Fernão Capelo Gaivota.
Em qualquer bando de gaivotas há um Fernão Capelo.
Hoje, na praia da Vieira, foi este.
Nem sequer é bonito. É apenas o que vai mais longe que o
bando. Aquele que foge.
Os seus interesses estão, também eles, fora do bando a que
pertence. Sem pertencer. Por isso foi, mais tarde banido. Interessava-lhe pouco
a comida, os peixes, as traineiras, a pesca de arrasto, as redes cheias. Nada
disso lhe interessou. Só por sobrevivência. Nada mais.
A sua única motivação sempre foi o voo e o seu sentido.
A tentativa, por vezes desesperada, de conhecer porque tinha
asas. Não deveria ser apenas para voar em busca de um peixe qualquer para matar
a fome.
Por tudo isso sempre tentou aperfeiçoar as técnicas de voar,
de planar (para poupar esforços inúteis), de tentar todas as acrobacias aéreas.
Nessa altura, era uma gaivota jovem a quem o bando se foi
habituando a perdoar todas essas impertinencias só próprias de quem é puto. Até
que um dia … depois de um tonneaux invertido, cai e põe em perigo algumas
gaivotas do bando. É banido. Por todos.
E vai embora.
Só lhe restava a sua companhia e todas as incertezas de quem
busca algum sentido para além da sua capacidade inata de voar. Como todas as
aves.
Tinha apenas uma inquietação.
Conhecer o propósito do voo.
Apenas isso.
Esta foto, foi captada hoje na minha praia, pelas 19.00 h.
Lembrei-me do ‘Fernão Capelo Gaivota’ um dos melhores livros
que li e reli e fui relendo, sempre que procuro um sentido para qualquer coisa
além da vida de todos os dias.
Sublime livro.
O melhor da história foi tudo o que não descrevi.
Não se trata de uma dica ou lembrete.
Trata-se apenas do melhor livro alguma vez escrito.
Caso não tenham mais nada que fazer este Verão, façam favor!
De Richard Bach.
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