Os Bufos.

 


É sempre em tempos de dificuldades e grandes incertezas que não devemos abdicar de dar as nossas opiniões, quando de causas, compromissos, ideais e da mais elementar justiça se tratam.

Há anos demais que ouço frequentemente Amigos meus de sempre: “porque te meteste nisso?” ou ainda: “não ganhas rigorosamente nada com essas atitudes”.

Ambos os argumentos são verdadeiros e válidos. Acontece, que eu não seria eu se calado ficasse. Caso, no conforto dos prudentes, mudo e quedo me deixasse estar.

Nunca fui assim.

E, o tempo vai passando por mim, como, de resto, por todos e cada um de nós, só que comigo, a passagem do tempo não tem conseguido de forma alguma libertar-me do que sempre pensei e senti como obrigação mínima de qualquer homem de bem perante a sociedade em que vive.

Em determinadas circunstâncias, lá tenho de me confrontar com a revolta imensa que sempre, desde criança me invade, sempre e quando, alguém, de certa forma está a ser injustiçado, sacrificado em prol de terceiros ou mesmo, quando de simplórios, mas injustos e ridículos interesses se tratam.

Este executivo camarário, não me merece sequer um adjetivo.

Poupo toda a gente a todas as dezenas e dezenas de exemplos mais que acabados sobre a qualidade da sua (in)capacidade de governação.

No dia seguinte, segunda-feira, conhecidos os resultados eleitorais, fiz, sem ninguém me pedir, dois telefonemas. Penso que quase ninguém sabe disto. Nessa altura estava a dar o benefício da dúvida aos vencedores e propus ao Senhor Eng. Aurélio Ferreira que conversasse com o Partido Socialista e que soubesse aproveitar a excelente mais valia do Tenente Coronel António Fragoso. E, dessa forma, lhe conferisse pelouros importantes e difíceis, como o urbanismo ou as obras particulares (o mais maltratado pelouro do município. Porque tinha a certeza das capacidades desse vereador para fazer um notável e inesquecível trabalho). Após esse telefonema que nunca tornei público, dei por mim a conversar com o Vereador Fragoso e disse-lhe uma coisa e pedi-lhe outra. “O Presidente vai contactar o PS e depois vai confiar-te pelouros. Estarás lá entre muitas outras coisas para defender o interesse público e para defender a terra que te elegeu!”

Nunca deveria estar a contar estes pequenos detalhes até porque de importância nada têm, como se viu e está a ver.

É depois disto, que um acérrimo defensor dos interesses dos munícipes, Senhor Armando Constâncio vai elaborando um memorando de entendimento com a força eleita, a convite da atual presidente da CPC do PSMG, que agora mal trata em mails, no mínimo, e para usar um eufemismo, indecorosos e sem qualquer respeito pelas regras da mais elementar educação, respeito pela democracia e regulamentos internos do partido, onde resolve reaparecer após 20 anos de traições sucessivas em que o seu narcisismo de “melhor autarca de todos os tempos” é e foi utilizado à saciedade. Vindo do Partido Comunista, cai no seio do PS que o reelegeu 3 vezes seguidas. Abandona o partido e passa a ser um dos seus maiores críticos, integra a lista desse farsante do Eng dos Cemitérios, Sr. Carlos Logrado abandonando-o após a derrota clamorosa que tiveram e logo começa a dizer mal dos mandatos do Presidente Álvaro Pereira, onde tem o arrojo de colocar em causa a sua substituição pelo Paulo Vicente, quando toda a gente no Concelho conhece as tristes circunstâncias que prevaleceram a essa substituição. Depois critica durante todo o mandato, o executivo da Cidália para nas vésperas eleitorais elevar esses tristes 4 anos aos quase, a seguir aos dele próprio, os melhores de sempre.

Nessa altura do memorando de entendimento entre o Partido Socialista e o +MpM, entra o Eng Curto Ribeiro, maior derrotado nas passadas eleições a par da candidata Cidália Ferreira. Estraçalha o memorando, faz um acordo de bastidores com os vencedores e converte-se sem qualquer honra nem glória em Presidente da Assembleia Municipal da Marinha Grande. Uma vergonha sem tamanho. Pelo menos para quem a tem (vergonha), o que não foi nem é o caso, como se sabe.

Os vereadores assinam esse triste memorando sozinhos! Como se, sozinhos representassem o partido que os elegeu.

Nesta altura aqueles que sempre se manifestam na sombra quando os ventos não estão de feição, lá vão convencendo que ninguém apareça nas reuniões da CPC, que até às eleições internas nunca mais conseguiu reunir quórum. Chegou ao ponto que até a legitimidade estatutária da presidente interina da CPC do PS foi constantemente posta em causa. Pelos que se mexem sempre atrás dos arbustos e alguns imbecis que aparecem como seus porta vozes.

Passaram-se alguns meses desde as eleições autárquicas, até que o PS vai a votos para escolher os seus órgãos internos.

Votaram nessas eleições 80% dos militantes com capacidade de voto. Daqui saiu um resultado eleitoral para a constituição do órgão deliberativo do partido, a Comissão Política Concelhia, onde a lista A obteve 60% dos votos e a lista B ficou-se pelos restantes 40%.

Numa cerimónia publica, a primeira reunião da CPC recém-eleita, no auditório da Resinagem, revestida de bastante dignidade e cumplicidade entre todos os membros eleitos pelas duas listas, procedeu-se à tomada de posse.

Na segunda reunião da CPC para eleger o novo Secretariado (órgão executivo do partido), foi eleito com 80% dos votos da recém-constituída CPC.

O PS recomeça a funcionar estritamente dentro dos regulamentos internos e estatutos do partido, com folhas de presença assinadas, atas elaboradas, lidas e colocadas à votação e com uma ‘cadência’ de reuniões nunca antes vista.

Não me irei deter um segundo que seja com as posturas de certos (agora) indefectíveis dos vereadores, quando há dois meses de tudo os apelidaram, até de vendidos, tal qual Judas. Mas, como diz o povo “atrás de tempo, tempo vem” e o que ontem era verdade para essas mesmas pessoas sem quaisquer escrúpulos, agora é a mais profunda mentira, como se Judas se tivesse transformado no próprio Jesus Cristo.

Não sei, com toda a sinceridade, se este meu texto beneficia ou prejudica o partido onde milito há muitos anos. Mas também quando o PS apresenta este tipo de gente como seus representantes, resta-me a todos dizer, que não. É mentira. Esta gente não representa ninguém a não ser a si próprios, a todos os seus complexos e à recolha de muitos ódios apenas próprios de gente que nunca soube perder, porque nunca foram verdadeiramente democratas.

Aos vereadorzinhos do Partido Socialista, quanto a mim, só lhes restam duas coisas, após conhecidas todas as suas traições ao partido que os elegeu: ou entregam as tarefas (não pelouros) que lhes foram delegados pelo presidente Aurélio ou, continuam discretamente a receberem o seu vencimento, como se tivessem sido eleitos nas listas do +MpM. Deixam é de representar o partido político que os elegeu, continuando, no entanto, a receber todas as prebendas que o lugar que ocupam lhes permite auferir.

Neste último caso, só me restaria lamentar, mas também nesta altura da minha vida e deste infeliz mandato, já pouco me surpreende. É por isso que nada lamento.

Nunca fiz tropa, e talvez por isso me custe a crer que um Tenente Coronel não saiba respeitar as decisões da sua hierarquia. Ainda por cima, quando se sabe que toda a sua carreira militar não apresenta sequer uma nódoa semelhante, neste domínio.

Como diria o grande Camões: “mudam-se os tempos, … mudam-se as vontades. Muda-se o ser, muda-se a confiança.”

Só pode ser isto.

Ou então, alguma coisa ainda pior que isto.

Naturalmente.

É por tudo isto que apresentei hoje a minha demissão de membro da CPC do PS da Marinha Grande.

Tenho, felizmente, muito mais que fazer com a minha vida. E, além disso, a altura de dar um murro na mesa, há muito que passou. Daqui para a frente tudo será extemporâneo e pouco consequente, porque caso o orçamento passe na Assembleia Municipal, o Partido Socialista fica neste mandato, simplesmente ingovernável.

Todos o sabem, mas preferem andar a visitar os Bombeiros e a brincar aos comunicados sobre ilegalidades cuja proposta até foi retirada da agenda, porque alguém “bufou” a estratégia do PS ao presidente da autarquia!

Depois da reunião do Secretariado do PSMG de sábado que durou mais de três horas e sabidos os pareceres jurídicos que confortavam a decisão dos vereadores socialistas que até tinham uma declaração de voto contra, o presidente Aurélio, inesperadamente, retira os pontos da agenda. Simplesmente porque ela não passaria, porque as vereadoras da CDU e os vereadores do PS chumbariam aquela inominável ilegalidade, ainda por cima com custos enormes para as famílias marinhenses.

Coisa estranha, não vos parece?

A mim, não!

Tenho a certeza de que se tratou de outra causa, bem mais prosaica e vulgar. Como vulgares chico espertos foram e são os seus protagonistas.

Utilizando o vernáculo correto: os bufos!

Do costume.


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