Ouvir as duas partes?

 

“Finalmente, sim, acho que devemos informarmo-nos sobre as razões que nos trouxeram até aqui, ouvindo as duas partes.”

Este 'inspirador' pensamento, vindo de um ex autarca da Marinha Grande (Armando Constâncio) que se tem como um iluminado, mal compreendido e preterido por todos os ingratos do sistema, não apresenta nada de muito surpreendente. Vindo de quem vem, como é óbvio.

Não há guerras boas e guerras más.

Há guerras. E existem, claro, as razões que as sustentam. Mas, há sempre quem tenha razão, assim como há quem não a tem nem nunca a teve.

Admiro o povo ucraniano.

Aceito com bastante orgulho toda a sua conduta. Neste conflito tão ridículo como evitável.

Totalmente evitável!

Por vezes dou por mim a pensar que em pleno século XXI, ainda há nações que tal como nós, portugueses há quase 900 anos soubemos defender o nosso ‘espaço’, a nossa cultura e a nossa liberdade.

Séculos passaram e ainda existem estes valores bem como gente do mesmo calibre.

Não deixa de me comover a atitude de todo um povo, que, simplesmente poderia tombar as armas e evitar milhares de mortes, que, certamente se irão contar ainda.

Preservar a Liberdade e a Independência de uma forma tão heroica, quase suicida, de uma nação tão ou mais antiga que a nossa, é em si mesmo, um enorme desafio a todos nós e a toda a capacidade física e mental de um povo inteiro que tudo aguenta.

Agora, aqui, em Portugal, ler escribas que durante anos foram arautos do comunismo, puro e duro. De Lenin a Stalin, escrever que se têm de ouvir ambas as partes, depois de escrevinhadas algumas frases pseudopacifistas, não me movem sequer qualquer tipo de comentário.

Apenas uma breve comparação:

Deveriam os democratas europeus nos tempos de Churchill e do blitz ouvir a razão dos nazis e a razão dos Judeus?

Pois.

Também penso que não.