Militantes da Esperança.

 


Tenho estado a precisar de uma noite assim.

Nestes preocupantes e conturbados tempos que todos vivemos, vivi ontem o privilégio de assistir a uma soberba conferência que salientou a importância de “militar a esperança”.

Não interessa absolutamente nada qual o contexto em que tal palestra foi escrita e lida com sublime elevação, acutilância e fina inteligência.

Regressei a casa com um misto de diversas sensações, quase todas inquietantes.

Existem pessoas sensíveis, cultas e inteligentes que ainda consideram a esperança como uma via possível.

Faz-me extraordinariamente bem conviver com gente assim. Que simplesmente se recusa a deixar de acreditar no humanismo, na fraternidade entre os homens e na absoluta liberdade de se ter opinião própria sobre o que seja. 

A par a todas estas ‘elementares’ referências aparece sempre, com esta gente, a permanente referência e obrigação para a sociedade de tornar igual o que nasceu diferente, proporcionando uma educação e formação exemplar e acessível a todos, tenham nascido ‘assim’ ou tenham nascido ‘assado’.

Grande palestra.

Excelente jantar. Entre pessoas simples e sem qualquer agenda ou ambição.

Costumo dizer que o poder só deve ser exercido por quem o despreza. Tive ontem um testemunho interessante de um amigo de Viseu que me disse, “os mais eficazes e por definição os mais perigosos para todos os sistemas estabelecidos, são os que nada querem, nada desejam, porque apenas se centram no cumprimento dos seus valores fundamentais, em todas as lutas a que se propõem fazer”.

Quando desesperamos, face a tudo o que vamos observando, partilhar o tempo, o espaço e o modo com livres pensadores deste calibre, faz-nos bem.

Sempre regressamos a casa, mais leves de todo o enorme fardo que este infeliz e tormentoso tempo que vivemos nos carrega e tenta deitar abaixo.

Há uma luz, por mais ténue que seja no horizonte daqueles que nela acreditam. Ou desejam, acima de tudo, acreditar.


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