Para ser Socialista, não tenho de estar no PS!
Depois de certa idade, que me lembre, sempre perdi muito mais do que tudo o que fui conseguindo ganhar.
Por culpa própria
evidentemente. Mas em todas as opções que pela vida fui tomando, ainda não
vislumbro nenhuma que me tivesse feito arrepender. Arrepender de uma forma
absoluta.
Não interessa se
consegui ao longo dos meus 53 anos, reunir um vasto número de grandes amigos.
Os amigos não são quantificáveis. Por isso o pouco, por vezes é muito e vice-versa.
Acontece que a
esmagadora maioria dos meus Amigos vem sempre com a mesma lengalenga: “expões-te
em demasia, ninguém tem de saber tantas coisas que escreves” e, por aí adiante.
Depois de ouvir estas
coisas fico sempre a pensar no porquê da minha teimosia em tudo continuar na
mesma.
Chego sempre à mesma
conclusão. Se ninguém se manifestasse acerca de tudo e mais alguma coisa
(quando de coisas importantes se tratam), a velocidade de todas as alterações, quer
de comportamentos, quer de rituais sociais, quer de valores, quer de direitos,
etc, seria muito mais longa no tempo. Por vezes, estou certo, demasiado longa.
Gosto de saber que o
meu Pai, o meu Avô, a minha Tia, nunca fizeram muita cerimónia com os seus
pensamentos e formas de observar a sociedade onde viviam.
Gosto de pensar que
vou ‘passando’ isso aos meus filhos.
É sempre mais fácil ir
ficando calado. Aparentemente indiferente. Quase de fora de tudo o que nos
rodeia.
Arranjei várias
antipatias e, nalguns casos, alguns odiozinhos de trazer por casa. Com pessoas,
momentos, instituições, circunstâncias e, até mesmo, com comportamentos
diversos de muita gente.
Se me der ao trabalho
de olhar para trás, em quase nada me arrependo.
É a minha forma de
dizer: “Viva a República, Viva a Democracia, Viva a Liberdade” que o meu Avô
António gritava para toda a gente ouvir no seu velho Café Liz na meia noite de
todos os dias 31 de Dezembro!
Apenas procuro isso.
Ter opinião por mais incomoda ou atrevida que seja. …. Deseja-se ‘apenas’
autêntica em toda a sua plenitude.
Coitados todos aqueles
que em nome de tanta coisa não são assim. É isso que sempre tenho dito aos meus
filhos.
Espero que entendam e
absorvam estas formas extremamente arriscadas de se ser e de se estar.
Ser autêntico e ‘aparentemente’
conflituoso é para poucos!
É apenas para todos os
que têm opiniões próprias e não as escondem para si mesmos.
Bem vistas as coisas,
todos estamos cansados dos hipócritas, dos politicamente correctos, dos “educadinhos”,
porque cobardezinhos e, de todos os outros que vão ganhando a vida a fazer o
que se espera deles. Concordar e bajular chefes, pisar os outros que estão em
baixo, na ‘cadeia alimentar’ de todas as organizações, trazer o ordenadinho
para casa, sem qualquer manifestação de culpa ou ‘discreto’ arrependimento.
Desses, provavelmente
ninguém leu esta Ode de Ricardo Reis, mas caso a tenham lido, uns, a maioria,
não a entendeu, outros, até talvez a tenham entendido, mas fizeram questão de
assumir que não conheciam nem o poema e muito menos o seu autor.
Este sim, é o retrato
mais nítido do que temos sido enquanto povo, que se despreza e que se vai
esquecendo de todas as suas raízes maiores.
Talvez seja por isso
que mantenho o meu blogue.
É que detesto esquecimentos
breves e manifestas ausências do mais elementar respeito pelo que fomos, pelo
que somos e, principalmente, por tudo o que podíamos ser.
"Para ser
grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Na Marinha Grande e no meu partido é exactamente isto que
se tem passado nos últimos anos. Uns nunca leram, outros leram e fingem nunca
ter lido. Sempre em benefício próprio claro está.
Estou muito cansado de tudo isso, se querem saber.
Cada vez tenho mais a certeza que o meu ‘tempo’ no Partido Socialista começa finalmente a chegar ao fim.
Sempre estive à espera da 'ordem de NÃO expulsão'.
Agora, e como as coisas se afiguram, nada me prende mais a este partido.
A lista para deputados por Leiria, retirando os primeiros três, não passa de um ajuntamento de boys, sem nada a mostrar. Como disse um dia Vasco Graça Moura, "querem poder, ... lambuzem-se nele". Esta frase destina-se a todos os Carlos Césares e Edites Estrelas desta vida que por lá pululam e por lá mandam! Assim como a outras figurinhas menores da nossa paróquia local.
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