A 'Fluquinha'.



Quem vai lendo este bloguezinho, já se apercebeu que gosto de cães. Estou mesmo a falar dos animais. Dos cães. 

Tenho 5.

Nem em garoto sonhei ter uma matilha deste tamanho. Os últimos dois que por cá foram ficando com tanta ‘gente nascida nesta casa nos últimos dois anos’ foram mesmo o FLUC e o DOUTOR. Não deve ser um acaso esta distribuição de nomes. Um, nada mais é que o conjunto de iniciais da minha nova Escola (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra), já o mais novo, parece que se quer doutorar por lá.

Tudo isto é engraçado, porque me obrigou a pensar em duas coisas: Bolonha e as pequenas vaidades das doutorices em Portugal!   

Bolonha.

Quando os nossos ‘bacharéis’ passaram a ser licenciados.

Em todas as ordens profissionais, os respetivos bastonários, em lugar de representarem o topo de uma ‘Comissão Científica’ foram-se transformando em delegados sindicais, com direito, claro está, ao aparecimento público em telejornais quase constantemente.

Há, o magistrado, o advogado, o engenheiro, o médico, o arquiteco, o economista o sociólogo, o psicólogo, etc.

O que sempre existiu foram profissões cujas respectivas Ordens Profissionais automaticamente confirmavam todos os novos membros, apenas porque tinham terminado os seus exames dos respetivos cursos onde se inscreveram. Isso, antes dos acordos de Bolonha sempre  existiu.

Por exemplo, quando eu quis ser membro da Ordem dos economistas tive de apresentar o meu diploma da Universidade onde tinha, digamos, tirado a ‘carta de economista’ e quantos anos e cadeiras tive no curso que frequentei.

Todos os licenciados pelo ISEG, têm, neste momento, de fazer o chamado ‘exame à Ordem’, para poderem ser considerados entre os seus pares, como iguais.

Já ninguém liga a estas coisas, apesar de sermos um país de doutores e engenheiros. As únicas pessoas que ligam a todas estas pequenas vaidades, para não dizer, absolutas merdices, são todos os que neste contexto, nada são.

Na política é usual. Apenas porque, a política tem andado bastante frequentada por aqueles que dela necessitam, nem que seja para se sentirem reconfortados em todos os seus enormes complexos.

Lembram-se da Drª Cidália?

Nunca passou, e com todo o respeito, até porque a minha mãe também o foi, de uma professora primária. Acontece, que a minha velhota, nunca se deixaria chamar de senhora doutora, como certa gente, que provavelmente, nunca se preocupou em seguir o percurso de todos os seus alunos, pelo menos até ao antigo 5º ano do liceu. Como era o caso da minha mãe, a quem todos eles continuaram sempre a mostrar as excelentes notas que obtinham. E, de resto, ai deles que assim não o fizessem!

Ainda hoje os ouço, “com a tua mãe, foi sempre a patinar até ao fim do 5º ano (atual nono), nunca estudei!”

Uma vez, uma amiga minha disse-me, do alto da sua enormíssima sabedoria e percurso, que o seu CV tinha mais de 80 páginas. Isto antes de ter feito 50 anos!!!

Constactei também que a Fluquinha desta história possui um CV a metro. Concluiu a sua formação superior numa 'espécie' de faculdade e, ainda, tudo o que fez profissionalmente, nem que tivesse tido apenas a duração de 1 mês por exemplo vem por lá escarrapachado. Enfim. Minudências. Ridículas formas de exacerbar complexos. Gente mesquinha com toda a certeza.

Eu, quando me candidatei à Universidade de Coimbra em 2018, olhei para todo o meu percurso e verifiquei que o meu CV tinha 1 página e ½.

Não me deixei intimidar com isso e lá concorri. E, por lá ando.

As vaidades versus complexos do pessoal sem curso superior digno desse nome, transformam ou vão contribuindo para transformar pessoas normais e decentes em agentes ressabiados e vingativos, porque extremamente complexados. Vá lá saber-se porquê?

O tempo, vai dar-me razão!

Até 2025, tudo isto que agora escrevo vai parecer pouco.

Ou mesmo quase nada.

Se é que me entendem?


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