BMW Grand Coupé.
Muitos anos após ter tido conhecimento de mais uma loucura do
meu avô António, já não havia, rigorosamente nada a fazer!
Foi, salvo erro, uma das minhas tias, que a propósito de
coisa nenhuma, me disse, que na loja do meu avô, existiu uma enorme “novidade”
naqueles tempos (coisa que agora seria chamada de estratégia agressiva de
marketing). Um simples e pequeno cartaz que trazia escrito estes dizeres, (como
se dizia naquele tempo): “os nossos amigos não pedem desconto”.
E pronto, aí estava o meu Avô António com toda a sua “modernidade”
ou agora, vulgarmente chamada, ‘parvoíce’.
Desde que me conheço como consumidor, nunca fui capaz de
pedir descontos.
É pá, nunca fui. Talvez porque, sempre pensei que o preço
marcado é o justo, sei lá? Talvez porque tenha tido sempre (inconscientemente)
pena do meu Avô que, coitado, não deve ter convencido ninguém com aquele grito:
“não me aborreçam muito, porque nem estou a ganhar tanto como isso”, e, de uma
forma pouco disfarçada, estava escrito no cartaz que colocava na sua montra.
Passados 22 anos e 600.000 Km, entrei novamente num stand de
automóveis. Logo eu, que nunca fui grande maluco por carros e assim.
Mas, … 22 anos, são vinte e dois anos!
Sem pressas, sem nada.
E, claro, sem ter de dar o meu menino à troca. Isso nunca!
O meu lindo Golf de 2001, com 130 cv, … nunca!
Lá vai ficar o J. todo contente por passar a ter uma “antiguidade”
cheia de ferrugem, mas com um motor, … do caraças!
Quando tinha a idade dele, um Mercedes Benz (qualquer que ele
fosse), era considerado em minha casa (que é o mesmo que dizer, pelo meu pai),
um carro de “patos bravos”.
“Só” por isso, e como “nunca” fui influenciado pelo meu
velhote, sempre detestei aquela marca.
Depois, apareceu o Cavaco e todos os seus BMW’s
ministeriáveis.
Outra marca de automóveis a deplorar.
Depois comprei o meu menino lindo e, com tantos cavalos e
tantas, mas tantas multas de excesso de velocidade.
Incontáveis momentos de absoluta felicidade que aquele carro
me proporcionou!
Até essas multas foram felizes, porque significavam que o
motorzinho daquele gajo era do melhor!
Passaram 22 anos!
Nunca serei capaz de vender o meu Golfezinho!
Nunca.
Vou ter de o “emprestar”.
Ainda por cima ao mais novo dos três.
O nº Um tá servido! Sempre despachado!
O nº Dois é tão mandrião que me parece nunca irá tirar a
carta.
Prefere que o conduzam. Coisa esperta!
Já o nº Três… coitadinho, ainda antes de fazer 18 anos, já
falava na importância e urgência de se inscrever numa escola de condução. Até
esteve a trabalhar para pagar aquilo tudo no verão passado.
Como nenhum dos meus filhos perde tempo a ler o que eu
escrevo por estas bandas, estou à vontade para dizer: lá vai o João ficar com o
meu Golf.
Sim, porque hoje, esqueci-me do Cavaco e dos Cavaquistas e
olhei para um BM como quem olha (perdoa-me HI) para uma gaja perdidinha de boa.
E lá fiquei eu a olhar.
Quietinho e a medo.
Perguntei o preço.
Trouxe-o para casa.
Carro lindo!
Coisa tão linda!
BMW, Grand Coupé.
Qual Cavaco, mas qual Cavaco, qual … c….ho!
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