Só voto contra, se for secreto.

 



Se for secreto, eu voto!

Para quem deseja, acima de tudo o resto, ser Presidente da Comissão Política Concelhia da Marinha Grande do Partido Socialista, esta é das posturas mais infelizes que se pode imaginar! Antigamente, apareciam vários vendedores na Praia da Vieira, com um microfone totalmente enrolado em bocaditos de panos brancos e ‘colado’ ao pescoço por arames a vender caixinhas de banha da cobra, sempre 'feitos' com uma ou duas peixeiras que atestavam ali, ao vivo e a cores, como todas as maleitas tinham sido superadas por tão poderosa ‘pomadinha esbranquiçada’. Depois, era chegada a hora de aparecerem frascos de doce cheios de ‘lombrigas’ e o pessoal que se encontrava a passar férias, rejubilava com todo aquele cenário medieval e comprava, comprava, comprava. Escusado será dizer que as peixeiras tinham sempre uma comissão em todas as vendas.

Pois hoje, quando ouvi esta sublime frase ainda por cima vinda de quem veio: “se for secreto, voto contra”, respondi com uma pergunta simples acerca do real peso dos seus ‘tomates’ e depois disse apenas isto: “se durante o salazarismo, todos tivessem sido como tu, não teria havido qualquer antifascista a registar!”.

Nesta altura lembrei-me dos meus queridos Manel do Caís, Zé Moleiro, do meu Pai, do meu Avô, do meu tio-avô João Gouveia Pedrosa e do seu filho, Álvaro Gouveia Pedrosa, … enfim, tantos, do João Faustino, da Júlia Cunha, do José Moreira e tantos outros. Tantos outros. Só na Vieira.

Naquela altura em que o ‘jogo’ sempre esteve viciado, porque os boletins eram diferentes, como que ‘marcados’, sendo que toda a gente que estivesse nas mesas sabia na altura de descarregar o voto, quem tinha votado em quem. Apenas pela dobra dos boletins. Havia sempre alguém que se encontrava a escrever uma listinha de nomes e passados uns dias, eram despedidos da empresa dezenas de trabalhadores.

Depois de tantos anos e apesar de tudo, o Partido Socialista merece gente corajosa. Todas as ‘pitrolinas’ desta vida, e afins, para não dizer mais nada sobre mais ninguém, sempre estiveram a mais no meu Partido.

Só que nesta altura, é o que temos.

Longa vida ao Partido Socialista, que um dia terá de se regenerar e de se livrar de todos estes abutres de circunstância. Pode demorar alguns anos, mas esse dia chegará com toda a certeza.

Só quem não faz a mínima ideia e não consegue entender de forma alguma, esta frase de Edgar Morin: “o tempo, esse enorme escultor”, não estará nunca, em nenhuma fase da sua vida, totalmente inserido no seu tempo. Ou vivem apenas do passado, porque sentem os seus egos afagados com essa atitude ou, simplesmente, não conseguem, como nunca conseguirão entender os sinais dos tempos que correm e que se vão desenhando no horizonte!


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