, planos e estratégias de desenvolvimento, assentes num programa delineado e pensado para a modernização e procura da contemporaneidade.

Somos um pequeno concelho pleno de potencialidades diversas. Caracterizado por “terras raras”. E não, não me estou a referir a matérias primas escassas para a produção de vários produtos e fontes de energia alternativa.

Encontramo-nos rodeados por uma vastíssima riqueza natural, económica, histórica, antropológica e cultural.

Rigorosamente nada foi feito neste mandato para potenciar qualquer destas mais valias que outros concelhos simplesmente não possuem.

Mas, as festas e festarolas que naturalmente atraem dezenas e dezenas de milhares de pessoas têm sido uma aposta corrente deste triste executivo.

Nada contra, porque cada um é o que é. E claro, cada um mostra o que sabe fazer e pensar.

Venham pois as Festas da Cidade de 2025.

Será evidentemente um acontecimento cultural de massas, com sucesso mais que garantido, só que fica a pergunta: com tantas dezenas de milhares de euros de custos fixos para estoirar em 4 dias, onde ficou o projeto do mercado municipal, da piscina, da recuperação das 70 casas de habitação social (cujo custo se pode comparar a dois cahets destes artistas contratados), onde ficaram os apoios às quase 70 coletividades (caso único de associativismo no país), onde ficou o projeto para a FEIS, que projeto é este de Piscina municipal que já tem financiamento aprovado por capitais alheios sem que em boa verdade ninguém tenha visto o projeto, onde ficaram as 3 ruas da Vieira que a Junta de Freguesia se propôs fazer e pagar e impedida foi por este executivo municipal.

Tantas e tantas perguntas sem resposta.

Fico estupefato quando vejo ser notícia em reunião de Câmara a vinda do Mário Laginha na Casa da Cultura Teatro Stephens, como um espetáculo deslumbrante e único. Onde estava a senhora Vereadora nos dois últimos espetáculos com o mesmo pianista português quando se apresentou no mesmo palco há bem pouco tempo atrás?

É curiosa toda esta mediania de opiniões. É curiosa.

Voltando ao princípio, “Pão e circo” ou “Com papas e bolos se enganam os tolos”, são frases que já não colhem. Já não chegam. Já não são suficientes para disfarçar todas as enormes falhas, tiques de autoritarismo balofo ou simples mediocridade e falta de visão. Apenas por uma coisa, é que já não há tolos. O que existe e existe em abundância são pessoas bem formadas, informadas, inteligentes, criticas e preocupadas com o seu futuro coletivo.

Podem estar muito felizes e divertidas 200 ou 300 mil pessoas nas Festas da Cidade da Marinha Grande, só que ninguém de toda essa enorme turba se deixará enganar na altura de pôr uma cruz dentro de um quadrado em outubro deste ano.

Porque com “papas e bolos, já não se enganam os tolos”, simplesmente porque esses há muito que deixaram de existir!

Só esta gente é que não deu conta disso.

      


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