Lena (1951-2022)

 


Lena (1951-2022)

Era minha prima. Das chegadas, senão mesmo, a mais chegada por parte da família da minha mãe. Amavam-se profundamente, como se de mãe e filha se tratassem.

A Lena sempre viveu a vida num sopro, cheia de gente em volta dela. Viveu, de facto, depressa demais. Há dois meses estava a tratar de realizar uma festa, como só ela sabia fazer para celebrar os seus 70 anos. “Óh Rui, o que é que queres, sempre adorei os meus aniversários, mas desta vez não!” “Odeio ter 70 anos”.

Vamos para a minha casa no Douro uns 50 amigos (já reservei hotéis e pousadas para toda a gente).

Vamo-nos divertir todos a ver se isto passa.

Nem chegou a fazer 71.

Como tantas vezes me disse: “eu não acredito em nada. Mas quando estou aflita, penso sempre que a ter uma estrelinha no céu que me protege é sempre na tia Nela que penso. E em mais ninguém”.

Devem estar fartas de rir agora que se reencontraram. Eram parecidas em tanta coisa. Que é o que costuma acontecer entre mães e filhas.

Até um dia. 

E, já agora, dá um bj à minha mãe.


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