PS Eleições Concelhias.

 


No próximo trimestre, o Partido Socialista irá votar a constituição dos novos órgãos concelhios. Isto é, todas as Secções, Comissões Políticas Concelhias e Mesas das Assembleias Gerais de Militantes por Secção.

Como todos sabem, o PS da Marinha Grande encontra-se a sair, finalmente, de quatro anos para esquecer. Desde a sua fundação na Marinha, inicialmente apenas com duas Secções, nunca se assistiram a dias tão terríveis como os últimos 48 meses. Nunca. E, em boa verdade, todos nós sabemos que assim foi! Não vale a pena tapar o sol com peneiras ou panos ou supostas lealdades eternas. O Partido Socialista da Marinha Grande bateu fundo. E com estrondo!

Não vale a pena enumerar nem as causas, nem os protagonistas de tão infelizes tempos. Não vale a pena, até porque todos nós, socialistas ou não, há muito que sabemos dar respostas a todas essas perguntas. Tão difíceis, tristes e humilhantes anos foram os últimos 4 para o PS.

Costuma dizer-se que a experiência ensina. Ou deve ensinar. Por isso, trago em mim muito otimismo relativamente ao próximo biénio. Sim, porque com os anos, todos aprendemos que a vida sempre foi e será composta por ciclos. Uns maiores que outros naturalmente. E uns melhores que outros. Foi sempre assim. Será assim sempre.

Este texto procura centrar-se no nosso futuro imediato, enquanto socialistas e Marinhenses. Marinhenses sim, por aquela coisa do: “Marinhenses, Vieirenses e Moitenses”, para além de profundamente saloia e desadequada por ser a antítese dos que defendem a inclusão, a não discriminação, a rivalidade bacoca e provinciana, que só nos tem afastado. Umas vezes com comparações mesquinhas, outras promovendo um sentido de superioridade ridículo. Outras ainda, imbuídas de complexos vários. Alguns com mais de cem anos. Que é esse, exatamente, o tempo que nos une até hoje.

Eu, como vieirense, só posso dizer que os 13 Km entre as duas freguesias, são a distância que nos aproxima. E não aquela que sempre nos separou.

Levei anos a chegar a esta simples conclusão. Porque por vezes é mais fácil entender e alimentar distâncias que proximidades.

Estamos todos, penso, fartos de caça às bruxas, cansados de autoritarismos e contradições internas e externas, de conflitos antidemocráticos por desconhecimento do que são órgãos colegiais de consulta e de execução de estratégias.

Um partido político é um grupo de pessoas em volta do mesmo ideal. Todos diferentes. E, quanto mais diferenças existirem mais rico é esse partido. Porque é na diferença que se cresce e que se aprende. É na discussão que se alteram pensamentos e naturalmente se melhoram, porque mais enriquecidos com as opiniões dos outros.

Todos sabem que não foi assim ultimamente. Todos sabem. Só que uns foram cúmplices, outros calaram-se e foram-se afastando e outros, muito poucos, como foi o meu caso, sempre foram gritando o que lhes ia na alma ao constatar tamanha desgraça que se ia abatendo sobre os Socialistas da Marinha Grande.

Nesta altura, passado quase meio século da fundação do Partido, cumpre ter a memória intacta. Nunca esquecer todos os que nos antecederam e foram muitos. Tantos. Homens Bons, democratas, republicanos, lutadores pelas causas justas como a liberdade e a solidariedade. O nosso Partido sempre foi um partido aglutinador, inclusivo, antielitista, multicultural, onde todos cabiam. Onde todos tinham a porta aberta. E, acima de tudo, onde todos se podiam manifestar livremente.

Relembro, assim, de repente, todo um conjunto de pessoas do passado e do presente: Rui Couceiro, Telmo Neto, Fernando Pedro, Artur Neto Barros, Osvaldo Castro, Álvaro Órfão, Maria Fernanda Pinto, Armando Teodósio, António Raposo, Mário Roldão, Paulo Vicente, Tereza Coelho, Rui Rodrigues, Telmo Ferraz, Álvaro Martins, António André, Raúl Parreira, Henrique Rodrigues, Helena Branca Teodósio, Álvaro Cardoso, Fátima Malesso Cardoso, José Valada e todos os recentes militantes que engrossaram as nossas fileiras. Gente nova e completamente independente sem quaisquer interesses pessoais. Camaradas com percursos profissionais brilhantes, como por exemplo o Bruno Santos, João Mendes, Luís Toscano, Pedro Marques, Mário Mendes, etc, etc, etc.

É nesta junção entre o passado e o presente que iremos construir, estou certo disso, um futuro, que se deseja, exigente, inteligente, autocrítico, colegial, moderno e com os olhos postos não no horizonte de um mandato (com todo o eleitoralismo e más decisões como costumam ser as do costume), mas com um horizonte de visão de médio e longo prazo.

Só assim podemos deixar de ser um gigante económico, MAS um anão político. A Marinha representa atualmente a tecnologia de ponta, evidencia índices de exportação brutais, por comparação com quase todos os concelhos. Temos de ser mais ambiciosos, mais íntegros na política. Sérios no estabelecimento de compromissos políticos alargados a todas as forças partidárias e movimentos de cidadãos. A política não deve ser para alimentar egos e poderes da treta. A política é, quer queiram quer não, a atividade mais nobre de entre todas, porque apela à noção de cidadania, entrega aos outros e à gestão competente da ‘coisa pública’.

Deposito, passados estes anos, que são, verdadeiramente para esquecer, todas as melhores e maiores esperanças no futuro do PS no nosso Concelho.


Comentários

  1. Parabens! Mais uma vez, um homem que sabe analisar o que de mau se passou sem com isso deixar de dar apoio qdo necessario. Grd caracter!

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