Os Vereadores Pinóquio.



Penso que ninguém minimamente inteligente gosta quando lhe é subestimada a sua própria inteligência. Normalmente quem o faz, são pessoas pouco inteligentes, porque nunca passarão de vulgares chico-espertos. 

O que se terá realmente passado na última terça feira? Esta é a pergunta que todos os marinhenses deveriam estar a fazer a si próprios nesta altura.

É que, na véspera, os dois vereadores independentes eleitos nas listas do partido socialista continuavam a sua prolongadíssima lua-de-mel com a força política que venceu as últimas autárquicas. Basta ver atentamente as reuniões de câmara. Incluindo obviamente a última.

As esfarrapadíssimas desculpas que invocam para a entrega de pelouros constituem, quanto a mim, a maior falácia deste mandato.

Senão vejamos:

Estradas da Vieira.

Houve, como é sabido, no passado dia 1 de setembro, uma reunião pública na minha freguesia acerca deste tema. Reunião bastante participada onde se destacam dois momentos.

O primeiro foi a unanimidade verificada por parte de todos os participantes, de apoio ao presidente Álvaro Cardoso e a todos os elementos do seu executivo, quanto à urgência no começo das obras, independentemente das consequências.

O segundo momento foi a leitura de um comunicado subscrito pelos Senhores vereadores independentes eleitos pelo partido socialista onde vem escrito o seguinte:

“Consideram ainda os Vereadores eleitos pelo Partido Socialista que, com ou sem recurso ao tão propagado contrato interadministrativo, é urgente as obras serem concretizadas, sob pena de as mesmas ruas se degradarem ainda mais, devido à aproximação do Inverno, assim como a possibilidade de se atingir o final do ano fiscal e não ser possível executar as obras já adjudicadas e/ou o próprio construtor alegar dificuldades e não executar as mesmas.”

Decorridas apenas 48 horas, o Exmº Senhor vereador António Fragoso, natural e residente em Vieira de Leiria, afirma, lendo, na reunião de câmara do dia 4 de setembro o que se segue:

 “É preciso que as estradas sejam efetivamente repavimentadas. E para isso é preciso que o necessário contrato interadministrativo que legaliza a delegação de competências para aquela junta poder realizar os trabalhos que a mesma refere já ter adjudicado, ESTE CONTRATO TEM QUE ANDAR À FRENTE, SENÃO NÃO É POSSÍVEL FAZER-SE NADA

Penso importante mencionar que no que respeita à realização da NOITE BRANCA, o apoio de 30.000 € concedido pelo município foi APROVADO POR UNANIMIDADE, ou seja, com o apoio incondicional destes Senhores vereadores, tal como a realização da Feira de enchidos. Motivos estes que consideraram agora bastantes para proceder à entrega dos pelouros.

Interessante, não é?

Cumpre ainda avivar a memória dos marinhenses para o seguinte:

A Exmª Senhora vereadora Ana Laura Baridó foi eleita nas listas do PS como independente. Posteriormente e para concorrer numa lista aos órgãos internos do partido, teve necessidade de se filiar no mesmo. Após o escrutínio e depois de se ter incompatibilizado com a Comissão Política Concelhia do PS, deixou de ir às reuniões internas, desfiliou-se do partido e rompeu com o mesmo. Até os documentos das reuniões de Câmara deixaram de ser enviados para as estruturas democraticamente eleitas e em pleno e regular funcionamento no partido socialista da Marinha Grande.

Neste contexto, cumpre dizer igualmente que estes vereadores deixaram, por iniciativa própria, de representar o partido que lhes permitiu a eleição.

Em conclusão, as agora “virgens ofendidas” parece que caíram na realidade por eles criada, relativamente ao percurso de dois anos de coligação e cumplicidade absoluta com o +MpM.

Fica pois no ar a pergunta: quais os reais motivos desta entrega de pelouros?

“O tempo, esse grande escultor”, título de um livro de Marguerite Yourcenar, trará a verdadeira resposta desta inesperada atitude.

Toda esta situação política que caracteriza a Marinha Grande, fez-me pensar num provérbio Turco:

“Quando um boi entra num palácio, não se transforma em Rei, o palácio é que se transforma num Curral”.

E é neste curral que se encontra o poder no concelho da Marinha Grande.

Disso, não restam dúvidas!

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