Mais vale tarde que nunca.
Muitos foram os erros que cometi e fui cometendo sempre pela
vida fora. De tantos terem sido, facilmente lhes perdi a conta. Contudo, todos
esses, digamos, excessos, nunca foram capazes, por si só, para me atrofiarem.
Foram os que foram, são os que são e, obviamente, continuarão a ser os que
continuarem. Nada disso me aflige, me tira o sono e, acima de tudo, me nega a paz de
espírito.
É que a vida é assim. Feita de erros e fracassos, conquistas
e decisões acertadas.
Assim será sempre para qualquer de nós. Aliás, se assim não
fosse, nem sequer lhe poderíamos chamar vida. Seria outra coisa qualquer, menos
vida, na sua essência mais pura. De imperfeições, contradições,
constrangimentos vários e muitos, muitos erros.
Com o tempo, vamos ficando, direi, bastante diferentes. Muito
mais tolerantes ao erro (dos outros), muito mais indiferentes a tantas circunstâncias
breves de alguma injustiça ou necessário esquecimento. Já no que vai
respeitando a outros e a outras circunstâncias, vamos ficando totalmente
revoltados e cada vez mais intolerantes.
Costuma dizer-se: “é da vida!”.
Nesta altura em que fui ultrapassando, um a um, todos os
obstáculos que a própria vida me fez o favor de colocar à frente, depois de me
ter feito passar pela sensação de tudo ter perdido. Por culpa minha, isso é
certo. Mas o que também é certo é que de um momento para o outro fui perdendo
quase tudo. Menos, talvez, a dignidade.
De resto, tudo foi … embora.
Nesta altura e passados quase 13 anos, parece que tudo voltou
e, como vem numa passagem qualquer da Bíblia, "tudo voltou em abundância", fico a pensar, com quem pude
contar, quem me abandonou e desprezou nesse moroso processo. Que erros, e meu
Deus, tantos foram, os que cometi. É que por esta altura, muito poucas são as
coisas e ainda menos as pessoas que valem ou vão valendo a pena.
Ainda por cima, tenho, felizmente, imensas coisas com que devo
ocupar a minha atenção, o meu absoluto amor e a minha forma de demonstrar a
plenitude de me sentir apaixonado.
Ficou, ficaram tão poucos, que noutras alturas sentiria serem
poucos demais, quase insuficientes, porque de detalhes se tratariam sempre,
quando teria de sentir ter mil amigos permanentemente à minha volta.
Não restam dúvidas, se dúvidas houvessem que seremos sempre demais para atingirmos a felicidade plena.
Ainda há bem pouco sentia que tinha o dever e a obrigação de
voltar a entrar em todos os lugares onde fui feliz. E, foram alguns.
Até consegui regressar a quase todos. Bem vistas as coisas, consegui reentrar em todos os lugares onde um dia fui feliz.
Agora, fico-me pela família, pela que
escolhi e por muito pouco mais que isso.
E, agora sim, estou em paz comigo, com o mar, com o céu, com
o meu rio, a minha terra, com todos os meus e, essencialmente comigo.
Tudo o resto e todos os outros nunca passaram de distrações e
tremendos erros que teimei durante tempo demais em acreditar como se de
importantes se tratassem.
E, sim, deixo o cliché: “nunca regresses a um lugar onde
foste tremendamente feliz”.
Só numa de duas circunstâncias: ou se fores bastante estúpido ou
completamente ingénuo.
Não sejas nem uma coisa nem outra.
Porque, a cada tempo, o seu tempo. E, o tempo ele nunca se repete.
Peço desculpa a mim próprio, mas só aprendi isto agora.
Mais vale tarde que nunca.
Ficou e para sempre ficará o "esquadro e o compasso", porque com todos os outros "lugares", simplesmente, não valeram a pena, ter perdido um segundo que tivesse sido. Porque só parece que nada restou. Inevitáveis "lembranças", nada mais que isso.
Talvez nem no seu tempo próprio tenha valido o que quer que fosse, porque ainda há muita gente que não respeita o passado e, em alguns casos, até o presente e o futuro, das instituições que se julgam representar, sabem respeitar!
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