Feira de Vaidades.
Uma vez convidaram-me para aderir ao Clube dos Rotários da Marinha Grande, que tem, como todos os Rotários em todo o mundo, uma divisa bastante interessante: “Dar de si, antes de pensar em si”.
Na altura, eu era o primeiro membro do Clube da Vieira.
Confesso que senti alguma vaidade nisso. E, aceitei com toda a naturalidade
deste mundo o amável convite que me tinha sido dirigido.
Cedo percebi que aquele grupo de ‘ilustres’ mais não era que
uma imensa feira de diversas vaidades, repletas de enormes egos e de diversas
frustrações pessoais e sociais.
Era o jantar do mês, onde as senhoras mostravam os seus novos
vestidos de noite e os senhores falavam dos seus negócios ou sucessos vários.
Havia também uma cerimónia de entrega do prémio anual atribuído pelo Clube ao ‘Profissional do ano’, onde o galardoado enchia a sala de jantar, com muitos ilustres que tinham feito parte do seu percurso profissional. E, finalmente, existia pelo tempo do Natal, a distribuição de muitos cabazes pelas famílias mais carenciadas do Concelho. Até aqui nada contra apesar de todo o elitismo evidenciado quer em termos de forma quer de conteúdo.
Passado um ou dois meses, comecei a faltar a tudo (reuniões
semanais, jantares mensais, distribuição de cabazes e cadeiras de rodas e ainda
o jantar anual do ‘profissional do ano’).
Desta forma, vim a saber mais tarde, o Clube teria de optar
por uma de duas alternativas: ou me deixavam sair por falta de interesse ou me
tentavam agarrar nomeando-me para um cargo a que apelidavam de Conselho
Director. Escolheram a segunda hipótese e fui nomeado ‘Tesoureiro’.
Continuei, no entanto, com a mesma postura de total
alheamento e falta de interesse em todas as actividades do Clube Rotário da
Marinha Grande.
Como todos diziam, o Movimento Rotary mais não é que um conjunto de
profissionais. Nunca me esqueci disso. Até porque, numa manhã de 2008, segundo me contaram, resolve
entrar num banco um destacado membro do clube com uma letra
comercial de 550.000 €. Levava o símbolo dos Rotários na lapela, reúne com diversas pessoas solicitando que fosse descontado aquele montante numa conta à
ordem que possuía num balcão. Essa conta estava, como se diz na banca, ‘cristalizada’
há anos com um saldo de cerca de trinta euros.
Após a reunião, chamou de parte o funcionário (membro do Rotary da MG) para dizer que também
era por isso que pertencia a um clube Rotary (para se ajudarem uns aos
outros). Em 48 horas, o dinheiro encontrava-se disponível, depois de todo o empenho totalmente entregue a essa operação e tendo estado (esse mesmo gestor de conta) sob pressão contínua de mais
de duas dezenas de telefonemas a perguntar pelo resultado da proposta em curso.
Essa operação não teria sido, em circunstância alguma,
aprovada sem todo o empenho que foi imprimido a essa proposta.
Nem um obrigado. Afinal, tudo o que tinha sido feito, mais não era que uma obrigação.
Mas, meses mais tarde, lá estava o Engº Aurélio na capa do JMG a entregar
cabazes na época natalícia.
Tudo aquilo me revolveu o estômago e demiti-me num e-mail
que o então Presidente achou por bem tornar publico. Enfim. Há sempre umas
pessoas que não tendo 'nervo' para dizer ou escrever coisas que pensam, preferem utilizar os escritos dos outros. Só que não têm um pingo de coragem para as dizer ou escrever com a sua assinatura! O mundo sempre foi assim.
Quando vejo um movimento de independentes sem qualquer
ideologia a não ser a estafada máxima de que “uma Câmara deve ser gerida como
se de uma empresa se tratasse” e transformar 90% de uma reunião de Câmara com
perguntinhas sobre as horas de empréstimo dos palcos da Câmara a associações e mais as ervinhas dos carreiritos e mais uma árvore não sei onde e
ainda vota contra tudo, como por exemplo a construção do terminal rodoviário
quase integralmente pago com dinheiros comunitários, revolta-me. Até porque nunca têm a decência mínima de propor qualquer alternativa.
Um tipo destes, candidata-se pela terceira vez a presidente
de Câmara!
Tudo isto mais não é, que uma das muitas tristezas que por cá
vamos tendo. Uma pobreza intelectual, uma ausência absoluta de decência e uma 'falta de vergonha' sem tamanho.
Quanto ao resto que atrás descrevo, fez-me lembrar o Evangelho
de S. Mateus:
“Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.
Quando, pois, deres esmola, não faças tocar
trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para
serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu
galardão.
Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão
esquerda o que faz a tua direita;.”
Mateus 6:1-4
PS:
Nesta foto, com aquele sorrizinho permanente e cínico, destacam-se duas coisitas engraçadas: a 'barriguinha encolhida' e um blazer um tamanho acima, a avaliar pelo comprimento das mangas. Nestes pequeninos detalhes, sem, aparente importância, torna-se também evidente a falta de nível, de gosto e de naturalidade com que alguém se propõe representar todos os marinhenses.
Será, com todo o respeito, muito melhor a fazer pão (que aprendeu em criança) e a vender encostos de estádio (cadeirinhas de plástico sem pernas).
Mas, porque será que certa gente nos obriga a dizer o óbvio? Porque é que tanto sapateiro gosta ir além do chinelo?
Remeta-se ao seu mundo de vaidades menores e ridículas conversas esgotadas e de circunstância!
Enfim...mais um oportunista na camara Municipal da Marinha Grande. Para tanto modelito que desfila sem classe na cidade nao e de estranhar mais este.
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