Aos pedantes.

 


Tenho por certo que todas as coisas mais importantes da vida são de fácil entendimento. Depende obviamente da sabedoria de quem as sabe explicar.

Neste domínio, temos igualmente de relevar a absoluta verdade que caracteriza todas ou quase todas as pessoas intelectualmente mais interessantes, que se confundem com uma forma de comunicação em tudo simples e quase sempre parecendo óbvias.

Todos os melhores e mais brilhantes seres que a vida produz ou acolhe revestem-se de uma simplicidade desconcertante.

Já, e por oposição, a mediania e a mediocridade desta vida, normalmente revelam-se plenas de discursos herméticos, difusos, presunçosos e propositadamente 'complicados'.

Há muitos anos que cultivo este pensamento. E o tempo tem comprovado que sempre tive razão nesta minha análise, aparentemente simplista.

As pessoas mais cultas e inteligentes que fui conhecendo pela vida fora são de fácil discurso. De cativante conversa. Torna-se um vício partilhar o tempo com gente assim.

Intelectuais, cultos, eruditos.

Estranhos seres que sabem pensar e conhecer o pensamento que importa. Dos clássicos, dos contemporâneos, dos modernistas e pós modernistas para assim construir o seu próprio pensamento, dúvidas e eternas inquietações.

Só que tudo o que sai da boca dessa gente é ‘entendível’ com elevada facilidade. Talvez porque não têm necessidade de provar nada a rigorosamente ninguém.

Já o contrário também é verdade. Quanto mais medíocres, medianas e sem nada a acrescentar são certas pessoas, mais difíceis se tornam as suas formas de expressão, apenas porque as desejam complicar, com recurso abusivo a palavras e frases tidas (pelos próprios) como quase ininteligíveis e, com isso, adquirirem um arzinho de bem-falantes.

Costuma ser o vazio absoluto.

Não sei bem porquê, mas isto agora fez-me lembrar algumas figuras da nossa ridícula e pequenina ‘praça’ concelhia. 

Muito 'bem' fala e escreve certa gente! Muito pouco ou nada diz, é certo. Quase ninguém entende o que pretendem dizer ou transmitir. Talvez porque, não têm mesmo rigorosamente nada a acrescentar. 

Triste e presunçosa  a ‘elite’ a da Marinha Grande, por esta altura!

Passei este sábado com pessoas estranhas. Adoravelmente estranhas, de tão cultas, verdadeiras, inteligentes e sensíveis. Tive o privilégio de jantar com um pequeno grupo deste ‘pessoal’.

Partilho apenas o facto do Padre Anselmo Borges me ter conseguido emocionar às lágrimas, como há muito, não me acontecia. Apenas com a sua enorme Fé, sensibilidade, cultura e desassombro no discurso e no pensamento.

Maravilhoso e inesquecível sábado com gente assim.

O Padre José Martins Júnior. A Raquel Varela. O jornalista Rui Pereira. Enfim! …

Estes momentos fazem-me mesmo bem.

Grato por partilhar a mesa, as inquietações, as dúvidas e o tempo com tão sublime gente. 

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