No Melhor Pano cai a Nódoa!
“Os católicos continuam
proibidos de se juntarem à maçonaria, indica uma resposta do Dicastério para a
Doutrina da Fé, assinada pelo cardeal Victor Fernandéz, na segunda-feira, e
aprovada pelo Papa Francisco, informa a Vatican
News.
"A filiação ativa de um fiel à maçonaria é proibida,
devido à irreconciliabilidade entre a doutrina católica e a maçonaria",
esclarece o Vaticano.
A nota surge na resposta a declarações de Julito Cortes,
bispo de Dumanguete, nas Filipinas, que se mostrou preocupado com o número
crescente de "fiéis filiados à maçonaria" na sua diocese.
O Vaticano aconselha os bispos filipinos a
realizar "catequeses populares" para explicar a incompatibilidade
entre a "fé católica e a maçonaria”.
In Correio da Manhã 15 de novembro
2023
Não interessa muito fazer a história das
relações entre a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana e a Maçonaria.
Assim como interessa pouco referenciar quais os Papas que contribuíram para que
desde o século XII exista um afastamento ou mesmo ódio perante a Maçonaria e os
Maçons, confundido-os por vezes com uma sociedade secreta ignóbil com o nome de
Carbonária.
Nada disso me
interessa, porque tudo se encontra devidamente explicado e escalpelizado na
net. Basta procurar.
Nasci e cresci
numa família com nenhuma religião.
E, arrisco-me
mesmo a dizer que a maioria dos seus membros eram ateus militantes. Não tinham
fé, não acreditavam em rigorosamente nada, para além do que era visível e
cientificamente comprovado e nos seus ideais, naturalmente.
Apenas a minha
Mãe, evangélica praticante, me passou ou tentou passar uma diferente forma de
sentir que a Vida estava e sempre esteve muito para além da Vida.
Acresce a essa
influência, a minha ‘avó’ que sempre acompanhei em muitas e muitas Missas aos Sábados, a Mãe da Lígia.
Deixei de frequentar
a Santa Eucaristia depois da sua morte em Janeiro de 2011. Nunca saberei porquê.
Fui como uma
vez aqui contei, batizado e crismado com 22 anos de idade. Após ter percorrido
um caminho longo.
Quando vivia em
Lisboa, mesmo antes de me casar, frequentava bastante a Missa aos domingos pelo final da
tarde na Igreja da Penha de França, onde vivia. Lá íamos eu e a minha namorada.
Passados 7 anos
do meu Batismo, aderi à Maçonaria e ao Grande Oriente Lusitano, a mais antiga e
respeitada Ordem Maçónica em Portugal.
Nessa altura e
com 29 anos, a Santa Madre Igreja não se 'predispunha' a excomungar nenhum Maçon.
O que é curioso, porque o Papa desses tempos era João Paulo II, um dos Papas mais conservadores
de que tenho memória.
O Dicastério da
Doutrina da Fé, presidido pelo Cardeal Ratzinger, futuro Bento XVI, alterou e
deixou no ‘limbo’ a incompatibilidade de se ser Maçon e Católico. Não deixa de
ser estranha esta atitude. Louvável atitude, após tantos Papas e Bulas papais,
se terem manifestado absolutamente contra a existência de Maçons nas fileiras
do catolicismo, promovendo até a sua perseguição. Tal como aconteceu durante o
regime Nazi e em diversas ditaduras, Salazarismo incluída.
Existem, para
quem não saiba inúmeros Padres e Bispos Maçons. Como sempre existiram!
O Dicastério
para a Doutrina da Fé, sucessor direto da Santa Inquisição, resolveu, desde a
passada segunda feira determinar, sem qualquer dó nem piedade excluir todos os Católicos que comprovadamente façam parte da Maçonaria.
Estranha,
preconceituosa e ignorante forma de se ser e de se estar. O que apenas
confirma que a ignorância continua a ser profundamente atrevida.
Na magnífica e
inesquecível noite do meu Batismo e Crisma, não tive comigo rigorosamente ninguém
da minha família direta. O que, por si só, demonstra que essa minha decisão,
salvo para a minha mãe (que também não esteve presente), não foi muito bem acolhida pelo meu pai e pelas minhas
tias.
Num exercício
de absoluta consciência e necessária coerência, irei expor por escrito a minha
situação ao Padre da minha Freguesia com cópia para o Bispo de Leiria-Fátima, Cardeal Patriarca, e obviamente para a Santa Sé.
Ficarei a
aguardar as suas decisões.
Nunca abdicarei de ser Maçon.
Em circunstância alguma. Até porque ninguém me conseguirá proibir
de ser como sou. Ninguém tem esse direito. E, se tiver de ser
excomungado, pois que seja. Nestas circunstâncias, não me importa!
Agora, também
vos digo que em inúmeras Sessões Maçónicas muitas foram as vezes em que irmãos
meus quando se referiam ao Papa Francisco o trataram como “o nosso Irmão
Francisco” atendendo a todas as provas de solidariedade, fraternidade, consciência
social e elevada preocupação com todas as minorias.
Este Papa
proclamou há bem pouco que os transgéneros podiam ser batizados. Já os Maçons, “nem
pensar”.
Infeliz comparação, dirão alguns. Já eu, registo apenas uma forma absolutamente hipócrita de se pretender ser inclusivo.
Não restam dúvidas, tal como no monumental filme 'O Advogado do Diabo' com Al Pacino.
Nesse filme existe um dialogo entre o Diabo e o seu filho, onde todas as questões do prazer e do sexo foram discutidas de uma forma fria. Até cruel. Dizia o Diabo: "dá prazer???? então Deus diz que é pecado!"
No caso da Maçonaria é ainda pior: É uma ideia, uma forma de estar, certa ou errada. Não é a nossa? Então excomunga-se!
Absurda forma de 'inclusão', tão limitativa e incoerente com os soberanos princípios da igualdade entre todos os diferentes!
No dia do
funeral do meu Pai, apareceu o Padre da Vieira, Bertolino de seu nome. Era da Opus Dei, intelectualmente limitado, mas teve um gesto extremamente
simpático comigo, perguntou se eu precisava de alguma coisa da Igreja naquele momento. Respondi
que não porque o meu Pai sempre tinha sido um ateu convicto.
Comentou esse Padre, posteriormente, na presença de outras pessoas: “deve ter sido da pedreirada. Não
precisava da Igreja. Nem na morte.”
Este padre
usava por vezes um cilício, tal como outros que por cá passaram depois dele, sem terem deixado qualquer marca
digna de memória.
Se as coisas
não se alterarem na Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, eu, tal como
o meu pai e avô, dispensarei a presença de gente tão “pura” e tão "digna" no dia do meu funeral, como Padrecos desse calibre ou quaisquer outros.
Dispenso todo esse 'foguetório', dos que parecem ter medo de apenas terem acabado de morrer.
Facilmente se conclui que, nas palavras de Francisco I:
"A Igreja é de todos, todos, todos", menos para os Maçons, acrescento eu!
PS:
A Maçonaria é ou sempre pretendeu ser uma Ordem Iniciática e Filosófica que preza apenas os fundamentais valores do Humanismo, da Solidariedade entre os homens, da Fraternidade absoluta entre os seus membros, da busca constante pela Liberdade de pensar e de se ser e da Igualdade de oportunidades para todos.
É, sempre foram e serão estes os princípios da Maçonaria.
Escuso-me a debitar nomes maiores de Maçons que o foram até ao fim das suas vidas. Escuso-me, porque não tenho qualquer necessidade, de impressionar seja quem for.
Este Papa foi brutalmente injusto, para não dizer outra coisa.
Que Deus o perdoe.
PS1:
A Coerência traz sempre consigo um enorme preço.
Não me importo de o pagar.
A Maçonaria nunca me impediu de ser católico, já a Santa Madre Igreja quer proibir-me de ser Maçon. Vale a pena colocar este assunto nesta perspectiva.
Como dizia um irmão, quando perguntado "porque és Maçon?"
"Sou Maçon, porque sou!" foi a resposta.
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