Assassinatos de Carácter!

 


Vivemos um tempo estranho. Estranho em muita coisa.

Mais cobarde, mais acrítico, mais cínico. Sim, mais cínico, sem qualquer dúvida.

De entre muitas expressões agora em uso abundante, a frase “assassinato de carácter” está omnipresente, de cada vez que se manifesta uma opinião, mais veemente ou mais acutilante. Não importa a verdade ou a mentira da opinião propriamente dita ou até, pasme-se, de factos comprovadamente verdadeiros. O que importa realmente é ir mantendo o ‘estado de coisas’ dentro das ridículas circunstâncias de ‘não criticar’, para não ofender.

Detesto essa “estranha forma de vida”.

Este blogzeco tem dois anos. Por vezes afasto-me dele e passado algum tempo a ele regresso, ou por isto ou por aquilo. Mas o que importa é que sempre fui regressando.

Dois anos e mais de 100.000 leituras, por vezes assustam-me um pouco. Chego a gente demais. E, isso assusta.

Deixa de estar no nosso controle. É uma espécie da história onde a cria devora o criador.

Há momentos na vida em que cumpre dizer a verdade. Normalmente porque o conhecimento dessa ou dessas mesmas verdades não são, como deveriam, do conhecimento público, acerca de figuras, figurinhas e figurões com vida pública, sujeitos por isso a todos os escrutínios.

O engraçado é que nunca ouvi dizer de ninguém que alguma vez por aqui deixei escrito UMA mentira que fosse. Simplesmente porque tudo, mas tudo o que partilhei é verdade.

É interessante verificar alguns estados de alma dos medrosos e puritanos da vida artística.

Mas, voltemos à frase tão em voga dos “assassinatos de carácter”. Pois bem, não se assassina o que não existe. É simples. Ninguém mata o que ou já está morto ou nunca esteve vivo.

Como é que se pode fazer um assassinato de carácter de alguém, se essa pessoa não tem qualquer vestígio de alguma vez o ter tido?

Não ando à procura de nada, simplesmente porque tenho tudo o que mais importa. Gozo de plena liberdade, porque sou um homem absolutamente livre. De patrões, de compromissos, de ambições políticas ou outras, que por vezes condicionam muito boa gente, neste país ou neste concelho, onde a critica e a mentira é anónima ou publicada sob a forma de quem vende a opinião em troco de alguma coisa.

O nosso concelho é um caso de ambivalência pura e dura. Com uma pujança económica, tecnológica e com elevadíssimos índices de exportação, por outro lado evidencia uma mediocridade de taberna. De calhandrice, de promoção dos piores na vida publica. A Marinha Grande dava para se escrever uma telenovela mexicana, com riquíssimas personagens. Talvez escritores como Jorge Amado, Gabriel Garcia Marques ou o nosso grande Eça, entre muitos outros, poderiam construir autênticas obras primas com uma panóplia de personagens cómicos e ridículos que na sua maioria estão colocados na vida pública. Se há exceções? Claro que há. Mas que existe uma contradição de fundo na Marinha existe. Um dos concelhos mais modernos do país, com políticos passivos, medíocres, retrogradas e cínicos. Na sua maioria evidentemente. Não na sua totalidade.

A coragem de escrever a verdade, ainda consegue chocar. O que é lamentável, até porque a verdade nunca ofende, simplesmente porque se limita a ser a verdade. Apenas isso. Nada mais!

Outra coisa, para que fique bem claro, o PS da Marinha Grande não é um saco de gatos. O PS da Marinha Grande tem algumas, pouquíssimas figuras entre o cómico, o medíocre e o ridículo. Se 5 pessoas são suficientes para fazer um saco de gatos entre mais de 300. Se isso é verdade, como se diz na Vieira, “vou ali e já venho.”

Portugal

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
surdo e miudinho,
moinho a braços com um vento
testarudo, mas embolado e, afinal, amigo,
se fosses só o sal, o sol, o sul,
o ladino pardal,
o manso boi coloquial,

…/…

Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós . . .

Alexandre O´Neill

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