Élvira Ferreira. Brilhante análise de um espetáculo de Magia.
Partilho com todo o gosto este artigo de opinião da Doutora Élvira Ferreira. Factos, datas e números de uma infeliz realidade.
"Os coelhos vão saindo da cartola
Na última reunião de Executivo, 10 de março de 2025, os
munícipes marinhenses foram brindados com mais um coelho saído da cartola.
Regularmente, sem constar da Ordem de Trabalhos, o Senhor Presidente
Aurélio Ferreira, puxa dos galões, qual D. Sebastião, e, durante perto de uma
hora, começa a anunciar projetos uns atrás dos outros. Nesta reunião,
apresentou o Projeto da Linha Ferroviária de Alta Velocidade Porto-Lisboa. Nos
10 slides exibidos, porta-voz de um trabalho realizado por uma empresa externa,
cujo valor pago ainda não foi divulgado, apresentou uma proposta para fazer um corredor
rápido de transporte de Alta Velocidade entre a Marinha Grande, Largo da
Feira, e Leiria, Novo Terminal Rodoviário, e ainda até ao mar. É bom lembrar
que existe um autocarro, a Rápida, que faz a ligação entre a Marinha
Grande, junto ao estádio Municipal, e Leiria. Inicialmente, de meia em meia
hora, agora de hora a hora, cuja média de passageiros por dia é de 2,3%. Que
balanço foi feito deste serviço? O estranho deste enunciar de obras e de
imagens de autocarros e combóis de última geração, é que, perante uma pergunta
do Vereador António Fragoso, “E Leiria?”, o Senhor Presidente respondeu: “Não
sei. Vou saber amanhã. Não faço ideia do que vão defender. Vou ter uma
reunião, quis primeiro partilhar convosco. Aqui já fica gravado”.
Admirável mesmo. Não lembra a ninguém apresentar um projeto de milhões e não
falar com os concelhos vizinhos implicados em todo o processo. A patente estava
registada e anunciar obras no concelho de Leiria era algo sem importância.
Nada disto deve espantar quem tem acompanhado o percurso
deste Executivo Permanente ao longo destes quase 4 anos de governação. Não é sério o que se tem passado ao nível da
apresentação de projetos que, possivelmente, nunca verão a luz do dia.
Pura propaganda eleitoral. Vejamos apenas alguns coelhos tirados da cartola: (i)
No dia 11 de novembro de 2022, uma empresa de renome apresentou a Estratégia
Local de Habitação (ELH) que propunha a construção de habitação Social a fim de
solucionar o grave problema existente no concelho. No programa eleitoral do
+MPM (2021), na parte referente à habitação, afirmam o propósito de “Construir
habitação a custos controlados no âmbito da Estratégia Local de Habitação e
Requalificar o parque habitacional do município em linha com as prioridades
nacionais e com os recursos previstos no PRR”. O que foi feito? ZERO.
Das 70 habitações Sociais vazias, nem uma foi reconstruída até ao
momento. (ii) No dia 27 de dezembro de 2022, a Senhora Vereadora Ana Alves
apresentou o projeto de reabilitação/ beneficiação do edifício do Auditório
António Campos na Praia da Vieira, com o objetivo de “acolher uma programação
cultural e realização de diversos eventos (…) onde poderão haver palestras,
projeção de cinema, apresentação de espetáculos de teatro ou música, exposições
e outros eventos”. Passados mais de 2 anos, o que existe? ZERO. Não vale
a pena a Senhora Vereadora lembrar e relembrar que este projeto é deste
Executivo Permanente, tal como o Gimnodesportivo da Vieira e a Requalificação
das Escola Secundária Loureiro Botas, porque nada está feito. Foi mais
fácil executarem o que já vinha do Executivo anterior; (iii) Na Reunião de 23
de junho de 2023, com pompa e circunstância, foi divulgado o Projeto das
Piscinas Atlânticas. Resultado? ZERO, não há uma pedra colocada; (iv) No
dia 13 de janeiro de 2025, também sem estar na Ordem de trabalhos, tirou da
cartola dois projetos, o Relatório de Atividades da Divisão de Gestão
Urbanística e o Projeto do Museu Nacional da Floresta, já divulgado em sede de
governo, mas que só neste dia os restantes Vereadores tomaram conhecimento. Qual
o seu prazo de execução? Não existe.
Uma questão se deve colocar à Oposição: Quando vai exigir a este Executivo
Permanente informações como: 1. Quantos projetos já apresentou? 2. Quantos
estão ou estarão em execução ainda neste mandato? 3. Quanto custou aos cofres
da Autarquia a sua elaboração, todos com recurso a empresas externas? Tentar
enganar os munícipes com projetos que nunca irão fazer parte da história deste
concelho é uma deslealdade e falta de ética política sem limites. Percebe-se,
agora, os “mitos dos trabalhos invisíveis”. Estão a aparecer, andam há
muito a ser cozinhados às escondidas. As eleições estão à porta.
Há dois ou três dias, esta governação firmou contratos com
vários artistas para atuarem nas festas da cidade no valor de milhares de
euros. Só a um artista vão pagar mais de 50 000€. Está tudo dito
sobre a estratégica política deste Executivo Permanente. Não há um euro
para a reabilitação de uma Habitação Social, não há um euro para comprar
prateleiras e livros para as bibliotecas, não há um euro para as
Associações, não há um euro para firmar contratos intermunicipais com as
Juntas de Freguesia, mas há mais de um milhão de euros para as Festas.
Não se pode confiar numa governação que apenas se preocupa com festas e adia sine
die a resolução dos problemas deste concelho."
Élvira Ferreira, JMG 20 de março 2025
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