Ânsias de 'palco'.

 



Há muito tempo que cultivo uma teoria, que na política, como em outras ‘artes’, encontra uma aplicação completa e perfeita.

Considerando apenas duas características intrínsecas a todo o ser humano, mas com uma correlação que por vezes se torna fundamental na avaliação final que se possa fazer sobre o comportamento de qualquer pessoa.

Refiro-me à vaidade versus inteligência.

Estas características devem, a meu ver, saber-se equilibradas no comportamento de qualquer líder. No caso dos políticos, os equilíbrios entre esta virtude/defeito são sempre ténues. Muito ténues. Primeiro, porque todo o político ou a sua esmagadora maioria, têm sempre uma dose de vaidade qb. Gostam de palco, de protagonismo, de aparecer. Esses são sempre os líderes de grupo. Por vezes, os verdadeiros detentores do poder real, são os políticos discretos, que se encontram na sombra, nos lugares de decisão e de trabalho de formiguinha.

Na Marinha Grande, por exemplo, já existiram, pelo menos, dois presidentes de Câmara deste género. Vaidosos para lá do ‘quanto baste’. Um, pode sempre sê-lo, tinha um suporte (discreto e sereno) bastante competente nos seus executivos. Esse presidente sempre pode transformar-se num jarro de flores com pernas. Aparecia aqui, aparecia ali, em eventos públicos, até tinha alguma eloquência. Não deixava ficar mal ninguém. Sempre nos representou com a maior dignidade. Só que, tirando, a sua falta absoluta de complexos para se dirigir aos diversos governos que foram passando durante todos os anos dos seus mandatos (Secretários de Estado, Ministros, Primeiros Ministros e até um Presidente da República) era o seu único trabalho como edil. Poucos anos mais tarde apareceu outro(a) presidente, que tinha pavor a que lhe fizessem sombra. O único centro de todas as atenções possíveis tinha de recair sobre ela própria. Pagou essa estranha forma de ser nas urnas. E pagou com enorme estrondo!

Mas, estava eu a falar da minha teoria Inteligência/vaidade, porque por observação de qualquer tipo de líder, facilmente se conclui um princípio determinante e infalível. Qualquer pessoa pode ter essas duas características em simultâneo. Ser vaidoso e inteligente. E, no fundo, todos nós, de uma forma ou de outra, somos um pouco assim. Até posso admitir com relativa facilidade que uma só pessoa possa ser extremamente inteligente e bastante vaidosa. Agora, meus caros, quando a vaidade ultrapassa a inteligência, … passa a existir uma espécie de desgraça que recai no narcísico, naquele que se apaixonou por si mesmo que, por isso mesmo, relega para segundo, terceiro ou mesmo quarto lugar o valor da sua inteligência que vai ficando ‘apagada’ pela extrema vaidade que o caracteriza ou, passou a caracterizar desde que ocupa um lugar publico de liderança e de putativo poder.

Muitos erros já foram cometidos pelo atual presidente de Câmara da Marinha Grande. Não se pode dar a esses luxos porque, já todos concluímos não se encontrar rodeado da competência necessária e suficiente para se poder dar a tanta exuberância e tanto protagonismo, e, em muitos casos, completamente desnecessários e injustificados.

Tenho falado com muitos amigos meus sobre este assunto. Digo sempre que tenho o presidente Aurélio como um homem inteligente. E, por isso mesmo, deveria saber reconhecer todos os seus excessos, erros, fracassos e precipitações. Nem todos os amigos com quem tenho falado, reconhecem nele o grau de inteligência que eu, ainda assim, lhe continuo a atribuir.

O último texto publicado no blog Rua 25 de Abril 36, do meu camarada e Amigo Telmo Ferraz fez-me pensar nas distinções atribuídas no dia da espiga – pomposamente rebatizado como o dia da cidade.

Sem querer abordar qualquer dos homenageados, nem tão pouco, toda a enorme lista dos ‘esquecidos’, pretendo juntar este tema a um outro tópico – os ajustes diretos.

Concentremo-nos apenas nisto.

Um dos homenageados fez parte da chamada ‘Comissão de Honra da candidatura do Engº Aurélio Ferreira’. Não ponho, de forma alguma, o mérito dessa distinção. Apenas lamento que tenha sido este presidente a escolher esse galardoado. Até parece que havia alguma urgência nessa homenagem. Não lhe ficou bem.

Noutro aspeto e pelo mesmo motivo, o ajuste direto a outro membro da mesma ‘Comissão de Honra’, não dignifica absolutamente nada este presidente. Ainda mais pelos valores financeiros praticados. Só quem não conhece os cachets de artistas consagrados, pode dizer que, como já ouvi: “até foi barato”.

Em boa verdade, se fosse eu que estivesse no lugar de qualquer um desses 'comissários' recusaria imediatamente qualquer dessas propostas. Por uma questão de ética e de honradez. Valores cada vez mais em desuso bem sei. Mas nestas coisas, prefiro ser conservador ou simplesmente parvo a embarcar em qualquer justificação barata deste tipo de comportamentos plenos de soberba, manifesta indiferença pela opinião dos seus pares e absoluta falta de respeito por todos nós. Já para não falar na enorme lista de ‘esquecidos’, alguns mais chocantes que outros naturalmente.

Tenho para mim, que no que respeita a este presidente, a sua enorme vaidade ultrapassou definitivamente a sua (muita, pouca ou nenhuma) inteligência, pelo simples facto de continuar a ter a mais absoluta certeza de ter agido corretamente.

Lamento, que houvesse tanta urgência em fazer uma espécie de ‘Gala dos Globos de Ouro da MG’, para que tenha sido ferido de legalidade todo o processo de atribuição de distinções publicas. E, mais lamento que a CDU e o PS tenham deixado passar esta ‘urgência’ do presidente de Câmara. Se eu fosse vereador perguntaria: “Qual a urgência nestas homenagens, para terem de ser feitas já e nestes termos?”. E votaria contra, como é óbvio.

Mas ia parecer mal. E ainda por cima iria, certamente, ser mal interpretada essa minha atitude. É pena, mas as aparências ainda têm um peso enorme em muitas decisões públicas!

Lamentável.


Comentários

  1. Esqueceu-se de falar que o único homenageado pelos anteriores executivos foi o Sr Joaquim Matos.
    Muito justa e merecida. Mas não havia mais munícipes a merecer serem reconhecidos?
    Se nos últimos 20 anos tivessem homenageado 10 munícipes por ano já teríamos 200 homenageados! E quem governou durante estes anos? Foi quem critica agora.
    Pela primeira vez alguém tomou a iniciativa de reconhecer munícipes.

    A ira cega e é má conselheira.
    Não fizeram e criticam quem faz!

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    1. Rui Teodósio Pedrosajulho 01, 2022

      Neste blog, respostas a comentários de anónimos acabaram!

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    2. Oh... amuou...

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    3. O Rui António não percebeu ainda que as pessoas sérias não estão para ser enxovalhadas.
      Todos sabemos que a sua forma de estar não passa por discutir ideias ou projectos mas enxivalhar quem não alinha pela sua cartilha.
      Repeite os outros para se respeitar a si próprio.

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    4. Como não tem resposta para as questões que lhe coloquei foge dizendo diz que não responde a anónimos.
      Pode chamar nomes mas responda!

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