Descer a Avenida da Liberdade.
Há momentos em que o tempo nos convoca.
Na vida de todos nós quantas e quantas vezes isso já nos
aconteceu? A todos!
Desde a minha adolescência, sempre me recordo de assistir na RTP às cerimónias comemorativas do 25 de Abril na Assembleia da República.
Nos primeiros
anos nem entendia o alcance de todas as subtilezas dos discursos proferidos.
Mas aquele ritual fascinava-me.
Um 25 de Abril qualquer, com 15 ou 16 anos virei-me pra minha
tia e só lhe disse: “quando a minha voz se fizer ouvir nesta Assembleia”. Penso
até que ela teve alguma esperança que isso algum dia acontecesse. Coitada.
Quando andava na Escola Domingos Sequeira, dizia aos meus
amigos frequentemente: “quando eu for Ministro da Agricultura e Pescas”.
Fiquei-me pela Assembleia de Freguesia da Vieira onde nem
sempre fui feliz com as minhas intervenções disparatadas. Mas enfim. Foi o que
se pode arranjar.
Tudo isto para dizer que só desci a Avenida da Liberdade em
1985, quando o Cavaco venceu as primeiras eleições e eu, que nem podia ainda
votar desci a Avenida para assistir a um comício na Praça do Comércio com a minha tia, o Paulo
Vicente e outros socialistas da Vieira.
Mesmo quando estudava em Lisboa, em nenhum 25 de Abril achei
justificar-se aderir a esse ritual, agora com 49 anos.
Este ano não!
Penso fundamental todos os democratas de direita, de esquerda, de centro, sem qualquer partido, se unirem numa enorme massa de gente.
Nunca foi tão necessariamente oportuno participar neste momento simbólico,
mas revestido de uma urgência e importância nunca antes vivida.
Sei que vou contar com o meu António ao meu lado. Espero levar o João
daqui. O Manel está a trabalhar em Faro, porque caso contrário, tenho por certo
que viria.
Viva o 25 de Abril sempre e para sempre.
Os portugueses não são fascistas.
Existe é apenas uma minoria ruidosa, malcriada e nojenta para
ser simpático.
Viva a Liberdade, acima de tudo!
Lá estarei.
Pela primeira vez na minha vida.
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