A Guerra dos Tronos II - Os Pelourinhos da Vereação.



Há muito, muito tempo, quando o Rei dos Azuis governava, tudo parecia decorrer dentro da mais respeitosa e transparente cooperação. Pelo menos após a ‘fusão’ entre os dois reinos. O Azul, de muito maior dimensão, visto ter anexado terras e população em grande número ao Reino dos Cor de Rosa, numa guerra, chamada por todos, de ‘Guerra dos 8 anos’. Após a última batalha, claramente favorável aos azuis, resolvem os dois reinos, após inúmeros esforços diplomáticos encabeçados por um velhinho cor de rosa, que sem que ninguém do seu reino tivesse tido prévio conhecimento, prometeu ao Rei dos Azuis, dois Vassalos em troca da ‘Corneta’ do Reino. Ou seja, cada vez que as cortes tinham de reunir, seria esse velhinho a tocar a corneta para a chamada. Após isso, todos começaram, obviamente, a chamar-lhe: “O Corneteiro”. Só servia para aquilo, soprar de tempos a tempos numa corneta, que, de resto nunca tinha soprado antes, por absoluta falta de experiência e manifesto mau jeito. Mas, pronto, lá conseguia extrair uns estranhos sons e os nobres apareciam nas cortes, sempre com um ar gozão quando comentavam os estridentes e estranhos sons que naquele tempo eram retirados daquela velha, mas prestigiadíssima corneta!

O Rei dos Azuis decidiu, unilateralmente, entregar algumas funções aos dois Vassalos cor de rosa. Coisas poucas, sem importância aparente, como a gestão dos castelos ou seja olhar para as paredes dos mesmos e decidir se se teria de fazer qualquer reparação, nem que fosse, por exemplo comprar velas, lenha e afins; transporte de carroças, coches, aluguer de cavalos, venda de bois, etc; verificar se os trilhos estavam bem conservados, bem como todos os seus acessos públicos; contratação de mulheres para limpar as macas e camas aos doentes do reino, contratação de empregadas para assegurar a limpeza das poucas escolas, arranjo de janelas e paredes, contratação de cozinheiras e … por ai se ficaram as novas funções entregues aos dois Vassalos oriundos do Reino Cor de Rosa.

Os tempos lá foram passando, sendo que os opositores cor de rosa, desalinhados com a conduta do corneteiro e dos dois Vassalos, concluíram que todos aqueles fretes entregues à gestão dos novos Cor de Rosa, mais não eram que funções menores, sem palco e sem importância relevante!

Em diversas reuniões lamentaram a aceitação dos dois Vassalos aos ‘pelourinhos’ que lhes tinham sido atribuídos, atendendo a que nem de pelouros se tratavam.  

E eis que o Rei resolve entregar á sua Rainha toda a responsabilidade de chefia dos carros de bois para transporte de pessoas bem como o aluguer de bois e cavalos ao povo que deles necessitasse.

O Vassalo Cor de Rosa, tinha sido literalmente, passado para trás. Mas, tal como esperado, não reagiu mal. Nem se considerou ofendido ou desautorizado. Quando foi confrontado pela Rainha Cor de Rosa acerca do assunto, limitou-se a repetir o que o Rei dos Azuis tinha ‘argumentado’: “Questões de ordem legal impediram que o Vassalo assumisse aquelas funções previamente acordadas”.

Caso este Vassalo tivesse uma ‘atitude’ diferente e digna, após reunião com a Rainha dos Cor de Rosa, entregaria todas as pequenas responsabilidades que lhe tinham sido atribuídas pelo Rei Azul. Mas como esta história é de ficção, tal nunca aconteceu.

E, … como terminam todas as histórias para crianças, … “viveram todos felizes para sempre” até ao Ano da Graça de Deus de 1.025.


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