+Mpm/Partido Socialista
Tirando a verdade, quase tudo na vida é dinâmico. Até mesmo
os valores mais sagrados, como a dignidade, honradez e integridade sempre foram
sofrendo pequenas alterações com o tempo e toda a sua inexorável e lenta
transformação.
O mesmo se passa na política.
A política, essa grande escola de traições, facadas e
enormes e inevitáveis hipocrisias.
Não pretendo, de forma alguma, confundir a floresta com a
árvore ou o contrário, caso prefiram. Como em tudo, há sempre quem ainda vá
fazendo a diferença. Desejo que sempre haja. Quem tenha a coragem ou mesmo a
parvoíce de querer fazer essa diferença. Até porque, na nossa sociedade actual, quase tudo corre ao
contrário. É por isso também que a ‘diferença’ é cada vez mais necessária!
Dispenso-me de exemplificar todas as enormes contradições
deste mundo cada vez mais desigual que é o nosso!
Há muitos anos, vi na televisão, uma entrevista com o Mário
Soares, onde afirmava, que não podia haver democracia sem partidos.
Era muito puto nessa altura e, obviamente não entendi coisa
nenhuma daquela conversa.
Anos mais tarde, ouvi num almoço qualquer cá em casa, a
minha tia dizer com enorme convicção essa mesma frase. E, cumpre dizer, que
nessa altura, não existiam movimentos de cidadãos independentes. Nem coisa
parecida.
Continuei a não entender. Só que dessa vez perguntei, porque
é que a minha tia pensava daquela forma? Quase como estivesse a responder a uma
pergunta tão evidente como fácil e até com algum mau modo, respondeu-me que as
pessoas podiam e deviam juntar-se em partidos ou movimentos desde que, acima de
qualquer outra coisa, comungassem dos mesmos ideais, princípios e valores
elementares que os pudessem distinguir como grupo de todos os outros grupos,
também eles organizados, dentro dos mesmos parâmetros. A forma conceptual de um
partido político congregava tudo isso.
Assim, qualquer democracia, necessitava sempre dos partidos
como forma prática e concreta de se manifestarem diferenças e aproximações
ideológicas. De princípios e formas de olhar a sociedade e manifestar
objectivos e estratégias para propor a sua transformação gradual.
Evidentemente que considero dinâmico o processo de evolução
da(s) forma(s) e método(s) de fazer política. Aceito portanto, qualquer
agrupamento de cidadãos, reunidos em volta de um objectivo comum.
Em eleições de âmbito autárquico, não me choca nem
escandaliza que surjam movimentos de cidadãos independentes a disputar
eleições.
Não irei fazer qualquer considerando acerca da forma e do
método com que o Mpm optou por estar e agir nos últimos 8 anos.
Por vezes perdemos tempo em demasia a observar o passado.
Mesmo o mais recente.
O nosso Concelho tem sido desde há 45 anos, gerido, numa
lógica de Benfica/Sporting. Se tu és a favor, eu sou contra e vice-versa. Tem
sido quase sempre assim entre as duas forças políticas com acesso ao poder no
Concelho da Marinha. PS / FEPU, APU, CDU. Em prejuízo claro de todos os
cidadãos.
Nas últimas eleições ganhou de forma bastante expressiva um
movimento de cidadãos independentes liderados pelo Engº Aurélio Ferreira.
Esta nova realidade nem me espanta nem me choca. É o que é.
Nada mais que isso.
Sinceramente, penso estarmos todos fartos e completamente
saturados de querelas estéreis que sempre foram atrasando o nosso progresso
colectivo enquanto Concelho caracterizado pela excelência mundial quer económica quer tecnológica e por uma mediocridade e mesquinhez absoluta em termos políticos.
Bem sei que existem regras de respeito evidente, claro e justo
nas formas de iniciar um processo de negociações políticas. No nosso caso, de
obtenção de uma maioria clara de governação.
Bem sei que devem ser os elementos vencedores a fazer
propostas de entendimento com o(s) partido(s) político(s) ‘vencido(s)’.
Aborrecem-me, no entanto a soberba e o desrespeito de alguns e a ‘teimosia’ de
outros em pensar que deverão ser abordados antes de abordar quem venceu.
Está toda a gente farta disso.
Estamos no século XXI. Já não vivemos no ano de 1975 e
décadas seguintes.
É o desenvolvimento do nosso Concelho e de todos nós que nos
deve unir a todos. Nada mais conta ou deveria contar.
Penso, no entanto, que no final das conversações ou mesmo na
falta delas, todos ficaremos pior.
E, estas coisas deveriam estar firmemente concluídas bem
antes da tomada de posse de todos os órgãos democraticamente eleitos!
É a minha opinião.
Só que tal não irá acontecer.
A falta de respeito elementar pelos princípios, também eles
elementares, da política democrática e partidária não será respeitada.
Assistiremos a um disfarçado desfile de egos, vaidades e
traições de quem foi a jogo debaixo da asa de um partido político ou de um
grupo de cidadãos que farão tudo igual ao que foi feito nos últimos 45 anos de
hegemonia partidária.
Oxalá esteja enganado mas, sinceramente, não me parece!
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