Avestruzes.

 


 

Nunca gostei de meias-tintas. Em nada na vida. O direito ao uso de meias-tintas, para mim, é apenas conferido ao mundo das artes e aos pintores da construção civil. 

Nada mais!

Costumo dizer que apenas sou leal (porque fiel é nome de cão) aos meus Amigos incondicionais e a todos os meus sagrados princípios. Quanto a tudo o resto, estou-me sinceramente marimbando. Se gosto, gosto, se me identifico, identifico, se me revejo, revejo e, ponto final!

Bem sei que é uma estranha forma de vida. Não compensa, não permite ascensões meteóricas nem contínuas nem lentas. Em termos globais, perde-se sempre.

A franqueza, vulgo frontalidade na manifestação de opiniões nunca granjearam nada de bom para quem é assim. Desassombrado.

Com tudo isto, não estou a dizer que tenho sempre razão. Era o que mais faltava. Ninguém tem sempre razão! Ninguém.

Só que prefiro não ter razão ao cinismo reinante. Tipo, todos (e são a esmagadora maioria) que não apresentam nem curriculum nem coragem de dizer que o Rei vai nu, quando efectivamente todos sabem que assim é.

Caso o tempo ou os Amigos me apontem que estive errado, não tenho qualquer problema em assumir o erro. Como na frase de Bento de Jesus Caraça, escrita em bronze numa parede da minha Escola: “se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a corrigi-lo”.

Agora lições de ética, de moral, de história, vindas de todos os que preferem não ver e enterrar a cabeça na areia? Não muito obrigado.

Tenho lido, por aqui e por ali, diversos defensores do indefensável.

Alguns deles são pessoas que prezo, que respeito. E, continuarei a respeitar.

Lamento apenas, que a cegueira política absolutamente inexplicável os tome a todos e os faça escrever certas atrocidades que diariamente vou lendo por estas bandas.

A Ucrânia, país democrático e soberano foi e está a ser invadida. A culpa é dos ucranianos, da Nato, da contra informação.

Francamente!

Tenham ao menos a noção do ridículo.

Ucranianos a matar ucranianos, com o objectivo de criar cenários atrozes e tornar real o que é irreal?

Tenham, ao menos, respeito por vós próprios! E, já agora por todos os valores que gritam respeitar.

Mas isto faz-me lembrar as comemorações do 18 de Janeiro. O sindicato dos vidreiros e o Partido Comunista da Marinha Grande acham-se no direito a ter a total exclusividade em tudo o que a essa data diga respeito.

Valha-lhes Deus. Nunca ouviram, nem leram acerca dos movimentos anarquistas. E, com isso, apenas eles têm o direito a opinião. Acerca do vidro, da história, dos vidreiros, das suas lutas?

Nunca pensei escrever isto: A esquerda, não é exclusividade de ninguém, assim como a verdade não é propriedade de várias correntes. Apenas porque, a verdade é só uma. Doa lá a quem doer.

O Que a Rússia está a fazer não tem qualquer justificação. Muito menos apontar os erros de outros países para justificar toda a carnificina que se vive diariamente na Ucrânia.

Os EUA erraram, roubaram, mentiram diversas vezes nos últimos 50 anos? Sim é verdade!

E isso justifica o quê?

Todos os silêncios cúmplices acerca do presente?

Termino com uma pergunta retórica: algum comunista português, condenou, falou ou escreveu sobre a cleptocracia que se viveu e vive ainda em Angola desde 1975?

Pois é!

A “superioridade moral” de certos democratas, por vezes faz-nos lembrar, que de superioridade nada tiveram e de moral nada têm.

Lamento.


Comentários

  1. Acordar e ler este artigo e iniciar o dia mto, mas mto bem. Excelente Dr. Rui, orgulho nessa tua forma tao simples de estar . So escreve e diz o que pensa sem rodeios como tu, aqueles que nao se alimentam de egos. So se enganam a eles, porque no meio de tanto ignorante ainda aparecem inteligente. Gracas a Deus!

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