Diário de bordo.
Em época de celebrações natalícias vulgarizaram-se há muitos
anos os espetáculos circenses, que para além dos mágicos, trapezistas e
domadores de feras, os palhaços costumam ocupar sempre um lugar de enorme
destaque.
Quando eu era puto delirava com a dupla de palhaços Anacleto
(o palhaço pobre – que é o único que costumava ter graça) e o Emilinho (o
palhaço rico que aparecia com um cone vermelho na cabeça e a cara toda pintada
de branco – sem piada nenhuma).
Com os anos e em Portugal apareceu a Tété – a mulher palhaça.
Teresa Ricou de seu nome, grande atriz e proprietária do Chapitô que nas noites
de verão fazia as delícias da minha geração em Lisboa com as suas esplanadas,
agora presunçosa e provavelmente chamadas de rooftops.
Vem tudo isto a propósito de duas coisas que ocorreram hoje.
A primeira foi o discurso sublime do Pedro Delgado Alves na
Assembleia da República, acerca desta estranha e inusitada celebração do 25 de
novembro. Portugal tem uma história de quase 1.000 anos, mas a direita
trauliteira que agora é maioritária no nosso Parlamento resolveu achar por bem
comemorar, com direito a Sessão Solene.
Onde fica a implantação da República e a Restauração da
Independência em 1640 por exemplo como preocupações destes mesmos deputados?
O discurso do líder do Chega e do deputado do PSD foram
reveladores da qualidade oratória e de pensamento desta maioria parlamentar.
Um execrável e o outro a mediocridade absoluta. Enfim, é o
que temos! E, como diz o povo, cada um tem o que merece. Não devemos merecer
mais, portanto.
Mas estava eu a falar de circo e de palhaços, porque depois
de almoço apareceram em minha casa um trio apalhaçado, com o Emilinho, palhaço
rico, Aurélio Ferreira, um gajo sem piada nenhuma, o Anacleto, Vereador Brito,
o palhaço pobre a ler uns mails que alguém lhe escreveu e a Tété, a mulher
palhaça, a vice do Emilinho, sem graça nenhuma e com um ar pedante, que esconde
a sua sinistra forma de estar e de ser. Só que hoje, fugiu-lhe o pé pó chinelo.
Não vou comentar a reunião de Câmara, porque sinceramente,
tirando o facto hoje comprovado que a notícia bombástica que como é hábito o
JMG ampliou “prédio em Picassinos vai ser demolido e toda a gente para a rua –
culpa dos gajos do PS”, afinal era uma bomba de mau cheiro, como aqui escrevi
oportunamente. Cria-se o alarme para depois aparecer o Emilinho Aurélio e a
Tété a resolver tudo o que aqueles malandros fizeram há 1342 anos atrás!
Tirando isso, que já todos sabíamos, transcrevo apenas três
frases do trio com pelouros:
“Vem aí o senhor Virgílio”, disse o Aurélio, ufano.
O senhor Virgílio, uma espécie de Batman da Marinha Grande,
sempre atento e vigilante aos 3547 buracos nas estradas e caminhos da cidade
que aparece em todas as reuniões de Câmara e de Assembleias Municipais,
trazendo também problemas e inquietações candentes e estruturantes para a vida
do concelho.
Assim que chegou, abriu a boca e disse o que transcrevo:
“Quis o destino que também eu hoje viesse usar da palavra”.
Todo e executivo em silêncio reverencial a escutar
atentamente as observações do Batman da Marinha Grande.
Acerca da perseguição séria e comprovada ao Voleibol do Sport
Operário Marinhense, assistiu-se a uma demagogia barata, um enorme
conjunto de mentiras e omissões, onde o Vereador do Associativismo Eng Brito só
leu o que lhe convinha, mas tivemos todos o privilégio de o ouvir citar Nélson
Mandela. Coisa nunca antes vista em reuniões do Orgão (como diz Tété, a mulher
palhaça).
E por falar nesta personagem de Ópera Bufa, ainda tive de
gramar com a absoluta demagogia acrimoniosa de “ou votas ou não queres as
escolas arranjadas”, resumidas na eloquente expressão utilizada pela própria:
“estas coisas saem-me do pelo, senhor Vereador”.
Nunca deve ter ouvido falar de depilação a laser, coitada!
E, pronto, foi mais uma reunião do órgão, neste caso para
aprovar uma porcaria de orçamento.
Deixa lá Emilinho, foi o último que propuseste!
Até qq dia.
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