Tecnocratas e medíocres.
Em todas as
democracias existem partidos políticos. Fazem parte da sua essência. Farão
sempre!
Diabolizados
todos têm sido. Algumas vezes com razão de sobra para isso, porque diversas
clientelas servem. Ou têm servido por anos e anos.
Qualquer
democrata se sente revoltado com todas essas evidências de promiscuidade,
hipocrisia e absoluta falta ao respeito por todos os valores que representam a
rés pública (o respeito pela ‘coisa’ pública).
Por exemplo,
na primeira República tivemos um Presidente que ia para o palácio de Belém de
elétrico. Não pelo espetáculo, mas apenas por ficar mais barato ao Estado.
Com o
General Eanes assistimos a um presidente que mandava revirar os fatos, porque
não tinha orçamento para comprar roupa nova, vendeu a sua casa de férias para
poder custear a sua presidência com a maior dignidade e elegância com que sabia
dever representar o nosso país.
Agora, temos
assistido a uma espécie de mágico que aparece em todos os lados, opina sobre
tudo, ninguém do seu “iner circle” lhe sabe dizer o quão ridículos têm sido ambos
os seus mandatos.
Com estas
circunstâncias insuportáveis, eis que surgem os “puros”. Não me refiro aos
charutos cubanos, mas sim aos movimentos independentes. Ditos pelos próprios
como apolíticos, equidistantes, justos e muito mais competentes que os
representantes dos partidos.
No nosso
Concelho, temos assistido a um epifenómeno destes.
Ontem, a
Biblioteca de Instrução Popular chegou a mais de 2,5 milhões de
portugueses, pelos melhores motivos – a celebração dos seus 90 anos
consecutivos. Ninguém da Direção entendeu tornar pública uma breve saudação do
Senhor Ministro da Cultura que em carta lhes dirigiu palavras de encorajamento
na senda destas comemorações, lamentando não poder estar presente por motivos
familiares (era o aniversário da sua filha).
A BIP já fez
algumas edições que no dia da(s) sua(s) apresentações, já se encontravam com todos os custos devidamente cobertos, pelo simples facto de tanto a nossa Câmara como a nossa Junta
terem comprado livros suficientes para liquidar as dívidas de edição.
Esta foi a
única vez que a BIP, por parte da Câmara não contou com a solidariedade
necessária (200 exemplares teriam sido suficientes), ficou-se pela aquisição de 50 livros, numa edição
de 1.500. Adquiriu apenas 3,33% da totalidade de livros impressos.
Como nota
breve, importa dizer que a aquisição deste tipo de ”produtos” locais – a reedição
de um autor local, neorrealista de primeira água, que descreve como muito poucos, as vivências, as dificuldades, o dia a dia do povo da praia da Vieira na
primeira metade do século XX. Este tipo de aquisições sempre serviram para
ofertas a pessoas, entidades e empresas que visitavam a região. Por esse motivo, facilmente
se esgotavam todos os exemplares adquiridos.
Estes “puros”
independentes não pensam assim. É melhor contratar por 55.000 € aos amigos para
terem 75 ou 80 pessoas na plateia, talk shows de manifesta mediocridade.
São
posturas.
São gostos.
São
escolhas.
São Amigos.
E, por falar
em posturas, ontem na reunião de Câmara a Vereadora da Cultura que assistiu à
Sessão Solene do passado dia 1, quis dar os parabéns à BIP e foi apenas isto
que aconteceu:
“desculpe
presidente mas eu gostava de “parabenizar” a Biblioteca de Instrução popular de
Vieira de Leiria. Gostava de deixar aqui essa nota”. Ao que o charmoso e
erudito presidente respondeu:
“Muito
obrigado. Vamos fazer 10 minutos de intervalo e depois começamos com a agenda
do dia”.
É isto que
temos como presidente da autarquia.
Um homem
culto, com sentido social e de manifesto desinteresse por tudo o que nunca saberá, ou porque não quer ou porque não sabe valorizar ou ainda porque não entende as ´coisas´ da cultura.
Vivam todos
os Jorges Humbertos desta vida por comparação com todas as compras de 3% de um livro esgotado há
décadas de um dos nossos maiores prosadores do neorrealismo português. E falo em José
Loureiro Botas, como escritor de relevo nacional.
Mas para
saber isso, é necessário ter sensibilidade qb e conhecer as raízes das gentes
que procura, não conseguindo de forma alguma, saber representar.
Acabem com isso, se para tal tiverem coragem!
Não creio que seja possível! Neste desagradável contexto desta ridícula ´coligação´ que nos vai desgovernando.
NOTA: A Direção da BIP não tem rigorosamente nada que ver com este meu artigo de opinião absolutamente pessoal, como, de resto, todos os que vou deixando por aqui e por ali, são!
Comentários
Enviar um comentário