NÓS.
Tudo me interessa.
Tudo me continuará a interessar.
No que à minha terra respeita, àqueles que a dirigem e ainda a todos os que a sonham.
Tudo isso me irá interessar sempre.
Fico, tenho ficado sempre bastante triste quando vejo os
nossos ‘destinos’ entregues a gente que nunca os mereceu abraçar.
Ou por cobardia, ou por falta de ambição ou ainda por
simples mediocridade.
A Vieira conheceu diversos períodos na sua já vasta e antiga
história, momentos de grande expansão, crescimento económico, enormes
investimentos públicos, riqueza industrial, pleno emprego. Fomos o centro de
tantas freguesias vizinhas ao longo de décadas. Na saúde, na tranquilidade que um excelente Corpo de Bombeiros oferece a qualquer terra connosco confinante, na educação, no
desporto, na indústria e até no comércio.
Presentemente temos sido uma caricatura do que já fomos. Há
quem rejubile com esta realidade atual. Não os vieirenses de certo!
Nem os que por cá nasceram, nem os para cá um dia decidiram
vir e ficar.
Hoje, lamentamos. Todos nós nos lamentamos do esquecimento,
da multiplicidade de injustiças a que temos sido votados nos últimos 5 anos.
Paira no ar, uma espécie de ‘revolta calada’ em todos nós.
Este ‘sintoma’ não augura rigorosamente nada de bom. Em
termos de futuro imediato e de curto prazo. Que nunca ninguém menospreze todas
as nossas formas de silêncio. Quando a Vieira e a sua Praia estão em aparente silêncio ... significa tão só e apenas que estamos a conter a revolta que nos invade. Neste caso há demasiados anos!
Penso, sinto, sei, tenho a certeza, que a assim continuar,
um destes dias, todo o silêncio acumulado e brutal que tudo tem ‘gritado’ sem que se tenha
emitido nunca um som que fosse, uma qualquer palavra dita, ou atitude para além
da nossa ‘aparente’ indiferença possa gerar um mal estar concelhio insuportável.
Tivemos, ao longo da nossa história recente, alguns momentos
de revolta. Decisivos todos eles. Decisivos para todo o Concelho da Marinha Grande.
Façam um enorme favor a vós próprios, deixem de nos menosprezar! Porque somos sempre nós que viramos todas as coisas e alteramos os 'azimutes' concelhios.
Já é assim há tantos anos. Desde 1836. Até hoje!
Há uns anos, tivemos um Presidente de Junta (um dos mais pacíficos
homens que conheço), que numa reunião com o então Presidente João Barros, a propósito
do tema da edificação do novo edifício da nossa Junta de Freguesia com terreno central e disponível (onde hoje existe a nossa 'Casa da Democracia'), tirou os óculos com toda a calma
do mundo, colocou-os em cima da secretária num claríssimo sinal do que se
seguiria ao monólogo de um dos presidentes da Câmara da Marinha Grande que
mais nos marginalizou, continuasse naqueles termos.
Todos sabem o que sucedeu nas eleições subsequentes. Ou, pelo menos deveriam ter memória disso. Assim, como aconteceu com o candidato Alberto Cascalho e a candidata Cidália.
É estranho toda essa animosidade acumulada em tantos marinhenses
perante a nossa freguesia. É estranho, é antigo, e profundamente injusto.
Por vezes sobranceiro, muitas vezes elitista, todas as vezes
ridículo e completamente evitável.
Por aqui existe gente desde o século XII.
Por aqui nunca ninguém se esqueceu das suas origens, de
todas as contingências que, durante séculos e séculos, temos sabido sempre
ultrapassar.
Por tudo isto e também por me sentir totalmente indiferente
aos pensamentos de muitos (não da totalidade, felizmente) dos habitantes da
freguesia da Marinha, tenho esta certeza: não abusem mais do nosso silêncio
ferido, que, como ignorantes e desconhecedores que são deste povo, nos vão tomando por pedintes e conformados com o destino que nos querem impor.
As gentes da Vieira, nunca foram, nem são nem serão algum
dia, indiferentes a tudo o que se passa à sua volta.
Já chega!!!
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