Só aí.

 

Esta semana regressei a esta Casa e por lá deixei isto, na esperança que um dia, algum dos  meus filhos, o encontre no mesmo lugar.

Não é que esteja particularmente bem escrito e pontuado. Trata-se apenas de uma ideia que cada vez mais, sinto como autêntica. Pelo menos no que à minha vida respeita.

Quando,
finalmente,

tudo se tornou claro e limpo,
a tua cabeça ficou bem arrumada,
os teus sonhos bem definidos,
e ainda foste capaz

de reunir toda a força necessária

para os ir alcançando,
a todos,

um por um;
....
Quando,
tens, no teu percurso,
uma enorme dose de sofrimento,
de perdas
e amarguras várias;
....
Quando,
tudo e quase todos,

te descartaram

como se não passasses

de um imprestável e simples inútil;
...
Quando,
a tua imagem ou mera presença,
estragava a foto de grupo
ou até mesmo,
a de família;
.....
Quando,
conseguiste reunir tudo isto no coração

e tudo aceitaste,

para tudo conseguires entender;
...

Nessa altura, ...
só nessa altura,
te encontraste devidamente preparado

para percorrer

a enorme caminhada

que é o resto da tua vida.

E,

recomeçar tudo novamente;
....

Só aí;
....
Porque,
só aí,
reside a paz absoluta de espírito

e toda a serenidade

que foste conseguindo acumular

com o rodar de todos os anos que já viveste.
...
Só aí,
porque,

todos,

e foram muitos,

que não sobraram de tudo isto,
afinal tinham ultrapassado

quase tudo o que foste capaz de aguentar.
E de resto,

de interessantes,
nada tiveram,
como amigos,
nada foram
e,
no que respeita,
à maioria dos amores,
afinal de contas,
nada valeram!
...
Só aí,
serás capaz de renascer.