Mãe.

 


20 anos passaram.

Foi "ontem".

A falta que me tens feito!

Por mais que tente escrever, nunca serei capaz. Por vezes o óbvio é completamente impossível de se vestir de palavras, frases ou simples definições.

Por vezes ...

Vai continuando a olhar por mim e pelos nossos. É que quando te debruças sei lá de onde, eu ainda vou sentindo esse olhar, umas vezes orgulhoso outras e têm sido tantas e tantas outras, preocupado.

Continua dessa forma, porque foi a maneira que escolheste ou te foi permitida (sei lá) de eu ter a rara capacidade de te 'sentir' connosco, Mãe.

A falta que nos tens feito.

Aos teus quatro, que por cá andam ainda.

Por mais forte que se seja ou pretenda ser, ninguém verdadeiramente o consegue, não sem antes olhar para os olhos da sua Mãe quando ao entrar em casa nos confirma ou desmente a ou as atitude(s) que acabamos de ter.

A enorme falta que me tens feito.

Porque de certezas nunca vivi, nem viverei.

A falta que todos vós me têm feito.

Sinto-me esgotado de atravessar estes tempos tristes e hipócritas.

Esmagam-me, como vos esmagariam caso por cá tivessem permanecido mais algum tempo.

Não deixem nunca de 'olhar' por nós.

Porque, no fundo todos somos iguais, nas nossas fragilidades e inseguranças de quem deseja acima de tudo ter um papel. Foi, de resto tudo o que todos vós nos procuraram transmitir com todos os vossos exemplos.

Só tenho visto lixo Mãe.

Diz-me ou digam-me que estou errado.

Preciso dessa certeza, para não me fechar nos meus interesses apenas.

Estou muito cansado, Mãe!


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