Redes sociais e os profissionais da opinião.

 


Há jornalistas, escritores, cronistas, músicos, atores, gente das artes e do desporto que me habituei a respeitar. E a respeitar muito.

Todos figuras públicas, no que de maior e melhor tem essa condição de “toda a gente” os conhecer.

O poder da palavra desse pessoal, porque de opinião se trata sempre é poderosíssimo. Nem poderia ser de outra forma.

Com o advento das redes sociais, assistimos à ‘democratização’ ou ‘vulgarização’ no uso da opinião escrita, falada, lida e filmada.

É um facto.

Há, como é evidente, muita gente, cuja opinião prezo acima de qualquer outra. Quer concorde quer discorde. No entanto, alguns houve que tentaram e tentam ainda ridicularizar todas as ‘novas formas’ de ‘publicação’ das opiniões de todos os ‘não ilustres’, vulgo, desconhecidos.

Por exemplo, Miguel Sousa Tavares ou Clara Ferreira Alves, apenas para citar dois jornalistas de quem sempre gostei de ler na imprensa e nos diversos livros que ambos escreveram e muitas entrevistas que concederam.

As suas opiniões acerca da ‘vulgarização’ ou fácil acesso aos novos meios de divulgação da opinião da turba (que detestam), por um enorme complexo de superioridade intelectual de que padecem, é execrável.

Como em tudo na vida, há que saber fazer separações. Mas o que os irrita é mesmo terem perdido algum ‘exclusivo’ com o acesso dos tristes de deus que não devem opinar sozinhos sem pedir qualquer licença aos ‘opinadores’ profissionais que sempre viveram de dizer o mesmo e o seu contrário. Sim, porque quando entramos nesse mundo, numa espécie de bordel estamos todos a acabar de aceder, sendo que os tristes incógnitos não têm rigorosamente nada em jogo. Não ganham dinheiro para opinar desta ou daquela forma, não têm avenças na esquerda, no cinzentismo do centro nem na direita. É assim uma espécie de pureza opinativa. Onde nada se ganha, porque só se perde, porque a manifestação de opinião é politicamente incorreta. Arranjam-se sempre antipatias com essa 'estranha forma de ser'.

É por estas e por outras que gosto pouco daqueles que se armam em ‘virgens ofendidas’ ou, como é o caso que tento descrever, dos 'chulos profissionais' e de longa e rentável circunstância.

Tenho lido, com elevadíssimo prazer, crónicas sublimes sobre os tempos que agora atravessamos, quer tenham sido escritos por diplomatas, ex-ministros, jornalistas, pequenitos ‘opinion makers’ como se diz agora e, acima de tudo por ‘vulgares’ desconhecidos.

Sem as redes sociais nunca poderia tomar conhecimento de todas estas inteligentes opiniões que me vão ajudando a formar a minha própria maneira de ver o mundo, o tempo e as coisas.

Mas quando me deparo com a soberba de gente que respeito como MST ou CFA, que sempre li com enorme gosto, dá-me vontade de dizer: vão à merda, que ninguém vos perguntou nada!

Obviamente, que neste enorme mundo das redes sociais é necessário saber ‘escolher’ e ‘estar atento’, porque a esmagadora maioria das coisas publicadas nada valem e algumas até nem correspondem à verdade, só que, quando quem nunca teve voz’ e, de repente’, a passou a ter, num tempo tão complicado como este que atravessamos, ter voz, mesmo até um simples ‘sussurro’ é importante, nem que seja para não nos sentirmos cúmplices com o atual estado das coisas e do mundo.

O Miguel Sousa Tavares e a Clara Ferreira Alves, tinham obrigação de, pelo menos, ter essa sensibilidade!

Mas a soberba, a vaidade, o narcisismo, a intolerância e a ridícula superioridade ‘ameaçada’ a isto os obrigam.

Ninguém, sem ser os próprios podem ou devem manifestar opiniões. Essa é a realidade em que parecem acreditar.

Pois, não me parece nada que estejam a saber analisar os sinais dos tempos.

Só não lhes será fatal, porque têm a obrigação de e$tar bem por muitos e bons com tudo o que têm sabido dizer, falar, escrever e deixar filmado. Porque eles sim, devem ser tidos em conta (na opinião dos próprios, claro está).

Os outros são o povo, que sempre detestaram, apesar de o dizerem defender.

A CFA até caracterizou a Manif contra o Estado Policial que culminou naquele trsitíssimo 'encostar à parede' no Martim Moniz, como uma coisa prosélita. "Foi de um proselitismo maçador". 

PS.

Aquando do escândalo do Banco Espírito Santo, o filho de Sophia, argumentou que não lhe seria possível opinar por se encontrar num manifesto conflito de interesses. A filha era casada com o filho de Ricardo Salgado – um dos maiores ladrões da banca comercial portuguesa.

E, as redes sociais é que são mal frequentadas!

Pois.

A vida, se bem me parece, é que anda bastante mal frequentada.


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