Tou a ficar velho.
Com o andar do tempo, penso que todos nós, uns mais depressa
que outros, evidentemente, vamos perdendo a capacidade de nos surpreender com as “bofetadas”
que a vida nos reserva.
É normal. Faz parte de todo um processo saudável e desejado
no decurso do nosso crescimento.
Deparo-me, cada vez mais, a utilizar uma ferramenta, couraça
ou simples “bengala” que se traduz num absoluto estado de divertimento ou simples
postura alegre e simpática, em quase tudo o que à minha vida respeita. Aquela
vidinha de todos os dias. Vou fingindo que quase tudo me vai deixando
bem-disposto.
A verdade não é bem essa.
Sou um tipo só. Muito mais triste que alegre. E, para mal de
quase todos os meus pecados, sou um homem bastante sensível. Talvez produto de
ter tido tantas mulheres a educar-me.
O único homem da minha vida nunca me educou. Em nada.
Se tive uma ou duas conversas sérias com o meu pai, já foi
muito.
Sempre optou por me transmitir os seus valores e posturas com
os exemplos, bem concretos, que me foi dando a observar com a sua própria vida.
Desde sexta-feira à noite, tenho estado exagerada e infelizmente triste
e magoado.
É que, afinal, parece que ainda vão existindo pessoas que têm
ou têm tido, desde há anos, essa infeliz capacidade. Fazer-me ficar triste.
Como já vou indo para velho, agora todas essas injustas e
absolutamente evitáveis sensações têm, por obrigação, fazer com que tente concluir um breve exercício de as “escalpelizar” minuciosamente.
Há vinte anos, fiz um acordo justo e equilibrado com um inquilino. Houve alguém que o impediu! E, de que forma! ... De que forma e com que argumentos meu Deus. Asquerosa e profundamente mesquinha maneira de se estar!
Fiz questão de tudo guardar, até uma carta com uma ameaça de denúncia e posterior despedimento do BCP, caso, quebrasse o sigilo bancário, onde poderia comprovar a monumental mentira assinada por toda aquela gente! Apenas para "poupar" 40 continhos de réis por mês. E, lá "ofereceram" aquilo ao atual proprietário e, naquele ano em que nasceu o meu António, por isso me lembro da data e do ano, continuaram alegremente a pagar 20 e poucos contos de renda mensais.
Socialistas, todos eles!
Nunca foi nem é essa a noção de Socialismo ou de Social Democracia que tento ensinar aos meus filhos.
Nas últimas eleições autárquicas, o atual Presidente da Junta,
convidou-me para ser o líder da bancada do Partido Socialista na Assembleia de
Freguesia. Aceitei voltar a esse lugar que ocupei por quase 20 anos.
Posteriormente, houve alguém que o impediu.
Quando apareceu o meu nome na lista da chamada ‘Comissão de Honra’ à candidatura do Álvaro Cardoso, houve alguém que o permitiu. Talvez, porque eu tenha sido Presidente da Assembleia de Freguesia durante quatro anos. Caso contrário ...
Há certas pessoas, cuja última e decisiva palavra é concedida, como se de semideuses se tratassem!
Quando me senti “desacompanhado” e por isso mesmo,
constrangido com a homenagem que a Biblioteca de Instrução Popular, decidiu
fazer-me, manifestei publicamente e por escrito esse ‘desconforto’ tendo
sugerido outro nome a homenagear futuramente, … houve alguém que não gostou. Hipocritamente, claro.
Agora, a Direção da BIP, solicitou-me um texto para que fosse votado e posteriormente aprovado em sede de Assembleia Geral, esse mesmo nome, mais que justamente pensado e proposto. O mesmo que propus em Dezembro passado!
Houve alguém, que contra todas as mais
elementares regras estatuárias dessa Associação, não o permitiu, tendo feito,
dito e escrito, verdadeiras manifestações de pesporrência antidemocrática
acerca deste simples tema.
Confesso que se me acabou a paciência, para continuar a tentar sempre
esquecer ou fazer por não me lembrar muito, de todos os factos descritos com o ilustre protagonista de todos eles.
Tou velho.
Muito mais exigente. E casmurro, para continuar a fingir que
nada me incomoda.
Estou triste. Isso estou.
Muito triste!
Nunca mereci estes “tratamentos” vindos, todos eles, da mesma
pessoa.
Atingi o meu limite.
Prefiro ficar triste.
Porque prefiro ficar só.
Cada vez tenho menos pessoas. É verdade.
Talvez tenha as
suficientes. Tenho de me habituar a isso.
Se é brutalmente triste? É!
Mas, quer-me parecer que também é inevitável.
Porque a vida é mesmo assim.
Tens razão Rogério, que há anos e anos dizes que a vida nunca passou de um "funil"!
Este texto produziu este comentário anónimo:
"As nossas dores, os desassossegos que trazemos cravados,
causam feridas e tristeza, o verdadeiro segredo da vida é transformar todas
essas dores em calma e amor , selecionando o que nos deve ocupar e o que
devemos deixar para trás... Todos os que nos causam dor repetidamente demostram
que não nos fazem verdadeira falta. Desejo mesmo que seleciones cada vez melhor
os alvos da tua atenção..."
Interessante, verdadeiro e extremamente oportuno!
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