Putas e Vinho Verde.

 


Hoje, quando regressava a casa na estrada da Marinha, passei por uma brigada da GNR que se encontrava, escondida, na faixa do lado esquerdo.

Como é evidente, fui avisando com sinais de luzes todos os condutores que vinham em sentido contrário. E todos, sem qualquer excepção, agradeciam e reduziam a velocidade. A cada gesto de agradecimento, sentia-me bem, sentia-me confortável e cúmplice com todos os automobilistas que fui prevenindo da presença eminente da autoridade.

Como vinha devagar, até porque 20 € de gasóleo, reduziram 40 Km de percurso. Os 20 euros, mantêm-se, a distância que permitem realizar é que ‘encolheu’; comecei a pensar, que nós os portugueses temos umas características, no mínimo, curiosas. Somos todos cúmplices em certas ‘coisas’ que, os povos do norte da Europa, simplesmente não toleram.

Por exemplo, se no café, alguém disser que está a ser cada vez mais difícil ‘fugir’ ao fisco, mesmo que seja o dono do café a fazer um comentário do tipo: “é pá, isto cada vez tá mais difícil receber por baixo da mesa”, automaticamente nos solidarizamos e respondemos qualquer coisa assim: “tudo o que conseguires fazer passar por baixo, passa, que os gajos não passam de uns ladrões!”.

Isto vale também, no nosso mecânico, barbeiro, restaurante, pastelaria ou café que frequentamos e pagamos. Mas, sentimo-nos cúmplices e colaboramos na ‘fuga’ aos exagerados impostos praticados.

Uma vez contaram-me uma curta história que é assim: “se na Alemanha, ao balcão de um café, alguém ouvisse outro cliente em conversa dizer que estava a ser difícil ‘esconder’ rendimentos, o mais certo seria a denúncia às autoridades fiscais. Este tipo de atitude faz parte dos nossos amigos europeus. Dos ricos da Europa do Norte. Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, tudo gente proveniente dessa espantosa civilização que foram os Vikings. Incluem-se ainda neste saco de elevada superioridade moral e fiscal, os Alemães como é óbvio e os Holandeses (que a única ‘coisa’ de jeito que tiveram depois do século XV, foi a ‘importação’ maciça de Judeus, provenientes da Península Ibérica, após um clamoroso e irreversível erro, da Santa Madre Igreja. Este episodio infeliz na nossa história ainda hoje tem repercussões enormes na economia e desenvolvimento tanto em Espanha como em Portugal.

Há poucos meses atrás, a propósito de uma troca de opiniões no Facebook sobre esquerda e direita, recebi umas mensagens de um português que vive na Alemanha, que traduzia não mais do que alguns chavões envoltos na superioridade germânica. Do género: “o meu dinheiro não deve servir para ajudar seja quem for” e outras considerações avulsas.

De facto, a frieza dos países do Norte da Europa permitiu um estado de avanço económico brutal por comparação com os países do Sul a partir de certa altura. São povos com cabeça e coração frio que se preocupam muito com a eficácia, com a estratégia, com o trabalho, com a competitividade, com a grandeza que lhes advém da sua enorme superioridade demonstrada nos últimos dois séculos. Superioridade essa, até genética, de “raça”, enfim… A raça Ariana.

Na primeira frase do Hino Nacional da Alemanha vem tudo explicado acerca do que pensam deles próprios:

Deutschland, Deutschland über alles
Über alles in der Welt

Ou seja:

“Alemanha, Alemanha acima de tudo
Acima de tudo no mundo”.

Tudo gente modesta como se vê.

Nesse infeliz episódio acerca de esquerda e direita, das suas definições e valias, apercebo-me que existem muitos complexados portugueses radicados na Alemanha, há alguns anos, que se deixaram ‘germanizar’ e interiorizaram estas primeiras frases do Hino Alemão. Mas isso, como em tudo, são opções. E, como é evidente, cada um faz as suas. Cada um é como é.

Vinha a pensar nisto, quando me lembro da postura do ex-ministro das finanças holandês, que nos definia desta magnífica forma, aquando do resgate financeiro: “os portugueses só querem é putas e vinho verde”.

Como todos se devem recordar, esta foi a expressão que esse distinto holandês utilizou. Letra por letra.

Pois bem, impõem-se então uma breve análise. Porque está a Europa neste momento confrontada, com esta guerra. Após 70 de paz. Coisa nunca vista em séculos e séculos. Porque os povos do norte, do alto da sua indiscutível superioridade económica, intelectual e histórica se encontram energeticamente dependentes da Rússia.

Já os povos do Sul, onde … “a corrupção, o tráfico de influências, mediocridade e mandriice imperaram sempre”, até apresentaram à Europa civilizada alternativas energéticas. Liminarmente rejeitadas diga-se.

Na altura do regate económico toda a superioridade nórdica resumia-se a esta simples frase: “Estamos a gastar o nosso dinheiro a ajudar essa pobre gente, com este resgate absurdo. Eles que caiam, que saiam da Europa, onde, de resto, nunca deveriam ter entrado”.

Na vida, ninguém ajuda ninguém. E, a nossa falência pagou-se e está a pagar-se com juros. Não houve qualquer dádiva ou entregas a fundo perdido. Todos eles (UE, BCE e FMI) ganharam com a nossa falência. E ganharam muito!

Os dois últimos chanceleres alemães, revelaram à saciedade a sua política de interesses, de corrupção, recusaram a proposta ibérica unidos com a França, do gasoduto Ibérico. Privilegiaram as negociações com Putin repartindo mais valias e interesses vários.

Neste momento, toda a Europa está e vai continuar a estar e a pagar todas estas brilhantes estratégias económicas, que qualquer comerciante sabe, não se dever seguir nunca, porque nunca devemos ficar dependentes maioritariamente de um só fornecedor. Aquilo que qualquer investidor no mercado de capitais, por mais imbecil que possa ser, sabe: não se devem pôr todos os ovos no mesmo cesto.

Poucos de nós valorizam as suas origens e o seu berço. E quando me refiro a estes ‘qualificativos’ quero dizer educação, cultura, engenho, inteligência demonstrada ao longo de séculos e séculos, avanço científico ao longo dessa mesma história, etc. E, em todas estas matérias, que ninguém nos venha tentar sequer dar lições do que seja.

Nós, somos gregos, somos ibéros, celtas, lusitanos, somos judeus, somos árabes, fenícios, romanos, africanos, brasileiros. Somos antigos. Antigos de milhares de anos. Não de séculos, como certa gente!

Nós, os espanhóis, os gregos, os italianos, não recebemos lições dos alunos a quem ensinamos quase tudo.

Fica a pergunta a todos os portugueses germanizados, egoístas, pedantes, arrogantes e naturalmente imbecis: Onde estavam, quem foram e de onde vieram os Unos, os Godos e Visigodos?  Mas afinal quem eram todos vós, há três mil anos, dois mil, mil, quinhentos? Onde estavam as vossas civilizações? A vossa cultura?

Onde estavam vós e quem são vocês que nos trouxeram no século XX duas guerras mundiais e estão a arrastar-nos a todos neste século para assistir à terceira?

Que fronteiras construíram? E, já agora, que fronteiras são essas que têm uma ou duas dúzias de anos? É que as nossas, têm séculos e são as mesmas. A nossa língua, a nossa cultura, toda a nossa história, arte, literatura são das mais ricas do mundo.

Quem são vocês para nos reduzirem à curiosa frase: putas e vinho verde?   


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