Clientelismos e blogs atrevidos.
“…/… clientelismo é uma palavra que é
usual e é usual até em militantes do Partido Socialista nos seus blogs e nos
seus facebooks, certo? em alguns que o senhor conhece bem e eu também por
razões óbvias, por isso quando falei de clientelismo são pessoas militantes do
Partido Socialista e estão ligados ao partido socialista …/…”.
Aurélio Ferreira, Assembleia Municipal
de 28 de dezembro último.
Vou replicar neste post do meu
bloguezinho um texto de 19 de junho, com o título: “à mulher de César não basta
ser séria, tem também de parecê-lo!”
"Não há democracia sem partidos!”.
Frase antiga proferida por diversos democratas, como Mário Soares, Sá Carneiro,
Freitas do Amaral entre muitos outros. A razão é simples. Um partido acarreta
em si mesmo todo um conjunto de ideais, valores e história que fazem aglomerar
todos os que se identificam com cada uma dessas ideias ou até mesmo, com todas
elas.
Isto não tem rigorosamente nada que ver
com a chamada discussão entre esquerda e direita. Essa é uma das múltiplas
formas de se falar de política e a mundivisão de cada partido relativamente à
sociedade desejada por cada um.
Com o tempo, o aumento da corrupção,
nepotismos diversos, apropriação da ‘máquina do Estado’ por homens e mulheres
sem curriculum bastante para ocuparem determinadas funções bem remuneradas, os
partidos, todos eles, talvez com a exceção do Partido Comunista, cometeram os
mesmos erros durante anos e anos. O que, naturalmente, foi contribuindo para a
descredibilização dos mesmos, afastamento dos melhores da política e o
surgimento do epifenómeno dos chamados movimentos independentes. Grupos de
cidadãos livres que se juntam em torno de um líder ou de um conjunto de valores
que, julgam, os partidos terem abandonado.
Quando vencem eleições locais é porque
muita gente se revê no seu líder e nos princípios que advoga até, por vezes, à
exaustão.
Na nossa terra temos dois exemplos disso
mesmo.
O primeiro surge de um grupo de
industriais e pessoas alegadamente da direita (liberais, novos-ricos sedentos
de poder e toda uma massa de seguidores que já não se identifica com qualquer
partido político instalado). Neste caso com o Partido Socialista, Partido
Comunista e Partido Social Democrata. Há mesmo uma franja de cada partido que
‘mudou’ o seu sentido de voto. O MpM, liderado por um pequeno empresário, com
um putativo sucesso conquistado na sua área especifica de
negócio, conseguiu eleger-se assumindo uma posição do contra. Foi sempre
do contra. Mesmo quando boas medidas se discutiam. Votou desfavoravelmente 8
orçamentos seguidos. Nos primeiros 4 anos na Câmara da Marinha apareceu também
um segundo movimento independente, assim uma espécie de salada de frutas das
esquerdas descontentes. Era liderado por uma curiosa personagem, que
posteriormente abandonou a política para se dedicar à gestão privada de cemitérios.
Inusitada escolha sem dúvida.
Volvidos os últimos quatro anos e
essencialmente por demérito do Partido Socialista, o MpM apresenta-se a
sufrágio (movimento de industriais e pessoal da direita pura e dura) com os
membros sobrantes da salada de frutas das esquerdas, e, ganham as eleições. E
ganham com enorme estrondo.
Não irei debater nenhuma questão de tantas
e tantas que este governo coligado com o Partido Socialista e portanto,
detentor de uma sólida maioria absoluta na gestão camarária já fez ou já deixou
por fazer.
Não me identifico de forma alguma com o que foi
escrito, proposto e assinado o chamado 'memorando de entendimento', onde
não consta qualquer assinatura de representantes do PS.
O que está feito está feito.
Este pequeno texto prende-se com uma só
questão:
Se durante os últimos 16 anos de
governação autárquica Comunista e Socialista, alguma vez fosse feito um ajuste
direto de 55.000 € a um amador musical com a adjudicação de 10 ‘espetáculos’
mensais a 5.500 € cada um para um só ano e, se esse amador musical fizesse
parte de uma Comissão de Honra do partido eleito, como reagiria o atual
presidente Aurélio que ficou conhecido amplamente por tudo deitar abaixo, pôr
em causa todos os projetos, votar contra todos os orçamentos e até (pasme-se)
ter colocado em causa a idoneidade do Presidente Paulo Vicente tendo-lhe
diminuído o montante para ajustes diretos para o mínimo legal, colocando mais
uma vez em causa a sua capacidade e idoneidade? E, claro, tendo limitado
estrondosamente a capacidade e velocidade de gestão do Presidente Paulo
Vicente?
Desde muito novo que detesto as falsas
virgens ofendidas!
Fica mais uma pergunta: porque é que o
Jornaleco da terra não transmite esta e muitas outras realidades? É por serem
verdadeiras? É por serem mentirosas? Ou é porque dá jeito que ninguém saiba o
que se vai passando nestes tempos na Câmara da Marinha Grande?
PS: Quanto à obra referida que, após
concurso público caiu nas garras do construtor Rui Azinheiro, elemento das
listas do +MpM, veremos, como em todas as que fez, qual será o montante de
obras a mais e outras coisas acabadas em tais que sempre caracterizaram a
esmagadora maioria de todas as empreitadas que fez. Poderia apresentar mais de
uma dezena delas, mas, simplesmente não vale a pena, porque em toda a minha
freguesia toda a gente sabe quem é. Quem foi e quem sempre será, este
empreendedor e todas as formas com que habitualmente utiliza para fazer
negócios e, claro, ganhar dinheiro.
Clientelismo, neste caso? Não! Apenas
estupidez ou confiança cega nos amigos a quem devemos favores.
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