Os 5 Magníficos!

 


Venho falar de ética.

A ética republicana, que tão maltratada tem sido neste infeliz mandato autárquico.

Cumpre, talvez, relembrar Luiz de Camões, que nas duas primeiras estrofes, da estância 95, do Canto IV dos Lusíadas escreveu:

“Óh glória de mandar, óh vã cobiça,

Desta vaidade a que chamamos fama!”

Soberba definição de Vª Exª, presidente Aurélio e de todo o seu executivo permanente.

…/…

Temos, pela primeira vez desde que existe democracia, um executivo camarário permanente composto por cerca de 70% de entre todos os seus membros eleitos.

Desde as primeiras eleições autárquicas em democracia, que o Partido Socialista se encontrou sempre representado no executivo. Ou no executivo permanente ou na oposição!

Agora, …

nem uma coisa nem outra!

O PS não tem qualquer representação neste tristíssimo executivo camarário.

É que ambos os vereadores em funções que constavam na lista do PS, voltaram publicamente as costas ao partido que lhes permitiu a eleição. Disseram NÃO a todas as regras democráticas e estatutos internos do partido político que “juraram”, (penso eu), cumprir e defender e, com essa inqualificável atitude, … afirmaram-se … independentes.

Estranha forma de se estar e de se ser.

Ou, talvez não! Atendendo aos dois protagonistas de tão inusitada atitude.

Tem sido recorrente no +MpM (curiosa coligação, da direita com a esquerda tresmalhada), tentar evidenciar a sua superioridade moral e ética dos chamados independentes face aos partidos.

Relembro, neste contexto, a conclusão expressa e unânime após a Constituinte de 76, partilhada por Mário Soares, Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral de que não existe democracia SEM partidos!

Evidentemente que a democracia não se esgota nos partidos, mas … os partidos não recebem lições de dignidade e superioridade moral de ninguém. Muito menos de grupos que mais não são que uma mera amálgama de pessoas sem qualquer ideologia que as congregue.

Temos pois, um executivo composto por pessoas sem um simples ideal comum que apenas desejam o poder pelo poder. Por isso, tem valido tudo. Até as maiores indignidades e faltas de respeito perante pessoas e instituições.

Costumo dizer que o poder só deve ser exercido por quem o despreza absolutamente.

Não é, infelizmente, este o caso, atendendo a que todos os que detêm poder neste executivo tudo têm feito para o manter. Custe o que custar. “Doa a quem doer”, triste e nefasta frase que já li em diversas publicações do Exmº Sr. Presidente da nossa Câmara na sua funesta página de propaganda que possui e mantém no Facebook. Onde, nem todos, como é o meu caso, podem comentar e expressar a sua livre opinião.

Proponho-me neste simples texto abordar 3 temas.

Apenas três. Nada mais, de entre uma inacabável soma de temas possíveis.

…/…

A actual presidente da Junta de Freguesia da Marinha Grande durante meses e meses adjudicou negócios entre a sua JF e a empresa da qual é proprietária. Assumiu publicamente ter cometido todas essas ilegalidades. Absoluta ausência de comportamento ético como se exige a qualquer gestor da coisa pública.

Apresenta desculpas numa ridícula conferência de imprensa, na presença de um jurista pago pela própria Junta de Freguesia a que preside. E, … continua, … “alegremente” em funções!

O que disse o nosso ‘independente’ Aurélio Ferreira? Não disse nada ou melhor, disse que esse era um problema da JF não dele. Que enorme solidariedade e cumplicidade manifestada perante um dos seus. Sim, porque tudo ficou como dantes e a Senhora presidente de Junta continua sentadinha, numa aparente normalidade, em representação da sua freguesia na Assembleia Municipal, que é, como todos sabem, o maior e mais prestigiado areópago da política municipal. A falta de vergonha ultrapassou tudo, mesmo tudo o que é minimamente aceite.

…/…

Contrariamente a este deplorável episódio, eis que surge mais uma história que serve para alimentar o anedotário absoluto deste mandato municipal.

Tal como nos últimos 49 anos, a Junta da Vieira resolve assumir a expensas do seu próprio orçamento, o arranjo de três ruas, num investimento global de cerca de 100.000 euros acrescidos de IVA. Sabendo, como sempre soube no passado, que esse tipo de obras são da exclusiva responsabilidade da Câmara Municipal. Assim a Câmara as fizesse ou desejasse fazer. O que não é nem será o caso, conforme mail enviado para a Junta da Vieira, onde se tentaram escudar num ridículo e maquiavélico parecer jurídico feito a pedido. Desta forma, digamos original, foi a minha Junta de Freguesia proibida de realizar todas as melhorias nos três arruamentos.

O “quero, posso e mando”, pode ainda funcionar em algumas tristes realidades e circunstâncias. A democracia não é, seguramente, uma delas e, já agora, os vieirenses não aceitam este tipo de atitudes despóticas e autoritárias perante todos os seus e toda a sua terra.

O Vereador das obras públicas, o presidente da Câmara e o único vereador oriundo da Vieira, bem podem, como diria o povo, corar de vergonha para não ter de adjectivar com maior acutilância a indiscritível atitude com que nos desejaram, a nós vieirenses, pôr no sítio.

…/… 

O terceiro tema é a execrável exoneração da Drª Maria de Fátima Cardoso da administração da nossa empresa de transportes.

Dispenso-me de tecer considerações acerca de todas as unanimidades verificadas nas diversas aprovações das contas e relatórios de gestão da TUMG. Nem sequer tenho qualquer paciência para isso.

Penso deplorável a demissão da ex-presidente do CA, Exmª Senhora D. Ana Monteiro, meses após a aprovação de contas com as quais concordou e votou favoravelmente, tendo, meses após a aprovação das mesmas, levantado suspeitas acerca da dignidade, honradez e ética profissional da administradora executiva. Sem que NINGUÉM deste executivo permanente tenha dito que ilegalidades tinham sido cometidas pela Drª Fátima Cardoso.

Cobarde forma de ser!

Cobarde e inqualificável forma de estar!

Lamento igual e profundamente a postura do presidente da Câmara e do Exmº Vereador dos transportes e da mobilidade nessa infeliz e caricata reunião de executivo, ambos a exigir putativas auditorias, como se existissem irregularidades óbvias na gestão daquela empresa, cujas contas tinham acabado de aprovar por unanimidade.

Vergonha alheia é o que eu e milhares de marinhenses sentimos com todas estas absolutamente incríveis atitudes por membros eleitos pelo povo. Sendo que o vereador dos transportes e da mobilidade nem eleito foi.

Esse episódio fez-me pensar na Santa Inquisição e na PIDE.

Acusavam e prendiam pessoas mantendo-as durante meses ou anos sem culpa formada. Sem saberem de que eram acusadas.

E é isto que temos a governar o nosso concelho!

Os movimentos independentes, como atrás disse, consideram-se melhores que todos os demais na política.

Mais justos. Mais competentes e mais dignos.

Vê-se.

Temos estado nas melhores mãos! Não restam dúvidas!

Termino como comecei. Com duas estrofes dos Lusíadas:

 

“Óh glória de mandar, óh vã cobiça,

Desta vaidade a que chamamos fama!”


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