"Há mulheres que trazem o mar nos olhos" - Sophia

 

Houve uma mulher um dia que me chamou ‘península’.

Apenas porque no meu processo de crescimento, sempre estive rodeado de mulheres por todos lados, menos por um.

Quando se cresce rodeado de tantas mulheres, existirão sempre dois caminhos numa encruzilhada qualquer do teu percurso:

ou trarás sempre um excesso de ternura e de amor contigo,

que, de uma forma ou de outra, implica sofrer muito pela vida fora.

Mesmo muito.

Ou então, ficas com um sentido prático da vida.

Entendes todos os jogos de bastidores que a vida te vai apresentando.

Entendes ainda, o significado de todas as subtilezas e trocas de olhares discretos mas reveladores.

Coisas femininas.

Esqueces sempre qualquer dessas opções, quando te confrontas com o olhar de uma mulher por quem estás irremediavelmente apaixonado.

Ficas sem qualquer segurança quando entras profundamente dentro dos seus olhos, aparentemente, sem qualquer horizonte visível, sem fim à vista... o infinito absoluto.

E, é exactamente aí, que inicias um ‘caminho sem volta’,

onde, como é óbvio, só tu irás perder, porque tanto a ternura em excesso, como a paixão sem limites, são sempre 'cobradas' pela vida (essa coisa estranha) com uma taxa de IVA totalmente incomportável para ti.

Deixei de pagar, há algum tempo, não muito, esse tipo de facturas. E não penso, de forma alguma, confrontar-me com documentos desses novamente. Simplesmente dispenso-os em absoluto.

Que se fica incompleto, talvez seja verdade... sinceramente não sei.

Mas, apesar de tudo, é preferível assim.

Com os anos, continuei a ser uma 'península',

desta vez, rodeado de homens por todos os lados,

menos por um.

A vida e o tempo, são no mínimo, plenos de sentido de humor. Para não dizer outra coisa bem desagradável, claro está.