Carta aos prudentes.


A prudência, a cautela e a discrição em demasia são consideradas pela maioria das pessoas como enormes virtudes.

Para mim não. Nunca foram. Porque sempre as associei a uma overdose de hipocrisia ou até mesmo de grande falta de coragem. Coragem de quem vê, sabe e sente tudo o que se passa e rodeia e que está errado, mas .... nada diz!

No entanto prefere o silêncio cúmplice perante manifestas injustiças,  faltas de respeito pelos outros e o que alguns dos ‘outros’ representam.

Tivemos 48 anos ‘disto’.

Sempre Portugal conviveu bem com ‘isto’.

Nunca saberei porquê, mas foi e é a mais pura das verdades.

Nós sempre preferimos mudar de lado. Sempre para aquele que melhor convém e que mais paga.

Por exemplo, conheço imensas famílias, cujo ‘patriarca’ na noite de 24 de Abril, adormeceu fascista e na manhã do dia 25 acordou comunista!

Aquele que discordar desta constatação, que atire a primeira pedra.

A vida sempre esteve talhada para esta gente. Que se cola aos vencedores e escarnece dos vencidos.

Não quero qualificar qualquer destas posturas, porque como diz o povo, “as ações ficam sempre com quem as pratica”.

Ações muito pouco dignificantes é certo. Só que, na vida de todos os dias funcionam, trazem inúmeras vantagens, gratificações várias e ainda alguns prémios de bom comportamento.

Como disse na entrevista dos 100 dias de presidência de Câmara ao semanário ‘Região de Leiria’ o presidente Aurélio foi claro, como nunca o tinha visto ser: “quem nos dá abraços, receberá de nós abraços. Já quem nos pontapeia, receberá de nós pontapés”.

Não discuto o direito que um presidente de Câmara ou outro qualquer dirigente tem de assim pensar, apesar de extremamente revelador, do que o move, do carácter que possui e dos sonhos que acalenta para a comunidade que dirige.

Mas, lá está, cada um é como é!

Não foi nada disto que me ensinaram a ser. Não é nada disto que procuro passar aos meus.

Que o oportunismo ou sentido de conveniências pessoais a tudo se sobreponham, é uma realidade antiga de séculos.

Como sei observar, até convivo bem com essa gente. Não os respeitarei nunca, mas encolho os ombros a toda essa espécie.

Agora, com o medo, devo dizer que lido muito mal.

Para mim, a cobardia é apenas asquerosa, inqualificável, oportunista e profundamente cínica.

Mas se representa a esmagadora maioria de todos nós, lá está, encolhem-se os ombros e seguimos em frente, na esperança não de dias, mas de pessoas melhores.

Uma derrota será sempre uma derrota, mas também, como um dia disse Mário Soares: “só é vencido quem desiste de lutar”.

No +MpM, ninguém tem de prestar contas a ninguém, porque ‘aquilo’ é uma espécie de sociedade Unipessoal. Um partido político não.

No caso do meu partido socialista, haverá eleições em outubro próximo. Ao que tudo indica, apresentar-se-ão a sufrágio pelo menos duas listas. Com pessoas diferentes, propostas distintas e formas de estar também elas diferentes.

Todas estas circunstâncias apenas revelam que milito num partido totalmente livre e inclusivo. É uma das formas da democracia funcionar na sua plenitude.

Todos os militantes serão convocados a decidir que futuro desejam, que líder preferem, que programa escolhem.

Só me resta desejar, independentemente de quem ganhe: “glória aos vencedores e honra aos vencidos”.

Agora, meias tintas, não muito obrigado.

Quem quer ser respeitado, que se dê ao respeito. Em coerência e sentido de missão. Porque de uma difícil missão se trata para a lista vencedora.

Temos um partido onde todos os cacos que ficaram no chão deverão ser colados. Um a um. Pacientemente porque todos os que sobraram de tudo isto são poucos para o futuro que se avizinha.

Comentários

  1. Não me incumbe concordar ou discordar, no entanto expresso o meu desejo de mudança para o caminho da dignidade, lembrando que, seja quem for que percorra os mesmos trilhos vai terminar nos mesmos destinos, e esses já conhecemos.

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