Armando Teodósio.
Fui comunista, apenas quando vivi aquela idade dos sonhos impossíveis.
Fui militante do Partido Comunista Português, quando poderia ter sido preso.
Apenas por isso!
De poder pensar e sentir uma sociedade socialista
Em que todos fossem iguais,
Porque iguais todos nascemos.
E como iguais todos nós morremos um dia.
Como se fosse possível ser de outra forma?
Naquele tempo.
Simplesmente não era possível ser de outra forma!
Tanta gente
Por apenas medo da prisão,
Nada foi.
Bem vistas as coisas,
Porque nada eram.
Com a invasão de Praga, rasguei o cartão.
Continuei a ler o ‘República’.
Continuei a tentar sempre ser ‘o meu Pai’
O velho António Teodósio.
Tentei passar ao meu filho todas estas coisas.
Até tenho confiança de ter conseguido.
É desprendido.
E muito perigoso
Para ele próprio.
Tenho alguma esperança que sofra pouco.
Pelo menos,
Não tanto como eu e o avô dele.
O Manel nasceu.
O António também. Sagrado nome aquele.
Caso apareça outro,
Gostava mesmo que todos fossem tão ‘burros’ como eu, o meu pai
e o pai deles.
Significaria apenas que pensariam os homens, a vida, a liberdade como um todo indissociável.
E, claro,
Desejo
Que nunca,
Toda aquela gente tenha medo de nada, de ninguém nem de coisa alguma.
Menos que isso, nada valerá a pena.
Os meus netos nunca serão assim.
Cobardes.
Assim o desejo.
Aliás, é mesmo a única coisa que sonho para eles.
Até porque a vida, só vale mesmo isso!
Nem mais
Nem menos
Que isso.
coragem e outros apelidam 'estupidez'.
Sempre preferi, chamar-lhe coragem!
Talvez esteja certo.
Até porque,
A coragem
É sempre a certeza
De se estar certo!
Obrigado, Rui por partilhares este belo texto revelador da essência de um homem que amámos. Tenhamos a coragem de perpetuar, com as nossas limitações, o seu ideal.
ResponderEliminarO teu primo.
João Paulo Pedrosa