Carapaus. Secos e Enjoados.
Era uma vez um país calado, aparentemente amorfo e resignado
a tantas e tantas injustiças, carências diversas e composto por gente esfomeada
de saber ler e escrever. Gente humilde, corajosa e pobre. Muito pobre.
Viviam nos confins da Europa ocidental, ainda com alguma
réstia de império no seu subconsciente coletivo. Conceito esse já nessa altura,
ultrapassado de décadas. Mas, era assim esse pobre país.
Em guerra. Desnecessária, inútil e obviamente injusta, como
todas as guerras são.
Um país de poucas alegrias. O país do Benfica e do Sporting.
Sim, de ambos os clubes, porque ambos foram e serviram esse Regime. Um país do
fado, da fé e da absoluta desesperança no futuro.
Um país de muitos pobres, alguns remediados, como se dizia na
época, e poucos ricos que detinham 95% da riqueza produzida. Um país sem
cuidados elementares com a educação, a saúde pública e a justiça.
Um país onde se fugia à guerra, um país de emigrantes
analfabetos que aceitavam todos os trabalhos que ninguém queria aceitar por
essa Europa fora.
Um país de poetas presos, de democratas atrás das grades, de
mulheres cabisbaixas ao jugo de todos os maridos (donos delas), um país
pequeno. Não em tamanho, mas em esperança e em sonho.
Um país com 5 décadas de ditadura. Com polícia política, com
julgamentos sumários para presos políticos ou até mesmo sem qualquer espécie de
julgamento.
Fomos assim 48 anos seguidos, até o regime cair.
De podre.
E, cair com estrondo.
Passados os mesmos 50 anos, o que somos agora?
Um país livre, com eleições livres, com partidos políticos
legalizados, com uma Constituição democrática., tal como vem escrito no seu
primeiro artigo: “Portugal é uma República soberana onde é respeitada a
dignidade da pessoa humana e a vontade popular”.
Só que, temos sido um país de enormes e profundamente tristes
contradições.
Uma República já sem “príncipes”. Uma coisa estranha, porque
entregue a todos os interesseiros desta má sorte de vida.
Um país de guerras internas. De fúteis contendas dentro de
todos os importantes partidos políticos, tidos como democráticos. Um país de
medíocres, de gente malformada e absolutamente petulante e sem qualquer espécie
de vergonha.
Só militei num partido político.
Numa Secção.
Numa Concelhia.
Numa Federação Distrital.
Vivemos, no PS, no partido dos Joãos Paulos Pedrosas e dos Chicharros
desta vida, que “apagam” os melhores para conseguirem servir os seus próprios
interesses e “putativos direitos”.
Um partido cortado ao meio.
Um partido que despreza todos os seus melhores.
Um partido que assiste, pela primeira vez a uma votação de
legitimação de uma lista para o parlamento com 29 votos a favor e 27 votos
contra. E, mesmo assim, foi necessário que certos militantes que votaram em
sede de Secretariado essa lista tenham pedido após essa votação interna a demissão
desse mesmo Secretariado para votarem pela segunda vez já como Comissários
Federativos.
É isto que temos em Leiria.
A lista só foi aprovada por dois votos que saíram do
Secretariado para a poder ter votado duas vezes e ter conseguido fazê-la
passar!
Isto não é o Partido Socialista onde pedi a minha filiação.
Isto, não é nada.
Resulta apenas de todos os mesquinhos interesses.
E de todas as hipócritas formas de ser.
Ao que chegamos...
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