Quando os "deves" são mais que os "haveres"
A vida é um
lugar estranho. Tenho mesmo por certo que sempre será.
Apesar de
todos os pesares que inevitavelmente vamos encontrando no nosso caminho,
existem bocados de esperança e até boa disposição, que conforme o feitio de
cada um, todos de uma forma ou de outra, adoramos partilhar.
Por exemplo,
o nascimento de um filho muito desejado, um sucesso muito sofrido, um amor bom,
sereno e inesperado. Por vezes porque aparece numa fase ‘estranha’, porque
imprevisível.
Todo este
tipo de circunstâncias, fazem da vida uma mistura mágica de boas surpresas.
Algumas como é óbvio e decorrente, se prolongam muito para lá do acontecimento
propriamente dito.
Mas, a vida
será sempre um lugar estranho.
Por uma
questão meramente contabilística.
Revela-se sempre
como um espaço e um tempo onde o deve é sempre superior a todos os “haveres”.
Evidentemente
que só nos deparamos com este tipo de conclusões se e só se formos incautos,
ingénuos e burros.
Qualquer
homem deve jogar sempre à defesa com as suas emoções principais. Pode até não
se justificar este tipo de procedimento, mas é sempre mais prudente, para se
evitarem as inevitáveis decepções de quem vive e tem a mania que gosta de viver
desbragadamente. Sem freio, sem horizonte imediato e sem qualquer cautela.
Sempre foi
esse o meu principal defeito, devo confessar.
Viver à
bruta!
Não me queixo
da minha vida. Nem poderia. Em circunstância alguma poderei alguma vez dizer ou
deixar escrito que a vida me fez um homem infeliz.
Estaria a
mentir e até a ser profundamente injusto. Essa é que essa.
No entanto,
quando alguém que amo incondicionalmente me trai, me ofende, me magoa, fico
quase sempre descrente. Até porque as únicas pessoas que me conseguem magoar
profundamente, são sempre aquelas que mais amo.
Esta semana
tive, pela milésima vez, um exemplo destes.
Não me
deitam abaixo este tipo de situações.
Fazem-me
pensar apenas que sempre amei pessoas a mais.
Como tudo
seria mais fácil, se como nos diz a prudência e a sabedoria dos antigos, que 'devemos deter as nossas paixões e todas as nossas melhores partilhas com pouca
gente'. Muito pouca gente.
Para não
dizer, quase nenhuma.
Não tinha a mesma graça. Isso não tinha, mas não nos magoávamos, muitas vezes de forma totalmente desnecessária.
Comentários
Enviar um comentário