verdades inconvenientes.

 

Em breve assistiremos a todo um processo de eleições internas no Partido Socialista para a constituição das Comissões Políticas Concelhias, respectivos Secretariados, bem como para a composição de todas as Secções.

Uma vez tentei descrever o PS como um partido político moderado com ideias de esquerda. A esquerda democrática, com preocupações sociais, a esquerda moderna e ousada.

É isto que somos.

E, é sempre isto que seremos.

O Partido Socialista foi fundado antes do 25 de Abril por um pequeno número de pessoas, tendo como máximo denominador comum a liberdade em todas (e são muitas) as suas manifestações, a democracia e o antifascismo, puro e duro.

Os seus fundadores e primeiros militantes foram antifascistas, democratas, maçons, membros da igreja católica, operários, sindicalistas, empresários, pescadores, agricultores, artistas plásticos, actores, jornalistas, artesãos, gestores, poetas, desertores da guerra colonial, etc.

Foi essa a nossa família. É ainda essa a nossa família política. Multifacetada, livre e antielitista atendendo a que alberga dentro de si toda a composição de qualquer sociedade moderna.

Nos últimos quatro anos, no Concelho a Marinha, estivemos à frente dos destinos camarários. Nem sempre da melhor maneira. Diga-se.

Nesse quadriénio, contavam-se pelos dedos de uma mão apenas, todos os socialistas que ousaram discordar do establishment publicamente de forma totalmente livre, espontânea e desassombrada.

Após as eleições locais, assistimos a um verdadeiro terramoto. As eleições foram ganhas pela junção de dois movimentos independentes. De uma forma bem expressiva.

Pois bem, não considero que o +MpM tenha ganho o que quer que fosse. O que aconteceu na realidade foi o Partido Socialista, a Presidente de Câmara e o seu Chefe de Gabinete terem perdido clamorosamente. Como lógica decorrência das formas e dos métodos utilizados (dentro e fora do partido). O resultado das últimas eleições autárquicas mais não foi que a clamorosa derrota do Partido Socialista, tendo como primeiros e principais responsáveis as figuras que mencionei.

A nossa vida, entre muitas outras coisas é composta de vitórias e derrotas. Há quem não saiba aceitar derrotas. São os que apontam o dedo a terceiros como responsáveis de todos os erros cometidos por eles próprios.

A Marinha Grande teve quase sempre grandes líderes. Que umas vezes ganharam e outras vezes perderam. Em ambas as circunstâncias souberam dignificar o partido que representaram, os seus valores e compromissos.

Neste caso e após conhecidos os resultados finais, ocorreram quatro coisas estranhas de tão inovadoras na vida política do nosso Concelho.

A primeira, e talvez a mais inesperada e chocante, foi o facto da candidata a presidente de Câmara pelo PS não ter sequer aparecido na cerimónia de tomada de posse do novo presidente, democraticamente eleito;

A segunda e igualmente inédita situação, foi o facto de ter recusado ocupar o lugar que os cerca de 3.800 votos lhe conferiram. Ser vereadora no executivo municipal;

A Terceira foi a demissão do Partido Socialista de um estranho homem, que comandou os destinos deste partido 4 anos, sendo em simultâneo Chefe de Gabinete da presidente.

Saiu aos gritos, atirando culpas para cima de toda a gente. Depois de ter lido o que li acerca da sua demissão, pensei por segundos: cretino foste enquanto militante, cretino és na saída do partido.

Houve ainda um episódio bastante curioso com a eleição do primus inter pares da Assembleia Municipal. Consequência de um ‘acordo’ dúbio, posições completamente antidemocratas, nunca antes vistas e vividas no seio do meu partido de sempre.

Aqui chegados, registei com muita satisfação o acordo pós eleitoral estabelecido entre os vereadores eleitos pelo PS com os vencedores do +MpM. Não concordei com a forma algo trapalhona da distribuição não de pelouros, mas de tarefas aos membros do meu partido. Se repararem eles respondem perante os 3 elementos provenientes do movimento de cidadãos independentes, que indiscutivelmente ganharam as eleições.

Este acordo demonstra à saciedade que “nós, somos diferentes”.

Na votação do próximo orçamento para o ano corrente, poderão constactar isso mesmo. Nós, Socialistas, somos diferentes!

Apesar dos ratos, cobardes e hipócritas que pululam sempre em qualquer partido, estarem a fazer um enorme esforço para que os órgãos internos do PS não funcionem.

As reuniões de todas as comissões políticas não têm comissários presentes, para desta forma não ser possível tomar opções, legais e vinculativas, simplesmente porque não há quórum.

Há um Maestro nesta estratégia. O fazedor de telefonemas a pedir que ninguém compareça.

Existem ainda os ratos. Todos os que fugiram, demitiram-se das suas funções nos órgãos internos e apagaram qualquer vestígio do seu apoio á cabeça de lista para a Câmara das suas redes sociais.

O PS é um partido antigo. Com princípios, com história, com memória dessa mesma história e, tenho a certeza, erguer-se-á com facilidade num futuro cada vez mais próximo.

Fica a pergunta, quem de entre todos nós reúne mais condições (neste momento) para tomar as rédeas do partido?

Começo, sinceramente, a cansar-me de ser o porta voz das opiniões dos outros. Já dei, muitos anos para esse peditório.

Bem sei que há verdades que doem. Bem sei que é muito difícil em ambientes hostis corroborar essas mesmas verdades que depois de enunciadas, muitos optam pelo silêncio conveniente e descomprometido.

Já foram tantas as vezes em que isso me aconteceu, que sinceramente já não me importa absolutamente.

Uma destas noites disse o que a maioria dos presentes pensa e comenta fora de portas.

Fi-lo no local certo, da forma certa, com elevação e frontalidade.

Caiu-me o Carmo e a Trindade em cima. E, mais uma vez não tive rigorosamente ninguém que suportasse a minha conclusão.

Nunca apreciei virgens ofendias, hipócritas e muito menos dos que rasgam as suas vestes, apenas porque convém que se faça esse pequeno teatro em frente de toda a gente.

Hoje, como sempre, não desejo qualquer cargo na hierarquia do meu partido. Limito-me a desejar continuar a ser quem sou. Um homem livre, socialista, católico, maçon e, naturalmente, de bons costumes.

Como nota final deste já longo desabafo, caso a Drª Fátima Malesso Cardoso, actual presidente da Comissão Política do PS da Marinha Grande se candidate, terá obvia e entusiasticamente o meu voto.

No contexto actual, é a que se encontra melhor preparada para fazer uma lista que apanhe todos os cacos que o Nélson e a Cidália deixaram espalhados e partidos pelo chão.


Comentários

  1. Embora não possa votar, concordo com o teu último parágrafo.

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