Vieira de LEIRIA!
Penso, sinceramente, ter chegado a
hora de voltarmos para casa.
Somos uma freguesia, com uma área
bastante superior à maioria de alguns municípios. Sabiam?
Não me parece!
Fomos durante mais de dois séculos a
freguesia mais rica do Concelho de Leiria.
Estamos há pouco mais de 100 anos sob
a “custódia” do Concelho da Marinha Grande que ajudamos a fundar, quando todas
as restantes freguesias proponentes da separação de Leiria borregaram.
Os vieirenses não.
Ter palavra e saber honrá-la nunca
foi para toda a gente.
Ficamos até ao fim e permitimos, por
duas vezes na história, a separação do Concelho de Leiria e a consequente fundação
do Concelho da Marinha Grande.
Decorrido mais de um século,
impõem-se a pergunta: “valeu a pena?” …
Não me parece.
De entre tantos executivos
camarários, tivemos apenas UM Presidente de Câmara que olhou para nós.
Álvaro Órfão.
Chegou ou começa a chegar a altura de
voltar para a nossa Casa de séculos e séculos.
Como qualquer filho pródigo, de certo
seremos bem recebidos, até porque, bem vistas todas as coisas, nunca fomos
queridos pelos marinhenses.
Esta realidade nem é boa nem má. É
apenas a que temos.
Como em tantas e tantas ocasiões eu e
muitos outros vieirenses constataram não somos bem quistos na sociedade
marinhense. Provavelmente, porque nunca tivemos grandes afinidades a partilhar.
“Um balde de tremoços”, como um dia
disse o putativo historiador, investigador e intelectual, Senhor Gabriel Roldão
que nos classificou dessa original e ternurenta forma em detrimento do tal “pratinho
de camarões” que significa, na sua vastíssima cultura local, o lugar de São Pedro
de Moel. Ou, como um disse esse ilustre empresário marinhense Senhor Luís Vasco
num jantar de aniversário de Jorge Martins “a Vieira até é de Leiria, devia
desaparecer do Concelho”, ou então ainda uma frase a que assisti pessoalmente
do ex Presidente do Sport Lisboa e Marinha, Senhor Helder Serra, “a Vieira não
é mais que um satélite da Marinha. Um simples satélite. O que é que querem
mais?”
Ninguém gosta de estar onde não é bem-vindo.
Servimos há um século para criar o
novo Concelho da Marinha Grande. Na altura, duas aldeias. Nós e eles.
Chegou a altura de voltar para casa.
É um bom tema de debate.
Mas, da nossa parte, penso
sinceramente, já ter passado tempo demais para continuar a aturar todas as
injustiças, olhares de soslaio, e sobrancerias várias de todos os florianos
desta vida.
É nossa obrigação coletiva começar a
dizer que a nossa paciência com os marinhotos chegou ao fim.
Queremos sair.
Queremos ir para o lugar onde sempre
pertencemos, porque sempre foi o nosso.
Há quem esteja à espera de nós com
alegria, porque todos os filhos pródigos sempre foram bem recebidos nos locais que deixaram para trás.
Será o nosso caso, com toda a certeza!
Na verdade a criação no Sec. XIX e depois a restauração em 1917, j´a só viabilizada pela Vieira, nunca trouxerem à nossa terra e às suas gentes a felicidade e o progresso que a mudança prometia. Perante tão grande frustração, renasce agora mais intensa a nostalgia dos, pelo menos, 500 anos de História que ligou este Povo a Leiria.
ResponderEliminarOs 13km de Mata, que estão lembrados na parede da Câmara, nunca nos ligaram e separaram-nos desde a instauração da ditadura.
São hoje sentimentos adquiridos pela vivência de 106 anos de ligação, que já ninguém compreende. Não, não foi sempre assim.
Passadas quatro gerações desde a ligação, é tempo de vermos respeitados os nossos interesses e vermos interesse em cuidar o nosso património.
Algo precisa de mudar, não para que tudo fique na mesma, mas para que se respeite este Povo, se cuidem e protejam as potencialidades desta região, sem faz de conta, com visão de futuro.
Pior ainda quando assistimos ao desenvolvimento dos nossos vizinhos a norte, na mesma região, no mesmo distrito, mas no Concelho de Leiria.
Precisamos de encontrar uma visão de futuro e não de remendos atabalhoados à pressa para freguês ver. Já passou tempo de mais.