Área de Reabilitação Urbana da Vieira. Um assunto sem interesse para esta gente.
O Regimento
Fui presidente
da Assembleia de Freguesia 4 anos seguidos. Evidentemente que existe um
Regimento aprovado a cada novo mandato. No meu tempo, nem sequer propus
qualquer alteração. Não havia propostas de qualquer partido político nesse sentido,
pelo que foi apresentado a votação o regimento anterior e aprovado por
unanimidade.
Em quatro anos
sucessivos de mandato, muitas foram as práticas que iam contra o regimento em
curso, como por exemplo, tempos das intervenções, tanto dos deputados, como do
executivo como do público que ultrapassaram largamente os tempos pré-estabelecidos.
Nunca liguei o
‘cronometro’, nunca adverti rigorosamente ninguém para o excesso de tempo
consumido nas diversas intervenções. Lembro-me, por uma única vez de ter dito a
um freguês que estava a faltar claramente ao respeito a casa da democracia e ao
executivo em funções, e que “ou mudava de tom e de linguagem ou chamava as forças
da autoridade para o pôr na rua, sem apelo nem agravo”. Por outra vez, tive de
relembrar outro freguês que usar da palavra em liberdade e democracia, não
significava o seu abuso ou até mesmo o achincalho propositado aos eleitos. Por
diversas ocasiões perguntei se os deputados tinham mais questões a apresentar
ao executivo, sendo a resposta negativa e quando me estava a preparar para
encerrar os trabalhos, lá aparecia sempre alguém com outra dúvida ou questão
menor. Isto uma, duas, três vezes seguidas.
Uma vez
aconteceu exatamente esta situação, com bastantes questões vindas do mesmo deputado,
que se encontrava nitidamente a gozar com as regras de funcionamento da nossa
Assembleia colocando questões umas a seguir às outras quando eu estava para
passar a palavra ao público, porque mais ninguém queria usar da palavra, sendo
sempre interrompido por outras e outras questões ridículas.
Nessa altura
passei a palavra aos fregueses e o deputado em causa, começou a dizer que eu
lhe tinha retirado a palavra. Disse para se retirar para o público e fizesse a questão como simples freguês, porque enquanto deputado eleito estava a
pretender ridicularizar o funcionamento da Assembleia. E, como freguês tinha
direito a colocar apenas uma questão. Recordo de o ver corar de vergonha e
colocar uma pergunta tão ridícula quanto o seu comportamento. Mas colocou-a
enquanto freguês. Penso que nem resposta obteve porque a pergunta não passava
de uma esfarrapada desculpa para ‘intervir’.
No tempo da presidente
Cidália, quando as coisas ficavam fora de controlo, recorria sempre ao
cronometro para que os vereadores não ultrapassassem os seus tempos de
intervenção. Sempre lamentei essa forma de estar, por insegura, porque ridícula
e até mesmo antidemocrática.
O vereador
mais contestatário era o actual presidente da Câmara.
Agora utiliza
os mesmos métodos, quando confrontado com situações menos agradáveis por parte
das vereadoras da CDU.
Estranha forma
de estar! E, ainda nem passou um ano.
No passado dia
31 de janeiro volvidos 3 meses da sua posse, pela primeira vez na minha vida, fiz
questão de assistir a uma reunião de Câmara com uma inscrição feita para pedir
alguns esclarecimentos que me afetavam particularmente. A mim e a dezenas e
dezenas de vieirenses. Tive o cuidado de estudar a fundo o problema, apresentar
soluções e legislação de suporte, bem como exemplos de resolução desse mesmo
problemas em três freguesias portuguesas.
Tudo se
resumia a criação da ARU (Área de Reabilitação Urbana) da Vieira.
Apresentei
todos os documentos de suporte a tudo o que disse, tanto ao presidente como à
líder da oposição Drª Alexandra Dengucho.
Aguardei
pacientemente 6 meses certos para escrever o mail que se segue:
“Exmº Senhor
Presidente da Câmara
Municipal da Marinha Grande
Engº Aurélio Ferreira,
Volvidos três meses da tomada
de posse do executivo em funções, apresentei em sede de reunião de Câmara,
ocorrida a 31 de janeiro de 2022, há exatamente seis meses, a necessidade da
criação da ARU (área de reabilitação urbana) da Vieira.
Nessa intervenção foram
apresentados diversos documentos de suporte a tudo o que explanei. Tive o
cuidado de entregar as conclusões do estudo de urbanismo do ‘Gabinete Técnico
Local’ que funcionou na minha freguesia durante dois anos e que, entre muitas
outras propostas, apresentava a ou as delimitações propostas da(s) ARU(s) a
criar.
Para além desse documento que
apenas me foi facultado após consulta no Arquivo Municipal, adicionei, dois
outros documentos aos quais reportei e reporto de enorme significado e
importância:
- Manual de acesso a
financiamento comunitário, num consórcio de bancos portugueses e europeus, com
diversos benefícios a todos os que dele pudessem concorrer. Inserido no PRR
aprovado para Portugal.
Fiz, neste particular aspeto,
referência a muitos municípios que criaram as suas ARU’s permitindo, dessa
forma, que muitos particulares e empresas pudessem recorrer a este ‘mecanismo’
de financiamento bonificado.
- Exemplifiquei através de
três freguesias portuguesas, entre as quais a freguesia da Marinha Grande, com
as datas de apresentação, aprovação e publicação no Diário da República das
respetivas Áreas de Reabilitação Urbana.
Considero as respostas quer a
de Vª Exª quer a da Drª Ana Alves Monteiro nessa reunião totalmente desprovidas
de razão ou sentido da realidade no que à Vieira concerne. Porque em termos das
infraestruturas públicas existentes versus a construir, falta apenas e tão só o
Centro Escolar pelo que, decorridos seis meses, apresento as mesmas duas
perguntas que vos coloquei a 31 de janeiro do corrente ano:
1ª A Vieira vai ter uma ARU?
2ª Se sim, para quando?
É que o tempo passa e, como
deve ser do conhecimento de Vª Exª, os prazos de acesso a candidaturas a
empréstimos bonificados também têm o seu natural período de vida definido.
Desta forma pergunto a Vª
Exª, se já foi realizada alguma ação, no que a esta temática respeita.
Vieira de Leiria, 31 de julho
de 2022.
De Vª Exª,
Atentamente,
Rui António L. Teodósio
Pedrosa”
Como resposta obtive no passado dia
18 de agosto, este amontoado de palavras que, na prática, não significam
rigorosamente nada. A chamada ‘não resposta’:
“Exmos. Sr. Rui Teodósio Pedrosa,
Agradeço o seu email, que mereceu a
melhor atenção.
Atento às questões que coloca, cumpre-me
informar que é um processo que ainda se encontra em desenvolvimento e que,
oportunamente, daremos notícias.
Grato pela atenção.
Com os melhores cumprimentos,
Aurélio Ferreira
Presidente “
Gostaria
de fazer uma breve menção que quando acabei de falar nessa reunião de Câmara a
primeira coisa que Sua Exª o Presidente da Câmara fez questão de proferir foi, “o
munícipe Rui Pedrosa gastou 16 minutos. O limite são 5 minutos, vamos fazer por
ser mais breves”.
Passada
uma semana da minha ‘participação nessa reunião de Câmara a Vereadora Alexandra
Dengucho questionou o executivo permanente acerca do avanço do processo de
criação da ARU da Vieira. Para quem não sabe, a criação da ARU da Vieira
permite a reconstrução e restauro de casas, empresas, lojas desde que
localizadas dentro dessa área e que tenham mais de 30 anos.
Não são
ajudas municipais nem governamentais, são ajudas sob a forma de créditos
pré-aprovados por um consórcio de bancos portugueses e europeus, com diversas
bonificações spreads reduzidíssimos, benefícios fiscais, períodos de carência
de capital e maturidades de 20 anos.
A
minha casa é de 1905, tem, portanto, 117 anos (não 30, como é exigido),
encontra-se em elevado estado de degradação, possui um café dos mais
movimentados da Vieira no seu R/C e necessita de obras de demolição, restauro e
reconstrução urgentes.
Não
me considero mandatado por qualquer outro ou outros proprietários que residam
no centro. Só a mim represento.
As
respostas que obtive nessa reunião de Câmara apresentadas pela Drª Ana Alves
Monteiro Vice-Presidente da Câmara não passaram de um conjunto de falácias,
para não utilizar outra palavra.
Irei
até à nossa Assembleia Municipal um destes dias. Já sei que disponho apenas de
5 minutos, até porque nem sequer consigo imaginar o Presidente desse Órgão
conceder-me nem um segundo a mais. A sabujice cretina a isso obriga! Bastam-me, no
entanto, dois minutos para demonstrar à saciedade que esta Câmara que até
possui um vereador da minha terra que nunca abriu a boca sobre este assunto,
não está minimamente interessada em resolver os problemas dos seus munícipes.
Conto
com o meu presidente de Junta, com a Vereadora Drª Alexandra Dengucho e com, rigorosamente ninguém mais.
Para
além da razão que me assiste.
Que
deveria ser suficiente na fácil resolução deste problema antigo.
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