Eleições Jardim Infantil.
Quando o Jardim Infantil da Vieira foi fundado com três ou
quatro casitas pré-fabricadas, no espaço onde hoje se encontra o estacionamento
do supermercado Spar, fui lá ‘posto’ com 3 anos.
Ía a chorar pelo caminho. Só o meu pai me conseguiu levar
pela mão. Lá chegado e a enxugar as lágrimas, estava à minha espera um puto
calado e sossegado. Como quem diz: “convence-te que tens de vir”. Deu-me a
mão e levou-me para uma sala cheia de meninos. Escolheu uma mesinha
pequenina com duas cadeiras, sentou-me numa delas e desapareceu, não sem antes
ter posto o dedo indicador no nariz, como quem diz “caluda, que eu já venho”.
Apareceu com uma caixa de caricas de diversas garrafas de
cerveja que eram oferecidas pelo café do pai dele como “brinquedos” para os miúdos.
E, lá ficamos numa brincadeira muito difícil e assaz inteligente de atirar
aquilo tudo à bruta para cima da mesa e depois virar tudo muito bem viradinho com as
caricas voltadas para cima.
Nesse tempo não havia o perigo das arestas angulosas que
poderiam ‘ferir’ os meninos. Como, bem vistas as coisas, não havia quase nada
destas ‘mariquices’ de hoje em dia que ajudam a limitar os miúdos a brincar,
condicionando-os com as normas de segurança e outras merdices várias destes
infelizes tempos em que vivemos.
O meu pai tinha ajudado a fundar aquela Instituição, com
dezenas de outros vieirenses.
Costumo dizer que sempre tive azar com as obras em todas as
escolas por onde passei, porque no ano em que saía, eram inauguradas novas
instalações. O Jardim foi a primeira e assim foi até sair da faculdade. No ano
em que me ia embora eram inauguradas novas instalações. Foi sempre assim.
No Jardim foi a mudança para a casa onde ainda hoje funciona.
Muitos anos passaram desde aquela manhã em que o Rui Alberto
esperou por mim para irmos os dois brincar com caricas de cerveja.
A Vieira era outra. Talvez melhor. Talvez melhor sim, porque
toda a gente sabia quem era toda a gente e, nestas coisas do associativismo,
quem estava presente e ativo em direções, simplesmente desejava o melhor para
cada associação para onde queria ir e desejava estar.
Muitos presidentes de direção houve na agora IPSS Jardim dos
Pequeninos. Arrisco-me a dizer que os conheci a todos. Contudo, nenhum houve
que tanta e tão profunda transformação tenha inculcado no Jardim como o saudoso
Júlio Gouveia.
Uma tarde houve em que o Júlio me convidou para me mostrar as
obras decorridas e todos os projetos que tinha como necessários e urgentes.
Tive algumas divergências profundas com o meu querido Júlio Gouveia.
E todas resolvemos em vida dele.
Todas.
Éramos Amigos.
Tivemos muitas cumplicidades, sobretudo na Biblioteca de
Instrução Popular que ambos amávamos acima de qualquer outra coisa.
Na quinta-feira dia 19, haverá eleições no Jardim. Desta vez
e com um orçamento de quase um milhão de euros aparecem 2 listas.
Eu, nestas e noutras coisas, detesto todos os politicamente
corretos desta vida, por isso sobra-me a pergunta:
Que gente é esta que aparece agora? E só agora porquê?
Sem fazer quaisquer juízos de valor, pergunto apenas, onde
estavam todos, quando, por exemplo o Infantário da Vieira não era como não foi
durante anos e anos uma Instituição de referência?
Só faço esta pergunta porque tirando o atual presidente da
Direção dos Bombeiros Voluntários da Vieira, prof. José Rodrigues, que pelos
vistos deseja acumular as mesmas funções no Jardim dos Pequeninos, quem são e o que fizeram em termos associativos
todos os outros candidatos a futuros membros da direção?
É que eu, nestas como noutras coisas, gosto sempre de saber
em quem votar e porquê.
Fica a pergunta.
Estranha pergunta a minha, não será?
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