O 'lobo mau' e as suas ovelhinhas amestradas!

 


Pensava eu já ter conhecido tudo ou quase tudo no que a comportamentos de mera ingratidão e falta de memória dissessem respeito e que a vida, de certa forma, já me tivesse reservado, eis quando me deparo, com um ‘nível’ (ou falta dele!) até agora desconhecido, pelo menos para mim.

Com o decurso dos anos, as doses de ingratidão e esquecimentos há muito que foram dando lugar à surpresa e ao sobressalto. Apenas porque já não têm capacidade de me fazer sofrer.

Só que a surpresa, mesmo assim, ainda vai significando alguma coisa. Primeiro porque completamente evitável. Segundo, porque, já tenho idade necessária e suficiente para nada ou quase nada me dever surpreender, no que ao comportamento de certas pessoas disser respeito. E terceiro, porque não se deve esperar nada de bom, construtivo ou sincero, de quem revelou no passado recente ou longínquo não possuir princípios de qualquer espécie.

Não me refiro aos amores nem às paixões. Esse é terreno fértil para todos os enganos, mais não seja porque de incertezas se tratam sempre ou quase sempre. De total falta de lucidez, porque apenas ou maioritariamente imperam os sentidos, os sonhos e até as realidades ‘irreais’. Não. No Amor e nas paixões, a desilusão, a ingratidão e a lucidez não têm lugar cativo. Nas paixões vive-se um mundo à parte da lógica corrente e fria dos dias que passam. A desilusão é uma espécie de risco calculado ou previsível nesses domínios. A paixão sempre foi um enorme risco desde o primeiro segundo para todos os que com ela começaram a conviver. Se assim não fosse, de paixão nunca se trataria.

Agora, de putativas faltas de carácter, de respeito, de partilhas, de apostas, de crenças e de verdades de um projeto conjunto, por exemplo? Aí o aparecimento da boçal ingratidão e absoluto esquecimento é totalmente inesperado! E cruelmente revelador!

Do carácter ou da ausência dele.

Da ambição desmedida e descontrolada que tudo pisa, tudo invade, a tudo se impõe ou procura impor.

Da absoluta falta de princípios, de memória e de valores.

Do egoísmo elevado á sua máxima potência!

Da estratégia cínica e por vezes pequenina de quem só em si pensa e apenas deseja espalhar a confusão e a intolerância breve à sua volta, para tudo destruir. Repito, tudo destruir. Por dentro.

É por isso que o desfecho desta estória é previsível. Previsível em demasia, porque não existem lacaios de serviço que a possam segurar. A falta de lacaios, como se lhes referem, parece ser de uma importância enorme. Em determinadas alturas. Lá está!

Como vem na Bíblia: “quem tiver ouvidos para ouvir, ouça”. No mesmo sagrado livro algumas parábolas existem. Belíssimas, todas elas. "O regresso do filho pródigo" adapta-se bem aos tempos que ora se vivem. Neste caso o verbo deveria estar conjugado no plural para melhor entendimento.

És tão esperto pá!

A única saloia esperteza que parece assistir-te é mesmo interpretar textos encriptados. Como este. E fazeres, noutros contextos, as citações que pensas mais te interessarem, como aconteceu a semana passada. 

Na vida, não há nada como um 'gatinho - coitadinho - escondido com o rabinho de fora', como foi o infeliz caso dessa ainda mais infeliz e oportunista citação. Afinal és tão primário pá.

Tu, 'o estratega ressabiado'! O 'estratega da treta' !!! 'O salta-pocinhas' -, personagem do livro "O Romance da Raposa" - de Aquilino Ribeiro, que nunca leste, estou certo!

Contigo é mais 'O lobo mau e a Capuchinho Vermelho'. 

Coitadita. Os caçadores é que a salvaram da morte certa nessa estória, lembras-te? 

Já nesta estória não há caçadores disponíveis - os lacaios de serviço - (como foram classificados pela própria). E, a morte da capuchinho vermelho é mais que certa, evidentemente.

A dela e a tua!

Sempre estiveram bem um para o outro, afinal.

Só me chateia ter acreditado em estórias da carochinha. Mas pronto, já lá vai.

Como tentei dizer no texto anterior: todos os agrilhoados pela sua própria ambição devem, porque devem, temer quem nunca conheceu grilhetas nem apresenta ambições de qualquer espécie.

Vocês, os virtuosos, esquecem-se sempre desta mais elementar e antiga verdade.

Não deviam.


 


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