Por onde andas tu, Marinha?

 



Por onde andas tu, Marinha

Que és Grande

E te esqueceste?

 

Por onde anda a voz do teu mar que a tudo assiste

sem criar uma onda de revolta?

 

Por onde anda a Alma

Do Pinhal que já foi verde,

Como a esperança daqueles que acreditam?

 

Por onde anda o Peito de quem soprou a terra

No espírito das chamas que a fundiu?

Onde está o Grito da Praça

Que fez Festa

Do Maio Primeiro

Após aquele Abril da Liberdade?

 

Onde está a Força que fugia à fome no princípio dos Invernos?

E se fazia ao Tejo com as redes!

 

Onde está a Voz do Liz, que abraça a morte?

...

Que gente é esta, Marinha?

Que gente é esta?

...

Onde anda a Alma

Daquele 18 de Janeiro?

 

Porque está calada,

Conformada e Morta?

...

Por onde anda a Força

dos herdeiros da madrugada?

Sim...

Aquela “Madrugada Limpa”

Que abraçaste...

Te fez esquecer o que passaste,

Que te obrigam hoje a relembrar?

 

Porque te não levantas, Marinha

Que és Grande e já esqueceste?

...

Que gente é esta, pá?

Que gente é esta?

 

RA,

 

6/Maio/23

 

Texto nº 56 do meu livro Praça da República, 22

 

Este meu trabalho resulta da construção de um blog que se pretendeu desde o primeiro dia ser aberto a todos.

Com uma assinatura.

Com um rosto e uma morada.

Com total transparência nos temas abordados, porque nessa altura, dezembro de 2021, vivíamos e ainda vivemos como é sabido, no nosso Concelho, importa dizer, sem um único espaço de

opinião isenta.

Pretendi construir um espaço na blogosfera que expressasse a minha opinião (certa ou errada) mas livre e totalmente verdadeira.

Ao princípio não liguei muito, mas com o tempo fui-me apercebendo que o que tinha acabado de fazer ia contabilizando algumas centenas de leituras.

Não por mérito próprio.

Mas talvez porque as opiniões escritas eram verdadeiras e sérias (concordasse-se ou não com as mesmas).

Os blogues têm uma particularidade engraçada. Permitem-nos saber a origem das leituras de cada texto por país.

Inicialmente apareciam leituras da Alemanha, Suíça, Espanha, Bélgica

e tal … e eu pensava assim:

“isto são emigrantes da Vieira meus amigos” e até lhes podia dar o nome. O Marco Pisco, a Ana Raquel e a Florbela … na Bélgica, o Fernando Banana … na Suíça, o David da Carocha … na Noruega, a Isabel do IDV … na Alemanha, o Marito … na Escócia, a Armandinha … na Espanha, o João Nuno quando estava em Moçambique e o resto era Portugal Continental no seu máximo esplendor.

Só que depois a coisa disparou e eu assustei-me!

Ele era Brasil, EUA, Canadá, Angola, México, Panamá, Rússia, Suécia, Itália, Inglaterra, Polónia, China, Argentina, Austrália, Singapura, Guiné, Turquia, Cuba, Cabo Verde, Marrocos, Dinamarca, Holanda…

Com quase toda a certeza eram pessoas da Vieira, da Marinha ou de Leiria em férias ou em trabalho nesses países, só que eu aproveitei logo para me gabar e dizer aos meus putos:

“Tão a ver, como o vosso pai é um verdadeiro ‘influencer’?

Assustei-me a sério e fui diminuindo a produção de textos.

E virei-me para outro tipo de escrita.

Intimista, pessoal, familiar.

Contrariamente ao que supus, as leituras aumentaram exponencialmente. Já não eram às centenas, eram às dezenas de milhares. Isto parece absurdo e talvez seja, mas é a mais pura verdade.

Interpretei essa circunstância como se o pessoal estivesse cansado e farto de textos de cariz político. Textos da treta de um Concelho adiado.

Talvez tenha interpretado bem.

 

“Cumpre, acima de qualquer outra coisa, um dever este meu esforço, incentivar aqueles que melhor que eu escrevem para que arrisquem e possibilitem a leitura aos outros, e generosamente entreguem os seus trabalhos ao prelo.

Só dessa forma arriscada e humilde poderão aferir até onde e a quem conseguem chegar.

Nem que seja para deixar uma breve memória de quem reteve um pequeno texto, uma simples frase ou um efémero pensamento.

 

Vieira de Leiria, 19 de Abril 2024.”


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